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C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 3. Imunogenética
HAPLÓTIPOS HLA ASSOCIADOS À INFECÇÃO PELO PAPIPOMAVÍRUS HUMANO (HPV)
Ana Maria Sell 1
Gláucia Andréia Soares Guelsin  1
Sueli Donizete Borelli  1
Maria Angélica Ehara Watanabe  2
Márcia Edilaine Lopes Consolaro  1
(1. Departamento de Análises Clínicas, Universidade Estadual de Maringá; 2. Departamento de Ciências Patológicas, Universidade Estadual de Londrina)
INTRODUÇÃO:
O sistema HLA (do inglês, Human Leukocytes Antigens) codifica glicoproteínas de membrana especializadas na apresentação dos antígenos a diferentes subpopulações de linfócitos T. Essas proteínas são codificadas por genes localizados no cromossomo número seis, organizados em regiões de classe I (locos A, B e Cw) e classe II (regiões DR e DQ) e se caracterizam pelo alto grau de polimorfismo. Devido a proximidade entre os genes, os alelos HLA são herdados como unidade, denominada haplótipo. A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) constitui um dos principais fatores de risco ao desenvolvimento de lesões malignas na cérvice uterina. Os mecanismos de defesa envolvidos na regressão da infecção pelos vírus HPV envolvem a resposta imune mediada por células, sendo necessária uma apresentação adequada aos linfócitos, mediada pelas proteínas HLA. Falhas nesse processo podem ser responsáveis pela susceptibilidade às doenças. Diversos estudos demonstraram associações entre os alelos ou haplótipos HLA e a infecção pelo HPV, porém o conhecimento deste em nossa população se faz necessário, uma vez que o polimorfismo HLA varia entre os diferentes grupos étnicos e populacionais. O câncer cervical é a segunda causa de mortes em mulheres de todo o mundo e no Brasil, têm sido descritas altas taxas de incidência anual. Sendo assim, estudo dessa associação pode ser importante para o entendimento do curso da infecção, bem como auxiliar no prognóstico da doença.
METODOLOGIA:
Para o estudo, foram selecionadas 56 pacientes, mulheres caucasóides, HPV positivas das cidades de Maringá e Londrina, de acordo com a citologia oncótica cérvico-vaginal, e 150 mulheres, saudáveis, da mesma região que constituíram o grupo controle. O DNA foi extraído a partir de 10 mL de sangue periférico, utilizando o Kit Gentra Systems (Minneapolis, USA). Após avaliação da concentração, o DNA foi aliquotado e estocado a 40C, para ser amplificado posteriormente. O método utilizado foi o micro SSPTM DNA (One Lambda, Inc. Canoga Park, CA) utilizando-se o termociclador Perkin-Elmer 9600. Os fragmentos de DNA amplificados foram separados por eletroforese, em cuba micro SSP gel System (MGS-B, One Lambda), em gel de agarose a 2.5%, a 150 volts, por 4 minutos. A visualização das bandas foi realizada pela coloração com brometo de etídio e exposição à luz ultravioleta. A interpretação dos resultados foi baseada na presença ou ausência de fragmentos específicos de DNA amplificados. O alelo HLA foi definido a partir das interpretações das fichas-padrão que acompanham as placas. As reações foram documentadas em fotografias (Polaróide MP-4 Land). O programa computacional Arlequin foi utilizado para o cálculo das freqüências alélicas e haplotípicas. O nível de significancia da distribuição dos alelos e haplótipos entre pacientes e controles foi avaliado pelo teste de Fisher e a magnitude da associação por odds ratio (OR) com intervalo de confiança de 95%.
RESULTADOS:
A distribuição das freqüências dos alelos HLA de classe I (HLA-A e B) e de classe II (HLA-DRB1) foram determinadas e comparadas entre pacientes e controle. As amostras encontraram-se em equilíbrio de Hardy-Weimberg e alta heterozigosidade (85-96%) foi observada para os três locos HLA analisados. Os alelos mais freqüentes foram HLA- A*02, A*03, A*24 e A*01; B*44, B*35 e B*15; DRB1*11, DRB1*01 e DRB1*07, característicos de caucasóides. Nossos resultados demonstraram não haver diferenças estatisticamente significativas, para os alelos HLA de classe I e de classe II, entre pacientes e controle, embora as freqüências dos alelos HLA- B*44 e HLA-DRB1*11 fossem maior no grupo de pacientes. No entanto, foram observadas diferenças significativas entre haplótipos HLA- B*/DRB1 (p£0.05) Os haplótipos HLA-B*44/HLA-DRB1*01 (OR=7.25, IC=1.37-38.56 e p=0.0170) e HLA-B*44/HLA-DRB1*11 (OR=11.46, IC= 1.25-104.90 e p=0.0200) foram significativamente associados com a susceptibilidade a infecção pelo papilomavirus humano (HPV).
CONCLUSÕES:
O envolvimento de genes que controlam a resposta imunitária tem sido avaliado e algumas associações entre alelos HLA e a infecção pelo HPV foram relacionados à susceptibilidade ou resistência a infecção pelo HPV e ao desenvolvimento do câncer cervical. Em nosso trabalho, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os alelos HLA de classe I (HLA-A e B) e classe II (DRB1*) entre pacientes e controles. No entanto, dois haplótipos HLA –B/DRB1* (HLA-B*44/DRB1*01 e HLA-B*44/ DRB1*11) foram relacionados com a susceptibilidade a infecção pelo HPV. Estudos conduzidos em outras populações indicaram o alelo de classe I HLA-B*44 como um possível fator de risco a infecção, decorrente de inadequada apresentação dos peptídeos antigênicos aos linfócitos T citotóxicos. Em outras populações, uma associação positiva do haplótipo DRB1*11-DQB1*03, foi observada. Estudos posteriores serão conduzidos em relação aos alelos DQB1*.
Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UEM
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: HLA; HPV; Estudo de associação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006