IMPRIMIR VOLTAR
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
HIPERSENSIBILIDADE CAUSADA POR FUNGOS EM PACIENTES COM RESPIRAÇÃO BUCAL
Ênio Figueira Júnior 1
Fabiano Guerra Sanches 1
Margareth Maria de Carvalho Queiroz 1, 2
José Tadeu Madeira de Oliveira 1
Aluízio Antônio de Santa Helena 1
Antonio Neres Norberg 1
(1. Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Iguaçu/UNIG; 2. Departamento de Biologia, Instituto Oswaldo Cruz-IOC/FIOCRUZ)
INTRODUÇÃO:
Na respiração, o ar inspirado precisa ser filtrado, para impedir que as impurezas nele suspensas penetrem através das narinas, e por meio de aquecimento e umidade, torná-lo ideal e de boas condições para percorrer todo o trajeto até o pulmão. A respiração bucal origina-se em uma obstrução por etiologias diversas das vias aéreas superiores, desde abscessos, tumores, pólipos nasais, desvio de septo e postura incorreta, como também pelas rinites alérgicas. Na respiração bucal, o indivíduo respira com maior freqüência pela cavidade oral, em razão da cavidade nasal e estruturas orgânicas adjacentes estarem provocando alterações da função respiratória normal. O respirador bucal por definição é o indivíduo que possui desvio anormal, gerando por conseqüência a respiração mista. Marchesan (1998) relatou a correlação positiva entre alergia e respiração bucal, sendo que a respiração unicamente bucal foi considerada por Queluz & Gimenes (2000) como forma clínica rara. De acordo com Moreno et al. (1995), as alterações climáticas devido aos altos níveis de poluição do ar atingem diversas regiões do mundo e isto favorece o surgimento de diversas doenças, entre elas as associadas a microrganismos e parasitas. Este trabalho teve como objetivo observar a correlação existente entre a Respiração Bucal (RB) associada a reações alérgicas causadas por elementos fúngicos, isolados da saliva dos Respiradores Bucais.
METODOLOGIA:
De novembro de 2004 a maio de 2005 realizou-se uma pesquisa envolvendo 32 pacientes portadores de respiração bucal associada à rinite alérgica. Através de uma anamnese rigorosa, comprovou-se que todos os pacientes participantes da pesquisa eram Respiradores Bucais. O trabalho foi realizado na Odontoclínica da Universidade Iguaçu, com pacientes oriundos do município de Nova Iguaçu ou cidades adjacentes. A saliva foi colhida de acordo com a técnica de Cury e analisada pelo kit DentoBuff, obedecendo-se os critérios de Inodon (1988). As amostras foram colocadas em tubos de ensaios estéreis e mantidas sob refrigeração de 10 ± 2 oC até o processamento laboratorial. O material foi centrifugado a 2500 rpm por cinco minutos e o sedimento semeado em meios Sabouraud Dextrose agar e Micosel. Os meios foram incubados em temperatura ambiente (30 ± 5 oC) até o desenvolvimento do crescimento fúngico. Os fungos filamentosos foram submetidos a microculturas em lâmina e identificados por caracteres morfológicos, enquanto os comprovadamente leveduriformes foram identificados por provas bioquímicas pelo método BioMerieux Vitek. Estatisticamente, os dados foram analisados pelo teste de binômio (p<0,05). Para se configurar causa alérgica nos pacientes estudados, realizou-se testes cutâneos de leitura imediata ou prick test como forma de se analisar as respostas a vários antígenos inalatórios, buscando a confirmação da presença de hipersensibilidade tipo I de Gell & Coombs.
RESULTADOS:
Das 32 amostras examinadas, vinte delas (62,5%) foram positivas para elementos fúngicos nos pacientes examinados e considerados Respiradores Bucais. Os fungos isolados com mais freqüência foram Candida albicans e Penicillium spp (teste de Binômio; p>0,05), seguidos de Candida tropicalis, Mucor spp, Candida krusei, Cladosporium carrioni, Aspergillus niger. Em um dos pacientes identificou-se Aspergillus fumigatus. Foi confirmada a positividade de antígenos específicos alérgicos para fungos em seis (06) pacientes respiradores bucais. Sendo que na classe etária de 21 a 30 anos foram encontrados 04 pacientes, na classe de 11 a 20 e 31 a 40 anos foi encontrado um (01) paciente para cada faixa etária, nas classes de zero a 10 anos, na de 41 a 50 anos e na maior que 50 anos foram negativas.
CONCLUSÕES:
Os resultados demonstraram a presença de vários fungos nas amostras examinadas, os mais freqüentes foram Candida albicans e Penicillium spp, seguidos de Candida tropicalis, Mucor spp, Candida krusei, Cladosporium carrioni, Aspergillus niger e Aspergillus fumigatus, porém, apesar deste resultado, nenhuma diferença significante foi achada. Também foi confirmada a positividade de reação de hipersensibilidade em seis (06) pacientes respiradores bucais. E a maior incidência de hipersensibilidade foi na classe etária de 21 a 30 anos. Considerando que alguns pacientes comentaram que os sintomas estavam relacionados com o pó de ambientes fechados e da saliva destes pacientes foram isolados os microorganismos; concluiu-se que este fator está relacionado com o começo de uma reação de hipersensibilidade imediata em pacientes com um quadro de obstrução nasal, porém, outros fatores são necessários para desenvolver a manutenção de um quadro de respiração bucal. Entretanto, os pacientes que informaram ter alergia à umidade são normalmente sensíveis a fungos do ar ou do pó. Eles ainda informaram ter alergia à inalação de pós de cereais, como também para os insetos e os fungos que são desenvolvidos neles.
Instituição de fomento: Universidade Iguaçu/UNIG
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Respiradores Bucais; Hipersensibilidade; Fungos Patogênicos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006