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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural

A PERCEPÇÃO DAS ALUNAS DA ESCOLA SOL NASCENTE  SOBRE O PROCESSO ESCOLAR.  (GLEBA ASSURINI – ALTAMIRA /PA)

Jaqueline Vicentim dos Anjos 1
Lindomal Ferreira dos Santos 1
(1. UFPA / Altamira -PA)
INTRODUÇÃO:

O estudo volta-se para o exame de uma questão que tende a ser explorada de forma significativa nessa região da Transamazônica. Trata-se de registrar os entraves na escolarização das mulheres pertencentes a grupos familiares rurais locais. A pesquisa também traz um exame dos papeis estereotipados atribuído às mulheres agricultoras, a sobrecarga de trabalho que desempenham e sobre as relações de poder que se encontram em todos os aspectos da  vida social. O presente trabalho realizou-se sob a forma de monografia e tem por objetivo a analise da percepção das alunas sobre o processo escolar.

METODOLOGIA:

O campo empírico para a realização desta pesquisa foi à escola municipal de Ensino Fundamental Sol Nascente, unidade pólo, localizada na Gleba Assuriní – Altamira (PA). Inicialmente realizou-se  pesquisa bibliográfica bem como observações em campo, sendo que o universo pesquisado restringiu-se a 05 alunas de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental. A coleta dos dados apoiou-se em entrevistas semi-estruturadas, visitas informais e observação direta. Foram utilizados os registros do diário de campo, e depoimentos gravados em áudio, bem como transcritas as entrevistas e analisadas em confronto com a teoria adotada.

RESULTADOS:

As mulheres selecionadas apresentam características similares, tais como: pertencem a grupos familiares agrícolas; são ou já foram casadas; têm filhos; ocupam-se do serviço doméstico e do trabalho no roçado; todas freqüentam a Igreja Católica; compartilham dos mesmos hábitos de vida e das dificuldades em desempenhar suas funções tradicionais, tais como: cuidar de casa, do marido, dos filhos, ajudar na roça, alimentar as criações e freqüentar a escola. Para todas as mulheres entrevistadas o acesso à escolaridade foi muito restrito, pois tiveram que trabalhar na roça para ajudar os pais e, posteriormente, o marido. Os motivos que levaram essas mulheres a evadirem da escola não diferem muito, os principais são: por não haver escola na localidade onde moravam; por se casar e engravidar muito cedo; pela necessidade de trabalhar (na roça) e garantir o sustento.

CONCLUSÕES:

Percebe-se também que, pelo modo de organização no campo, as mulheres acabam sendo expostas a um desgaste físico. Este aspecto evidencia-se no estado de cansaço que as mulheres apresentam ao chegar à escola. As mulheres que participam diretamente do trabalho na roça e dos afazeres domésticos acabam por comprometer o seu desempenho escolar, visto que dificilmente fazem as tarefas extraclasses e estudam somente para provas. As mulheres agricultoras do Assuriní por estarem diretamente envolvidas no trabalho doméstico; no trabalho diário no campo, a escola seria oportunidade única de fuga das atividades diárias, sendo vista também como um momento de lazer na vida dessas mulheres. Isso porque as próprias alunas refletem tal posicionamento, uma vez que as mesmas, estão sobrecarregadas de funções tais como: cuidar do marido e dos filhos, dar conta do serviço doméstico e do serviço na roça, e ainda cuidar de animais de pequeno porte.

 
Palavras-chave: Gênero; Educação; Mulheres agricultoras.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006