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C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia

EFEITO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE MISTURA DE AMINOÁCIDOS SOBRE A AÇÃO IN VITRO DA TESTOSTERONA NA LIBERAÇÃO DE INSULINA DE ILHOTAS DE LANGERHANS

Débora Olmedo Rodrigues 1
Ana Paula Jacobus 1
Marcelo de Lacerda Grillo 1
Eloísa da Silveira Loss 1
Guillermo Federico Wassermann 1
(1. LabEnEx, Departamento de Fisiologia, ICBS / UFRGS)
INTRODUÇÃO:

Nas células beta pancreáticas o aumento da concentração de glicose produz a liberação da insulina provocada por um incremento da relação ATP/ADP em conseqüência do aumento da glicose que provoca o fechamento dos canais de K+ATP o que despolariza a célula. Este efeito provoca a abertura dos CCDV e a entrada de Ca2+ que, por sua vez, vai produzir o movimento das vesículas e a liberação da insulina no meio extracelular.

Foi observado que a testosterona estimula tanto a captação de 45Ca2+ quanto a liberação de insulina em células beta pancreáticas de ratos Wistar machos em menos de 1 minuto. Essa ação é dose-dependente e ocorre na presença de dose de 3mM de glicose. O objetivo desse trabalho é estudar a ação da testosterona nas ilhotas de Langerhans na presença de uma mistura de aminoácidos (glutamina, leucina, lisina e alanina) a qual simula uma dieta protéica para verificar a função fisiológica do efeito desse hormônio sobre as células beta.

METODOLOGIA:

Foram isoladas ilhotas de Langerhans de ratos Wistar adultos pelo método de Lacy e Kostianovsky modificado. As ilhotas pancreáticas isoladas foram obtidas através da digestão por colagenase XI. Alíquotas de 10µL do preparado de células foram colocados em tubos e ressuspendidos em 0,5mL com meio Krebs Ringer bicarbonato Hepes (KRb-Hepes). Para experimentos de secreção de insulina, as ilhotas foram pré-incubadas por 30 minutos e incubadas por 180 segundos em KRb-Hepes a 37°C, pH 7,4 com ou sem testosterona, seguidos de 180 segundos com ou sem a mistura de aminoácidos — glutamato (2mM), lisina (1,5mM), alanina (1 mM) e leucina (1 mM) (concentrações similares às concentrações plasmáticas em ratos alcançadas após uma dieta protéica). De acordo com o experimento, as concentrações de aminoácidos foram dobradas ou quadruplicadas. A insulina do meio extracelular obtido após a incubação foi quantificada pelo método RIA. Para medir a captação de 45Ca2+, as ilhotas foram pré-incubadas por 60 minutos em KRb-Hepes com 45Ca2+ e incubadas por 60 segundos com ou sem testosterona e/ou mistura de aminoácidos. Alíquotas do meio intracelular foram retiradas para medida do 45Ca2+ em espectrômetro de cintilação LKB. Para análise estatística foram utilizados teste t e teste ANOVA de uma via seguida de pós-teste Bonferroni.

RESULTADOS:

A testosterona provoca aumento da secreção de insulina na presença da mistura de aminoácidos, sendo que este aumento é muito mais acentuado quando se dobra a concentração da mistura (P<0,01), onde esse aumento chega a 300%. Quando se utilizou quatro vezes a concentração da mistura de aminoácidos, a aplicação de testosterona não produziu diferença na secreção de insulina, pois esta estava muito elevada pelo próprio efeito da mistura.

CONCLUSÕES:

A testosterona, na presença da mistura de aminoácidos, provoca aumento da secreção de insulina. O máximo desse aumento foi observado com o dobro da concentração de aminoácidos. Ao quadruplicar a dose de aminoácidos a aplicação de testosterona não produziu maior liberação de insulina, provavelmente pelo grande aumento desta pela alta concentração de aminoácidos.

Esse efeito da testosterona na liberação de insulina na presença da mistura de aminoácidos em ilhotas de Langerhans poderia ter importância fisiológica na ação anabólica deste esteróide em conjunção com a secreção da insulina.

Instituição de fomento: CNPq, Propesq/UFRGS
 
Palavras-chave: testosterona; ilhota de Langerhans; secreção de insulina.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006