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A. Ciências Exatas e da Terra - 5. Matemática - 5. Probabilidade e Estatística
ANÁLISE COMPARATIVA DOS DETERMINANTES DA FECUNDIDADE ENTRE O NORDESTE E SÃO PAULO: UMA APLICAÇÃO DO MODELO BONGAARTS
Josimar Mendes de Vasconcelos 1, 2
Rita de Cássia de Lima Idalino  1, 3
Moisés Alberto Calle Aguirre  1, 3, 4
(1. DEST; 2. PET; 3. CNPq; 4. FAPERN)
INTRODUÇÃO:

A partir dos anos 60 as regiões do Brasil experimentaram quedas no nível de sua fecundidade, com tendências variadas: uns rapidamente, como Sudeste, Sul e Centro-Oeste, e de maneira menos intensa, as Regiões Norte e Nordeste. Sendo a Região do Nordeste uma das últimas a ingressar no processo da transição da fecundidade em relação as demais Regiões do país. Segundo CARVALHO e WONG (1996) apesar dessa queda tardia, a fecundidade do Nordeste conseguiu aproximar-se às taxas de outras regiões onde o nível de fecundidade alcança a 2,6 filhos por mulher para 2000.

 

Estas trajetórias de queda da fecundidade podem ser consideradas de repercussões profundas no âmbito social. Embora estejam muito associadas às mudanças que ocorreram na estrutura econômica, social e cultural, são atribuídas principalmente ao uso de métodos contraceptivos.

METODOLOGIA:

Os dados utilizados provêm da Pesquisa Nacional Demográfica e de Saúde - PNDS-1996, realizada no Brasil pela Sociedade Civil Bem-estar Familiar (BEMFAM). Os dados referem-se a mulheres unidas de 15 a 49 anos.

Para estudar os determinantes próximos da fecundidade no Nordeste e no Estado de São Paulo se usará o modelo proposto por BONGAARTS, o qual considera as seguintes variáveis: i) exposição ao risco de gravidez; ii) controle deliberado da fecundidade marital e iii) fecundidade natural marital. A primeira diz respeito a proporção de casadas; na segunda, estão a contracepção e o aborto induzido; a terceira, encontra-se a infertilidade pós-parto por amamentação, freqüência do coito, esterilidade, mortalidade intra-uterina espontânea e duração do período fértil (BONGAARTS 1979, BONGAARTS & POTTER, 1983).

O modelo estima, mediante um conjunto de índices, os efeitos redutores ou inibidores que têm os determinantes próximos sobre os níveis máximos teóricos da fecundidade. A partir destas variáveis identificam-se quatro indicadores diferentes de fecundidade, que são: Taxa de Fecundidade Total (TFT), Taxa de Fecundidade Marital (TFM), Taxa de Fecundidade Marital Natural (TFMN) e Taxa de Fertilidade (TF). Embora as taxas de fecundidade TFT, TFM e TFMN variem amplamente de uma população a outra, os valores da TF da maioria das populações estão dentro do intervalo de 13 a 17 nascimentos por mulher, com uma média de aproximadamente 15,3 (BONGAARTS, 1982b)

RESULTADOS:

A Taxa de Fecundidade Total (TFT) para a Região do Nordeste foi estimada em 3,08 filhos por mulher. Já para São Paulo em 2,17 por mulher. Estes níveis de fecundidade estariam sendo determinados pelo efeito de uma diversidade de fatores, aqui apenas privilegiamos três: a contracepção, o casamento e amamentação.

 

O índice de contracepção contribui, no caso do Nordeste praticamente com 65% na redução da fecundidade. Já em São Paulo, seu efeito inibidor é de 70%. Resultados que mostram que a contracepção em ambos contextos é o principal inibidor da fecundidade.

 

Ao observar o resultado do índice do não-casamento no Nordeste este contribui na redução da fecundidade em 40%, enquanto que em São Paulo esta porcentagem atinge 45%, sendo o segundo determinante que estaria contribuindo mais para a inibição da fecundidade. A maior proporção de redução da fecundidade devido ao não casamento, registrado em São Paulo.

 

A infertilidade pós-parto por amamentação constitui-se em uma outra variável intermediária importante. No Nordeste, esta variável é responsável por 12% na redução da fecundidade. No estado de São Paulo, é responsável por 10% na redução da fecundidade. Pode-se dizer que o tempo de amamentação cada vez se torna menor nas mulheres de ambos contextos, para efeitos de regulação da fecundidade.

 

Em resumo segundo Bongaarts (1979), em ausência desses fatores inibidores da fecundidade, os níveis da fecundidade de ambos contextos analisados oscilariam entre 13 e 17 filhos por mulher.

CONCLUSÕES:

Os resultados encontrados neste trabalho permitem apresentar argumentos importantes que destacam a relevância dos determinantes considerados na análise da fecundidade tanto da Região Nordeste quanto do Estado de São Paulo.

 

A partir deles, demonstrou-se que os níveis registrados da fecundidade estaria sendo o resultado da ação combinada destes determinantes.

 

 

Os resultados dos determinantes analisados tanto da Região do Nordeste quanto do Estado de São Paulo revelam que, dos três determinantes próximos considerados para a análise, a contracepção é o determinante mais importante na queda da fecundidade.

 

 

Finalmente, os resultados encontrados neste trabalho referentes à participação de cada um dos determinantes na fecundidade das mulheres da Região do Nordeste e São Paulo - contracepção, casamento e amamentação - têm o propósito de contribuir para o enriquecimento dos Planos e Programas já existentes em matéria de saúde reprodutiva.

Instituição de fomento: DEST, PET, FAPERN, CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Fecundidade; Contracepção; Amamentação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006