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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

Levantamento numérico-espacial e perfil de indivíduos de uma comunidade extrativista do estuário da bacia do Rio Buranhem no município de  Porto Seguro - Bahia.

Beny Ricardo Ponte de Abreu 1
(1. Centro de Ciencias de Educação, Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC)
INTRODUÇÃO:

O objetivo desta pesquisa foi fazer um levantamento quantitativo-qualitativo do grupo de indivíduos extrativista de uma espécie de ostra no manguezal do estuário do Rio Buranhem e o mapeamento da atividade. Estas pessoas coletam ostras, crescidas naturalmente dentro dos manguezais do rio. Um programa de pesquisa científica da prefeitura para determinar as condições biológicas e viabilidade do cultivo vinha sendo realizado durante o período de 6 meses (agosto de 2005 até fevereiro de 2006), e ao final obteve resultados favoráveis. Uma vez que toda a proposta do programa maricultura do Município tem caráter sócio ambiental, era indispensável para o seu sucesso, realizar um levantamento sócio-espacial para definir os potenciais grupos com maior aptidão para o cultivo e que preenchessem os requisitos sócio-ambientais do programa. De inicio dois grupos fora pré-selecionados: A colônia de Pesca Z-22, que pescava no mar na área de estuário e o grupo de “marisqueiros” que atuavam nos manguezais do estuário da bacia do Rio Buranhem e sub-bacias. Uma pré-avaliação apontou para os marisqueiros, pois além de sua atividade extrativista estar diretamente ligada à espécie a ser cultivada ,estes indivíduos possuíssem renda familiar bem abaixo da renda dos integrantes da colônia de pesca. Uma vez definido o grupo, e iniciou-se o processo de pesquisa para o conhecimento aprofundado dos indivíduos e sua área de atuação, desde a moradia até a coleta.

 

METODOLOGIA:

O método usado para definição do grupo extrativista foi de convocação, cadastramento e entrevistas. Inicialmente se fez uma convocação através de veículos de mídia locais (rádios e jornais), para comparecimento e cadastramento junto a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Pesca. Como poucos indivíduos do grupo compareceram a secretaria para cadastramento também se decidiu iniciar uma prospecção dos catadores de ostras no seu local de comercialização. Nativos de Porto Seguro haviam relatado que os “marisqueiros” vendiam seu produto aos turistas, na praia. Os relatos informaram que os finais de semana e os feriados eram os períodos de maior intensidade para este tipo de atividade. A partir daí, funcionários da prefeitura se revezaram em constantes visitas a praia.  À medida que os vendedores de ostra eram encontrados, eram convidados a comparecerem a secretaria para serem cadastrados. Esse tipo de abordagem obteve maior resultado, pois a aproximação direta e o diálogo ajudaram a dirimir a desconfiança que as pessoas possuíam da prefeitura. Com pelo menos 3 meses de prospecção e divulgação do programa de maricultura da prefeitura, o grupo inicial de 12 pessoas se estendera para 28 pessoas. O grupo cadastrado agora contava com um número mais significante de pessoas e as informações obtidas eram mais completas. Foram usados mapas a partir de fotos georeferencidas das bacias hidrográficas da região, afim de obter informações mais precisas sobre o local de coleta das ostras.

RESULTADOS:

Após 3 meses de divulgações do programa de maricultura e saídas em campo, foi obtido um número total de 32 pessoas envolvidas com o comercio e extrativismo de ostras e mariscos em Porto Seguro. O resultado revelou que não apenas marisqueiros, mas pessoas que exerciam outras atividades extrativistas, se apresentaram como interessados em participar do programa. A distribuição conforme atividade exercida, ficou em : 76% eram extrativistas de ostras e mariscos, 15% eram apenas comerciantes de ostras (todos na praia) e 9% eram pescadores na ativa e pescadores aposentados. Quanto ao quesito de origem: 80% são oriundos de municípios vizinhos migraram para Porto Seguro devido ao grande fluxo de turistas seu mercado consumidor e o resultado da decadência de outras atividades econômicas como o cultivo de cacau. O 20% restantes são de nativos do próprio município. Dentre todo grupo que se apresentou apenas uma era mulher. Quanto a Moradia, basicamente 96% residia na periferia do município, no Baianão, bairro historicamente habitado pela população de baixa renda. O grupo de maricultores possui renda ainda mais baixa, estando abaixo do nível de pobreza.  O grau de escolaridade foi de 86% analfabetos e o restante com escolaridade de 1º. Grau incompleto. Todos do grupo possuíam alguma atividade paralela. O questionário com mapa, mostrou que o comércio atingia, os distritos de Porto Seguro, Arraial D’ajuda, Trancoso, e o município vizinho de Sta. Cruz de Cabrália, sempre na praia.

CONCLUSÕES:
Como base nos resultados obtidos, houve uma reorientação na estratégia de capacitação do grupo. Este se mostrou bastante deficitário quanto aos pré-requisitos técnicos necessários para completar o programa a baixa escolaridade e o pouco cooperativismo. Todos os indivíduos trabalhavam de maneira completamente independente, não apresentando qualquer elo de união além do local de trabalho. A pesquisa, mostrou para a coordenação, que ao contrário do que se previa, seria preciso que a estratégia de sensibilização não apenas aborda-se a as questões técnicas e ambientais.  Seria preciso uma abordagem de inclusão social e de formação de uma consciência de classe. Em um estágio mais avançado A formação de uma associação e em um estágio mais avançado, uma cooperativa de cultivadores passou a ser parte confirmada da estratégia. O mapa criado apontou para as áreas de comercialização e de coleta das ostras, sendo fundamental na elaboração da estratégia de comercialização e localização dos mercados. Finalmente, ficou determinada que deveria haver uma parceria entre a Secretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Educação e Sebrae, visando à alfabetização de todo o grupo envolvido. O método de pesquisa em campo, acabou por revelar outro importante fator, que foi o contado direto entre a instituição fomentadora e a realidade da população, gerando grande conhecimento e comprometimento com o projeto.
Instituição de fomento: Prefeitura Municipal de Porto Seguro – PMPS.
 
Palavras-chave: estratégia; cadastramento; mapa.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006