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C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 3. Genética Humana e Médica

ATAXIA ESPINOCEREBELAR TIPO 10: RELATO DE QUATRO PACIENTES BRASILEIROS COM ANÁLISE MOLECULAR

Renata Aparecida Nedel Pértile 1, 3
Salmo Raskin 1
Helio Teive 2
Lineu Werneck 2
Luismar Marques Porto 3
Lilian Pereira Ferrari 1, 2
(1. Curso de Especialização em Genética Humana / PUCPR; 2. Pós-Graduação em Medicina Interna / UFPR; 3. Pós-Graduação em Engenharia Química / UFSC)
INTRODUÇÃO:
As Ataxias Espinocerebelares (SCA) são um grupo de doenças neurodegenerativas progressivas, cuja prevalência varia de 0,3 a 3,0 por 100.000. A Ataxia Espinocerebelar tipo 10 tem herança autossômica dominante, e é caracterizada por ataxia, antecipação e convulsões. O gene SCA10 ou ATXN-10 é o responsável pela Ataxia Espinocerebelar tipo 10, e a causa molecular é a expansão da repetição do pentanucleotídeo ATTCT, no íntron 9 deste gene, que está localizado no cromossomo 22, locus 22q13.3. O efeito patogênico da expansão ATTCT no íntron 9 ainda não está totalmente entendido, porém estudos detectaram que a repetição dos nucleotídeos forma um grampo de RNA não usual. Devido à repetição ATTCT estar localizada em uma região intrônica, ela não codifica nenhum aminoácido na proteína. A análise da seqüência de aminoácidos da proteína SCA10 humana sugere que esta seja uma proteína globular sem domínios transmembrânicos e que a mesma localiza-se predominantemente no citoplasma em região perinuclear. Estes verificaram que alterações com perda de função na proteína resultou em apoptose dos neurônios cerebelares. Experimentos feitos com siRNA com diferentes populações de células neuronais indicam um papel essencial da desta na sobrevivência dos neurônios cerebelares que apontam para um possível mecanismo de patogenia.
METODOLOGIA:
Neste trabalho descrevemos quatro pacientes brasileiras com diagnóstico clínico e molecular de Ataxia Espinocerebelar tipo 10. A técnica utilizada para análise molecular do DNA isolado de sangue periférico dos pacientes foi a reação em cadeia de polimerase (PCR), e o produto da PCR foi analisado em gel de agarose. O tamanho do produto de PCR, ou seja, o tamanho da expansão é determinado com o auxílio de marcadores de peso molecular, na presença de uma amostra controle. Os alelos SCA10 normais possuem de 10 a 22 repetições, sendo que os números mais freqüentes são 13 e 14 repetições ATTCT. Por outro lado, os alelos patogênicos possuem entre 280 e 4500 repetições. A caracterização da estrutura do gene da SCA10 foi realizada com ferramentas de bioinformática disponíveis publicamente na Web.
RESULTADOS:
Nos quatro casos foram detectadas expansões características da doença em um dos alelos do gene SCA10, confirmando os dados descritos na literatura. O início dos sintomas das pacientes analisadas foi de 30 a 48 anos. O número médio de repetições ATTCT nestas pacientes foi de 1837,5 e confirmou-se correlação inversa entre o tamanho da expansão e o início dos sintomas, sendo que a paciente com maior número de repetições teve início dos sintomas em idade inferior aos outros. Todos os pacientes apresentaram os seguintes sintomas ataxia, disartria, dismetria, deficiência na coordenação motora, tremores, e os mesmos não apresentaram epilepsia ou neuropatia periférica, sintomas característicos da SCA10 em mexicanos. Da análise de bioinformática da seqüência do gene, foram identificados a distribuição dos éxons e os motivos característicos da proteína.
CONCLUSÕES:
Expansões no gene SCA10 têm sido descritas em múltiplas famílias brasileiras, portanto a SCA10 é uma das ataxias que deveriam ser pesquisadas no painel dos pacientes brasileiros. Os resultados obtidos no presente estudo corroboram com os da literatura e contribuem para um melhor entendimento da SCA10 no Brasil. A caracterização molecular do gene e da proteína correspondente pode auxiliar no entendimento do mecanismo de patogenia da SCA10.
 
Palavras-chave: Ataxia Espinocerebelar; SCA 10 (ATXN 10); Expansão ATTCT.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006