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C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 4. Genética Molecular

OTIMIZAÇÃO DE PROTOCOLOS DE EXTRAÇÃO DE DNA DE BANANEIRA PARA ESTUDOS DE DIVERSIDADE GENÉTICA DE BANCOS DE GERMOPLASMA

Kaira Samaini Pauli 1
Fernanda Born 2
Maycon Eduardo Nicoletti 1
Anderson Ferreira 1
Fernando Adami Tcacenco 1
(1. Laboratório de Biotecnologia Vegetal, Estação Experimental de Itajaí / EPAGRI; 2. Universidade do Vale do Itajaí / UNIVALI)
INTRODUÇÃO:

O gênero Musa pertence à família Musaceae, sendo originário da Ásia e possuindo aproximadamente 50 espécies. A cultura da banana possui grande importância econômica mundial, sendo cultivada em mais de 100 países, sendo o principal produto do comércio internacional de frutas frescas e uma das frutas mais populares do Brasil. O Brasil, juntamente com a Índia, são grandes produtores mundiais, mas possuem participação inexpressiva no mercado internacional devido ao alto consumo do mercado interno. O cultivo nacional da banana ocupa o segundo lugar da produção entre as frutas produzidas, sendo uma das atividades agrícolas de grande importância social e na geração de empregos, e é peculiar quanta à diversidade climática e ao uso de cultivares. Estudar a variabilidade genética de bancos de germoplasma de Musa torna-se essencial para os programas de conservação e melhoramento genético. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar e otimizar protocolos de extração de DNA vegetal para cultivares de banana pertencentes ao acervo da Epagri - Itajaí-SC, com vistas à aplicação de metodologias de avaliação molecular da variabilidade genética via RAPD e AFLP, dentre outras.

METODOLOGIA:

Foram utilizadas oito cultivares de bananeira (Nam, Thap Maeo, Maçã Bahia, Grande Naine, IAC-2001, Nanicão, Prata Zulu e FHIA 1) do Banco de Germoplasma da Epagri. Amostras de folhas foram coletadas de plantas crescidas a campo, acondicionadas sob refrigeração e conduzidas ao laboratório para processamento. O material vegetal foi armazenado a –20ºC antes da extração, e para cada protocolo testado foram utilizadas duas subamostras de 100 mg, além de um controle negativo, sem material vegetal. Foram testados quatro protocolos, sendo que o primeiro passo em todos foi a maceração do material vegetal com N líquido em um microtubo de 2 mL. Os protocolos testados foram baseados no uso dos detergentes CTAB ou SDS, com desproteinação através de fenol, clorofórmio, acetato de potássio ou combinação destes, e se diferenciaram ainda no tempo de execução, principalmente em decorrência de incubações e centrifugações. O pellet obtido em todos os protocolos foi diluído em 50 mL do tampão TE pH 8,0 e mantido a –20ºC até o momento da quantificação de DNA, que foi feita através de corridas eletroforéticas em géis de agarose 0,8% por 90 min, utilizando-se uma fonte Consort E143 com 70 V. Após, os géis foram corados com brometo de etídio e documentados em aparelho Vilber-Lourmat acoplado a câmara CCD e impressora térmica Sony UP-890CE. Fragmentos de λ DNA/Hind III foram utilizados como marcadores.

RESULTADOS:

O protocolo 1 foi eficiente para a extração de DNA de todas as amostras utilizadas. O mesmo utiliza no tampão de extração o detergente CTAB, além de NaCl e EDTA, sendo a desproteinação realizada através de clorofórmio:álcool isoamílico. Este protocolo é de fácil execução e pode ser realizado em menos de três horas de trabalho. O protocolo 2 foi eficiente apenas para a cultivar Nam. Este utiliza tampão de extração com NaCl e SDS, sendo a desproteinação igualmente realizada através de clorofórmio:álcool isoamílico. Este protocolo requer o menor tempo de execução, particularmente por não requerer incubação do material, fornecendo DNA em menos de duas horas de trabalho. O protocolo 3, cujo tampão de extração contém apenas CTAB e o agente desproteinizante é o clorofórmio, e o protocolo 4, cujo tampão de extração contém NaCl, EDTA e CTAB e o agente desproteinizante é uma mistura de fenol e clorofórmio, não forneceram resultados quantificáveis para nenhuma cultivar testada. Além do uso de dois solventes orgânicos e de duas etapas de desproteinação, o protocolo 4 requereu o mais longo tempo de execução.

CONCLUSÕES:

Dois dentre os quatro protocolos testados apresentaram bons resultados para a extração de DNA de bananeira, porém o protocolo denominado 1 foi eficiente para todas as amostras testadas, fornecendo DNA quantificável em pouco tempo de execução, além de não utilizar fenol na etapa de desproteinação, o que é vantajoso. A diferença da eficiência dos protocolos entre as cultivares pode ter ocorrido devido à grande variabilidade genética, morfológica e bioquímica que as cultivares testadas apresentam. Trabalhos realizados em paralelo no laboratório mostraram que o protocolo 1 também foi eficiente para mais oito cultivares testadas. Sendo assim, para a extração de DNA de banana é recomendado o protocolo 1 (baseado em Doyle e Doyle, 1990).

Instituição de fomento: K.S.Pauli é bolsista
 
Palavras-chave: Musa; Variabilidade genética; Conservação de germoplasma.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006