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B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil

RESERVATÓRIOS DE LOTE PARA CONTROLE DISTRIBUÍDO DE ENCHENTES: DIFERENTES CONCEPÇÕES E POTENCIAL DE USO

Magali Ferreira Mattos  1
Viviane Saião de Amorim Catão  1
Bruno Leonardo Colonese  2
Eduardo Tenório Bastos  2
Marcelo Gomes Miguez  3
Flávio César Borba Mascarenhas  4
(1. Aluna Graduação Escola Politécnica/UFRJ; 2. Aluno Graduação Escola Politécnica/UFRJ; 3. Professor Adjunto Escola Politécnica/UFRJ; 4. Professor Adjunto COPPE/UFRJ (Orientador))
INTRODUÇÃO:

A urbanização exerce forte impacto sobre as vazões de uma bacia hidrográfica. Com o objetivo de minorar o problema de cheias urbanas, os reservatórios de lote, com atuações distribuídas sobre a bacia, podem ser uma opção potencialmente adequada, funcionando como elementos de amortecimento de vazões. Com os reservatórios de lote, as águas pluviais podem ser temporariamente detidas e posteriormente despejadas na rede pública de drenagem, ocorrendo, desta forma, uma redistribuição das vazões no tempo. Na cidade do Rio de Janeiro, com a intenção de minimizar inundações, o decreto-lei municipal nº 23.940, publicado em janeiro de 2004, tornou obrigatório, para novas áreas com mais de 500 m² impermeabilizados, a construção dos reservatórios de lote. Esta obrigatoriedade fará com que existam poucos lotes com reservatórios de maior porte, em um primeiro momento, com crescimento paulatino de sua aplicação, à medida que novos empreendimentos sejam implantados. Entretanto, lotes pequenos e construções antigas poderão vir a não participar do esforço conjunto para controle das cheias em momento algum. Este trabalho analisa, um conflito de concepções: ter reservatórios maiores, em menos lotes, e amortecimento de vazões de saída destes ao nível da pré-urbanização; ou reservatórios menores, disseminados por toda a bacia, gerando, cada um, uma fração do amortecimento necessário, contribuindo de forma mais distribuída para o controle de cheias.

METODOLOGIA:

Para esta análise foi utilizado um modelo matemático, hidráulico-hidrológico distribuído, de células de escoamento, que permite a simulação dos escoamentos diversos que ocorrem em uma bacia urbanizada, integrando a rede de drenagem com a paisagem urbana. Considerado um trecho de rua hipotético, com doze lotes de 360m², foram simulados seis diferentes cenários, para lotes 100% e 50% impermeabilizados, sendo eles: pré-urbanização; urbanizado sem reservatórios; urbanizado com um reservatório de 12m³ em um lote; urbanizado com reservatórios de 1m³ em cada lote; urbanizado com seis reservatórios de 2m³ em seis lotes; e urbanizado com reservatórios de 12m³ em cada lote. O volume do 12m³ foi utilizado por ser o volume capaz de restaurar a vazão de pré-urbanização do lote considerado. Foi utilizada uma chuva de 5 anos de tempo de recorrência, com duração de 6 horas, representativa da que ocorre na Bacia do Rio Joana, localizada no município do Rio de Janeiro, a qual apresenta sérios problemas de cheias urbanas.      

RESULTADOS:

Com as simulações, foram observadas para efeito de comparação, as vazões máximas obtidas no exutório do trecho hipotético de bacia, obtendo-se como base para esta comparação a vazão de pré-urbanização igual a 41,87 l/s. Considerando os lotes 50% impermeabilizados obtivemos: 96,03 l/s para o cenário urbanizado sem reservatórios; 90,73 l/s com a implantação de um reservatório de 12m³; 90,81 l/s com a implantação de doze reservatórios de 1m³; 87,83 l/s com a implantação de seis reservatórios de 2 m³; e 32,86 l/s com a implantação de doze reservatórios de 12m³. Para os lotes 100% impermeabilizados os resultados obtidos foram: 133,25 l/s para o cenário urbanizado sem reservatórios; 127,01 l/s com a implantação de um reservatório de 12m³; 131,33 l/s com a implantação de doze reservatórios de 1m³; 127,85 l/s com a implantação de seis reservatórios de 2 m³; e 60,43 l/s com a implantação de doze reservatórios de 12m³. Sob o ponto de vista da eficiência de implantação dos reservatórios, se mostrou menos eficiente o cenário com a implantação de doze reservatórios de 1m³ em lotes 100% impermeabilizados com 2,1%, e mais eficiente a implantação de doze reservatórios de 12m³, com 116,64% de eficiência em lotes 50% impermeabilizados.

CONCLUSÕES:

A partir dos resultados das simulações, pode-se perceber que a aplicação mais eficaz seria a de grandes reservatórios distribuídos pela bacia, mas ainda assim restaria uma parcela de vazão correspondente a ruas e calçadas, sendo esta de responsabilidade do poder público, não cabendo ao proprietário do lote. De qualquer modo a implantação dos reservatórios sempre exerce algum controle sobre as vazões e considerando-se chuvas de menor intensidade os pequenos reservatórios apresentar-se-iam mais eficientes. Pode-se concluir que o uso de reservatórios de lote pode ser uma importante ferramenta para controle de enchentes urbanas, por atuar de modo distribuído sobre a bacia, controlando a geração de escoamentos na sua fonte.

Instituição de fomento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: reservatórios de lote; controle de cheias; drenagem urbana.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006