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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada

OS REGIONALISMOS NO APRENDIZADO DE UMA SEGUNDA LÍNGUA: ESTUDÁ-LOS OU NÃO?

Claci Ines Schneider 1
(1. Departamento de Língua e Literatura Estrangeira / CCE / UFSC)
INTRODUÇÃO:

A língua espanhola é atualmente uma das mais faladas no mundo e apesar da diferença cultural que existe entre seus falantes possui uma unidade lingüística incontestável. Esta diversidade cultural resulta em algumas formas diferentes de falar e em algo que é comum a qualquer língua, o constante surgimento de novos Regionalismos. Na área da lexicografia lamentavelmente existem pouquíssimos trabalhos sobre este tema, não por que não seja importante mas pela complexidade do assunto. Normalmente prioriza-se trabalhar somente as línguas standard, que são mais perenes e exigem estudos menos arriscados. Porém, nos últimos anos a Real Academia Espanhola tem dado uma importante abertura às academias Latino-americanas para que contribuam com os regionalismos encontrados em seus países, desde que cumpram as exigências necessárias para entrarem no corpus do DRAE.

O Laboratório de Lexicografia da Ufsc, que faz parte do Grupo de Lexicografia Pedagógica junto ao Cnpq, investiga o léxico particular de cada um destes países e o que dizem os poucos teóricos que estudam este assunto. Nosso objetivo é estudar, formar um pequeno acervo e posteriormente divulgar as descobertas aos colegas. O que consideramos de fundamental importância para que os aprendizes de uma nova língua possam se aproximar mais deste universo, que está tão ausente da realidade acadêmica e consequentemente dos bancos escolares.

METODOLOGIA:

Primeiramente houve uma preocupação com a coleta de materiais em bibliotecas, sites e afins, para formar um banco de dados, tendo em vista que quase não há trabalhos publicados nesta área. Depois disto, fizemos uma análise dos materiais e posteriormente realizamos estudos e debates a fim de conhecer mais sobre esta área praticamente inexplorada da lexicografia. Além disso, procuramos observar características semelhantes entre o espanhol não standard de cada país e ver que relação há entre as raízes de tais expressões. Para isso contamos também com o auxílio de falantes nativos de cada país, com o objetivo principal de verificar a veracidade das expressões estudadas e a sua possível caducidade. Outra fonte de apoio foi o projeto de Extensão Una Vuelta por Hispanoamérica, que busca conhecer características variadas dos países latino-americanos - num tom de interdisciplinaridade. Observamos que é importante saber qual a carga semântica de cada palavra e como a cultura de cada país interfere na sua linguagem.

RESULTADOS:

Observamos que as Expressões Regionais estudadas se formam devido as heranças culturais recebidas dos primeiros colonizadores, dos imigrantes e dos modismos vigentes na atualidade e principalmente dos primeiros habitantes do continente, os indígenas, em razão disto ficam restritas a estes grupos. Por outro lado, observamos que algumas expressões ultrapassam essas fronteiras, sendo comuns em grandes áreas contíguas do coninente e, as vezes também, em zonas lingüísticas diferentes.

No que de refere ao uso efetivo dos resultados da pesquisa, surpreendeu-nos o fato de que a maioria dos professores do curso de Letras Espanhol da Ufsc ter demonstrado um maior interesse por este tipo de informações, passando a aplicar de diversas formas em sala de aula, muitos dos temas abordados pelo projeto, no intuito de fazer com que todos conheçam a diversidade lingüística e cultural existente entre os países de fala espanhola. Isso acarreta também a aquisição de um vocabulário mais diversificado, pois o que se aprende em sala de aula é o chamado espanhol internacional, não restando tempo para que se aprendam as gírias, argots e expressões regionalistas de cada país. O que pode ser fundamental em certas circunstancias.

CONCLUSÕES:

No desenvolver do projeto se observou que apesar da unidade lingüística existente - pois um falante de espanhol é entendido em qualquer um dos países hispânicos - há palavras que podem causar sérios problemas de comunicação bem como o desconhecimento de certas características culturais. Por isso ressaltamos a importância de se estudar um pouco de cada coisa. Falar uma segunda língua é comunicar-se e para que isso ocorra de uma forma coerente é importante conhecer o universo no qual se está entrando. Conhecer um pouco da cultura refletida no modo de falar de cada país é uma aventura bastante interessante e prazerosa, custa trabalho, mas vale a pena.

 
Palavras-chave: REGIONALISMOS; LEXICOGRAFÍA; SEGUNDA LÍNGUA.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006