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E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 3. Tecnologia de Alimentos

AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DOS EXTRATOS DE PRÓPOLIS OBTIDOS COM DIFERENTES SOLVENTES

Gustavo Torres de Souza  1, 2
Danielle Biscaia 1, 2
Sandra Regina Salvador Ferreira 1, 2
(1. Departamento de Eng. Química e Eng. de Alimentos / EQA-UFSC; 2. Laboratório de Termodinâmica e Extração Supercrítica / LATESC)
INTRODUÇÃO:

A própolis é uma mistura de resinas vegetais, cera e secreções salivares produzidas pelas abelhas com objetivo de selar as colméias, protegendo-as contra a ação climática, entrada de insetos, microrganismos e outros invasores. A composição química da própolis depende de fatores como origem botânica e sazonalidade, que influem diretamente na sua atividade biológica. Estudos recentes demonstram que a própolis possui uma série de propriedades biológicas, tais como, atividade antioxidante, antimicrobiana, anti-inflamatória e anti-cancerígena. Essas propriedades têm feito da própolis uma importante matéria-prima para as indústrias farmacêutica, alimentícia e de cosméticos. O estudo dessas propriedades é, portanto, necessário, a fim de se obter um produto com alto padrão de qualidade e valor agregado. Este trabalho tem como objetivo a avaliação de diferentes tipos de extratos para duas amostras de própolis em termos de rendimento e atividade antioxidante.

METODOLOGIA:

Foram utilizadas duas amostras diferentes de própolis, a própolis 1 coletada em Florianópolis, foi fornecida pela Casa das Abelhas – EPAGRI e a própolis 2,  proveniente de diversas cidades da região sul, foi fornecida por Breyer & Cia Ltda já na forma de pó. A própolis 1, devido a sua consistência resinosa  foi mantida a – 18 °C por 24 h e moída em liquidificador doméstico. As amostras foram então classificadas em peneiras com malhas de abertura -65/+16 mesh para padronização granulométrica e armazenadas a -18°C.  As extrações foram realizadas em extrator do tipo  Soxhlet utilizando 5g de amostra e 150mL de solvente por um período de 6 horas. Os solventes empregados foram hexano, acetato de etila, clorofórmio e etanol. Os extratos obtidos foram filtrados duas vezes por gravidade a 0° C e evaporados a vácuo em rotaevaporador. O rendimento foi calculado através da razão entre massa de extrato seco e massa inicial de própolis. Os extratos secos foram submetidos à análise de atividade antioxidante, através da redução do radical DPPH e análise de fenólicos totais através do reagente de Folin-Ciocalteau. Os resultados da análise de DPPH foram expressos em termos de EC 50 que representa a concentração de extrato com 50 % de atividade antioxidante. Na análise de fenólicos totais utilizou-se ácido gálico como padrão de comparação e os resultados foram expressos em equivalentes em ácido gálico (EAG).

RESULTADOS:

Os rendimentos para os extratos obtidos com diferentes solventes diferiram em função da amostra utilizada. Os maiores rendimentos foram de 56,51±1,38 % para o extrato etanólico da própolis 1 e de 73,15±2,42 % para o extrato de clorofórmio da própolis 2. Os extratos de acetato de etila e clorofórmio da própolis 1 tiveram rendimentos de 53,64±4,24 % e 54,31±8,50 %, respectivamente. Os extratos hexanólicos apresentaram os menores rendimentos, sendo de 21,57±0,45 % para própolis 1 e 16,94±2,8 % para a própolis 2.

 

A própolis 1 apresentou melhores valores de EC 50 em relação à própolis 2. Os menores valores de EC 50 (maior atividade antioxidante) para a própolis 1 foram dos extratos obtidos com etanol, 53,24 µg/mL e acetato de etila 50,10 µg/mL. O menor valor de EC 50 da própolis 2 foi 92,92 µg/mL, referente ao extrato etanólico. Os valores mais altos de EC 50 (menor atividade antioxidante) foram os dos extratos hexanólicos, sendo de 167,51 µg/mL para a própolis 1 e 313,51 µg/mL para a própolis 2.

 

Na análise de fenólicos totais, a própolis 2 apresentou melhores resultados em relação a própolis 1. Para a própolis 1, os maiores valores foram dos extratos obtidos com etanol e acetato de etila, 139,85 EAG e 139,45 EAG, respectivamente. O maior teor de compostos fenólicos na própolis 2 foi observado no extrato etanólico, 174,18 EAG. Novamente, os extratos hexanólicos obtiveram os menores valores, sendo de 93,4 EAG para a própolis 1 e 78,65 EAG para a própolis 2.

CONCLUSÕES:

Os resultados demonstram uma maior afinidade dos compostos antioxidantes com solventes orgânicos mais polares, em especial, o etanol. A escolha do melhor solvente pode recair ainda sobre sua toxicidade. Assim, os resultados semelhantes para os extratos de acetato de etila e etanol da própolis 1, indicam o etanol como melhor solvente para obtenção de extratos com atividade antioxidante, já que possui menor toxidez em relação aos demais.

 

A análise de atividade antioxidante pelo radical DPPH serve como um primeiro indicativo da capacidade antioxidante da amostra. É necessária a aplicação de outros métodos a fim de se quantificar, de fato, esta atividade.

 

Outras análises de atividade biológica, como atividade antimicrobiana, por exemplo, devem ser feitas com o objetivo de relacionar a atividade antioxidante e outras propriedades biológicas com o solvente empregado.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Própolis; Extração com Solventes; Atividade Antioxidante.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006