A Educação Ambiental, hoje, apresenta-se como uma das estratégias que pode contribuir na formação de cidadãos críticos em relação a sua realidade. O processo de aprendizagem que envolve a educação ambiental deve ser centrado no aluno, gradativo, contínuo e respeitador de sua cultura e de sua comunidade. Deve ser um processo crítico, criativo e político, com a preocupação de construir conhecimentos, a partir da discussão e avaliação crítica dos problemas comunitários e também da avaliação feita pelo aluno, de sua realidade individual e social, na comunidade em que vive, fruto das percepções e vivências apreendidas cotidianamente. A presença, em todas as práticas educativas, da reflexão sobre as relações dos seres vivos entre si, do ser humano com ele mesmo e do ser humano com a sociedade humana é condição imprescindível para que a Educação Ambiental ocorra. Dentro desse contexto, destaca-se a escola, como espaço privilegiado na implementação de atividades que propiciem essa reflexão, com ações orientadas em processos de participação que levem à autoconfiança, à atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção ambiental implementados de modo interdisciplinar. Neste contexto, este trabalho tem por objetivo avaliar a percepção de alunos sobre problemas ambientais em meio ambiente escolar, tendo em vista construir coletivamente propostas de intervenção para a solução dos problemas apontados.

   A pesquisa foi realizada em 2006 no Núcleo Pedagógico Integrado da Universidade Federal do Pará com sessenta e nove alunos de 5ª série do ensino fundamental, escolhidos intencionalmente. Os dados foram construídos durante as aulas da disciplina Ciências (4 horas/aula semanais), com três turmas, por meio de duas etapas: 1) Observação do meio ambiente escolar pelos alunos durante uma aula-passeio para a identificação dos problemas escolares e 2) Construção, através de desenhos, de um modelo representacional contendo os três principais problemas ambientais observados na aula passeio. As categorias de registro que emergiram da análise qualitativa dos desenhos foram quantificadas por meio do método das proporções. As explicações que os alunos deram sobre a escolha de cada problema serviram de fonte de dados complementares para a avaliação da percepção que eles apresentaram sobre o meio ambiente. 

   Os alunos citaram 141 problemas que foram classificados em cinco categorias principais: 1) Evidência de vandalismo (N=35, 24,8%) que aborda aspectos relacionados à pichação e muros quebrados; 2) Presença de resíduos sólidos (N=32, 22,7%) que engloba problemas como o lixo e poluição do espaço escolar; 3) Vegetação (N=26, 18,4%), envolvendo o desmatamento, a presença de raízes de árvores que estão danificando a estrutura dos prédios da escola e falta de manutenção da vegetação rasteira; 4) Depredação do espaço físico (N=18, 12,8%) associada á áreas livres danificadas e a banheiros sem higiene e 5) Falta de segurança (N=17, 12%) devido à presença de uma invasão ao entorno da escola. Além disso, os alunos mencionaram outros problemas (N=13, 9,3%) fazendo referências ao tipo de ensino que é desenvolvido na escola, ao excesso de barulho e à presença de um caixa eletrônico que pode atrair assaltantes para o interior da escola.

   O uso da percepção como estratégia de educação ambiental escolar pode ser utilizada para melhorar a qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente escolar na medida em que evidencia aspectos e dimensões da realidade escolar observada e vivenciada coletivamente pelos sujeitos aprendentes. A utilização da construção de modelos para representar os principais problemas ambientais revelou-se uma importante estratégia pedagógica para o conhecimento, discussão e avaliação dos principais problemas que se destacaram na percepção individual e coletiva dos alunos, levando-os a refletir criticamente sobre sua realidade imediata para a tomada de decisões em prol da melhoria de todos. Este estudo sugere que a percepção ambiental seja utilizada metodologicamente como um importante instrumento para a prática cotidiana da educação ambiental formal, subsidiando o professor na proposição de intervenções educativas ambientais em meio escolar.