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C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
SALMONELOSE EM Crotalus durissus terrificus MANTIDAS EM CATIVEIRO
Antonio Neres Norberg 1
Ana Carolina Torres 1
Edwin Alberto Pile Maure 1
Paulo César Ribeiro 1, 2
Aluízio Antônio de Santa Helena 1
Margareth Maria de Carvalho Queiroz 1, 3
(1. Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Iguaçu/UNIG; 2. Instituto de Biologia do Exército/IBEx; 3. Departamento de Biologia, Instituto Oswaldo Cruz-IOC/FIOCRUZ)
INTRODUÇÃO:
A microbiota de serpentes tem sido pesquisada por diversos autores para detectar as causas dos processos infecciosos que acometem esses animais quando mantidos em cativeiro (Garcia & Laure, 1987; Assis et al., 1997). Espécies do gênero Pseudomonas e Providencia rettgeri foram citadas por Millichamp et al. (1983), como agentes etiológicos de infecções oculares e pulmonares em serpentes, enquanto Hilf et al. (1990) relataram que casos de pneumonias também eram causados por espécies do gênero Salmonella. Furlaneto et al., 1979 registraram a ocorrência de epizootias em serpentes do Brasil, mantidas em cativeiro, causadas por bacilos difteróides. Veinert et al., 1994 consideraram Proteus mirabilis e Alcaligenes faecalis como agentes etiológicos das necroses observadas na ponta da cauda de serpentes mantidas em cativeiro. Várias bactérias têm sido responsabilizadas por doenças em répteis, entre estas, as do gênero Salmonella foram causadoras de pneumonias e estomatite necrosante em ofídios. Os pesquisadores Mavridis (1986) e Hipólito et al. (1987), relataram que Streptococcus viridans, P. mirabilis, Pseudomonas aeruginosa e Aeromonas hydrophila foram considerados os agentes etiológicos em casos de estomatite estudados entre serpentes em cativeiro. Este trabalho teve como objetivo o isolamento das espécies bacterianas, prováveis agentes etiológicos das gastrenterites e pneumonias em serpentes Crotalus durissus terrificus, mantidas em cativeiro no serpentário do IBEx.
METODOLOGIA:
Foram examinadas 18 serpentes de C. durissus terrificus, mantidas em cativeiro no biotério do Instituto de Biologia do Exército - IBEx, através de técnicas bacteriológicas. Coleta e semeadura das amostras fecais de 12 serpentes vivas: Para as amostras fecais, colocou-se um tubo de ensaio esterilizado direto na ampola retal das 12 serpentes vivas com sinais clínicos de gastrenterite. Após a coleta, o material foi semeado em meios de enriquecimento para salmonelas (Tetrationate Broth) e meios Eosin Methilen-Blue agar e Salmonella-Shigella agar e tecido pulmonar e fezes de seis serpentes mortas. Coleta e semeadura de amostras fecais e tecidos pulmonar de seis serpentes recentemente mortas e necropsiadas: As amostras de tecido pulmonar foram trituradas e semeadas nos mesmos meios utilizados para as fezes, além de agar-sangue e agar hipertônico manitol. Os meios semeados foram incubados a 37 ºC por 24 horas e o crescimento obtido no Tetrationate Broth foi repicado para os meios acima citados e incubados por 24 horas. O crescimento foi analisado e foram observadas as características culturais e morfotintoriais através de esfregaços corados pelo método de Gram, modificado por Koppelof-Beerman. Foram efetuadas provas bioquímicas das colônias isoladas. Para a identificação de Staphylococcus aureus empregou-se além das características culturais, provas da coagulase em tubo e teste da desoxirribonuclease (DNAase).
RESULTADOS:
Resultado das coproculturas: Serpente 1:Salmonella sp, Escherichia coli e Klebsiella sp; 2:Salmonella sp, Pseudomonas aeruginosa, Citrobacter sp, E. coli e Proteus mirabilis; 3:Salmonella sp, Proteus mirabilis e Enterobacter sp; 4:Salmonella sp, Klebsiella sp e Citrobacter sp; 5:Salmonella sp, P. mirabilis, P. aeruginosa, Aeromonas sp, e bacilo Gram negativo não fermentador; 6:Salmonella sp, Edwardsiella sp, E. coli e Citrobacter sp; 7:Salmonella sp, Enterobacter sp e Alcaligenes faecalis; 8:Salmonella sp, Yersinia sp, Klebsiella sp e bacilo Gram negativo não fermentador; 9:Salmonella sp, E. coli, Klebsiella sp, A. faecalis; 10:Salmonella sp, Klebsiella sp e Serratia marcescens; 11:Salmonella sp, S. marcescens, Klebsiella sp e Aeromonas sp; 12:Salmonella sp, Enterobacter sp, Klebsiella sp, P. aeruginosa e E. coli. Serpentes com gastrenterite e necropsiadas:1:Fezes:Salmonella sp, Klebsiella sp, E. coli e Enterobacter sp e Pulmão:Salmonella sp; 2:Fezes:Salmonella sp, P. aeruginosa, E. coli, Citrobacter sp e bacilo Gram negativo não fermentador e Pulmão:Salmonella sp e P. aeruginosa; 3:Fezes:Salmonella sp, Klebsiella sp, E. coli; Pulmão:Salmonella sp; 4:Fezes:Salmonella sp, S. marcescens, Edwardsiella sp e bacilo Gram negativo não fermentador e Pulmão:Salmonella sp; 5:Fezes:Salmonella sp, Edwardsiella sp, P. mirabilis e Citrobacter sp; Pulmão:Salmonella sp e S. aureus; 6:Fezes:Salmonella sp, E. coli, Citrobacter sp e P. aeruginosa e Pulmão:Salmonella sp.
CONCLUSÕES:
Concluiu-se que a gastrenterite e pneumonite das serpentes estudadas tiveram como etiologia a Salmonella do sorotipo B. Os resultados obtidos na pesquisa confirmam a presença de uma flora bacteriana relativamente diversificada nos animais estudados. E estes resultados corroboram os encontrados por Assis et al. (1997), que observaram Salmonella spp, P. mirabilis e Edwardsiella spp, como sendo os agentes etiológicos mais freqüentes da flora bacteriana de serpentes da espécie Epicrates cenchria, oriundas de diversas regiões do Brasil. Estes autores consideraram que a sensibilidade a infecções bacterianas ocorridas nessas serpentes, quando em cativeiro, pode ter como causa a mudança do “habitat” e que provavelmente altera o comportamento, causando estresse e baixa da resistência, origem dos processos infecciosos que as acometem. Estes resultados também estão de acordo com os encontrados por Lizuka et al. (1983 e 1984) que estudaram a flora bacteriana de serpentes e relataram que bactérias do gênero Salmonella e Pseudomonas por terem atividade proteolítica e caráter oportunista, são responsabilizadas por várias doenças comumente encontradas em serpentes mantidas em cativeiro. As serpentes parasitadas podem ser responsabilizadas como fonte de infecção para outros animais e seres humanos, portanto, somos de opinião que se trata de uma importante zoonose.
Instituição de fomento: Instituto de Biologia do Exército/IBEx
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Salmonelose; Crotalus durissus terrificus; Serpentes em Cativeiro.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006