Esta pesquisa pretendeu criar dispositivos metodológicos que pudessem refletir de modo teórico-prático acerca das relações criativas, materiais e sígnicas entre Arte e Design – no estabelecimento de uma relação histórico-crítica, tendo como suporte a Teoria Semiótica. Sabemos que o Século XX, foi prodigioso no diálogo entre as esferas da cultura e do cotidiano. Um século de tantos ismos e tantas maneiras de definir e apresentar o objeto artístico aproximou os artistas – seres da estética – dos operários das fábricas – seres da produção. Artistas se movimentaram entre novas atitudes criativas, novas materialidades e novas soluções estéticas e de usabilidade. Então, o artista-designer empresta seu talento para a definição de objetos funcionais - no que se refere à circulação de idéias-formas. O conhecimento semiótico investiu na geração de linguagem e a produção de forma, descrevendo os modos pelos quais as semioses agem em favor da manutenção do caráter expressivo e da consolidação do caráter produtivo. O conhecimento semiótico nos auxiliou, ainda, na definição metodológica da pesquisa – que ambicionava, além do eixo de identificação dos quatro artistas-designers estudados, conferir uma leitura crítica à essa produção, revelando-se métodos criativos, modos produtivos e determinações funcionais. Pablo Picasso, Francis Picabia, Salvador Dalì e Andy Warhol foram os artistas-designers estudados.

Na ambição de estudar para compreender as relações entre arte e design no Século XX – para extrair o diálogo entre a deliberada criatividade do artista e a aplicada funcionalidade do designer foi definida uma metodologia complexa e necessariamente meta-criativa, a saber: investigação de biografias e produções artísticas e técnicas dos nomes paradigmáticos no cenário cultural do século XX; catalogação de produtos visuais nascentes dos feixes tangenciais entre criação artística e produção em design; estudos analíticos dos parâmetros semióticos (a autonomia dos elementos estruturantes da linguagem visual), percebidos como entes definidores de expressão e forma.

A concepção criativa da pesquisa desencadeou um contínuo registro das etapas de pesquisa:

- Envolvimento com leituras de base semiótica – auxiliares nos campos investigativos.

- Avaliação atenta dos modos classificatórios – que se refere aos campos de linguagem e materialidade.

- Pesquisa Histórica – Biográfica e Artística – dos nomes definidores da interface arte/design no século passado.

- Pesquisa Crítica – Expressiva / formal e funcional – para determinar competente visibilidade de pesquisa.

- Definição dos produtos de pesquisa, com vistas à divulgação dos resultados alcançados

Na intenção de tornar o conhecimento semiótico cada vez mais aplicado, foram propostas referências para estudos interdisciplinares entre Arte e Design, a saber: Pablo Picasso e o Design Cerâmico; Francis Picabia e o Design Tipográfico Experimental; Salvador Dali e o Design de Jóias; Andy Warhol e o Design de Imagens.

Das bases de investigação, o conhecimento semiótico e seu método da criatividade e da inventividade – a abdução – propiciou uma riqueza de produtos subjacentes à Arte e ao Design. O confronto expressivo/produtivo soube extrair das ações dos artistas-designers pesquisados as soluções de divulgação do conhecimento construído no interior da pesquisa: foram gerados quatro portafólios semióticos – todos dimensionados a partir da experimentação de materiais e procedimentos, matérias sígnicas e modos expressivos – sabendo-se: Picasso originou um portafólio cerâmico que reinventa soluções imagéticas e modelares; Picabia dá orientação para a constituição de uma outra revista experimental, em que a tipografia conferiu teores de inovação; Dalì determina a produção de uma joalheria contemporânea pautada numa figuração organicamente deformadora; Warhol oferece as plataformas imagético-narrativas para a apreensão de personagens dispostos em vídeos, apropriados em suas sutilezas. A realização dos quatro portafólios permitiu dupla vocação: a necessidade de configurar parâmetros teórico-metodológicos para a criação em Arte e a produção em Design – numa vasta compreensão da cultura artística do Século XX; aproveitar, em níveis de aprimoramento, as habilidades materiais e técnicas – no exercício da linguagem visual. Da origem criativa aos destinos produtivos, uma convergência: a interdisciplinaridade.