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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 8. Psicologia do Trabalho e Organizacional

O PAPEL DO PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL EM EMPRESAS COM A POLÍTICA DE ADMISSÃO DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS EM DECORRÊNCIA DE UMA DEFICIÊNCIA FÍSICA, SENSORIAL OU MENTAL, REALIZADO NA CIDADE DE UBERLÂNDIA, MG.

Nidiamara Guimarães 1
Flaviana Franco Naves 1
Hérika Beatriz Mota Oliveira  1
Mariana Custódio Afonso  1
Marina Borges e Silva  1
Natália Fontes de Castro  1
(1. Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia - UFU)
INTRODUÇÃO:

Essa pesquisa refere-se ao interesse de perceber os aspectos do trabalho do psicólogo organizacional em empresas com a política de admissão de funcionários com necessidades especiais em decorrência de uma deficiência física, sensorial ou mental. O despertar da atenção para a questão da habilitação e da reabilitação dessas pessoas para o trabalho aguçou-se a partir da Revolução Industrial, quando o trabalho, em condições precárias, passou a ocasionar os acidentes mutiladores e as doenças profissionais, sendo necessária a criação do Direito do Trabalho e um sistema eficiente de Seguridade Social, com atividades assistenciais, previdenciárias e de atendimento à saúde, bem como a reabilitação dos acidentados. Para tanto, faz-se necessário a atuação de um profissional que viabilize e facilite essa inserção de  forma eficiente a respeitar as especificidades de cada sujeito a ser inserido na organização. Assim, o psicólogo organizacional é o responsável pela estruturação do trabalho e seus impactos psicossociais, especialmente sobre a qualidade de vida e a saúde do trabalhador. Cabe à atuação do psicólogo organizacional não só o domínio das atividades de recrutamento e seleção via utilização de testes psicológicos, como também novas práticas que surgiram da necessidade de exigência de uma outra maneira de enxergar novas formas de trabalho, como administração de pessoal, qualificação, condições de trabalho, higiene, relações de trabalho e mudanças organizacionais.

METODOLOGIA:

Primeiramente foram feitos contatos telefônicos com 35 empresas da cidade de Uberlândia-MG. Dessas empresas, 11 apresentaram obstáculos que impediram a realização da entrevista, 15 não cumpriam os critérios para a realização da pesquisa e 9 cumpriam os critérios para a participação na amostra da pesquisa, que eram empresas que possuíssem psicólogos organizacionais, mais de 100 funcionários e adotavam a política de admissão de beneficiários da Previdência Social reabilitados ou pessoa com alguma deficiência habilitada. O instrumento utilizado foi a aplicação de entrevistas semi-estruturadas, contendo seis perguntas, sendo que o grupo se organizou em duplas para realizar as entrevistas nas empresas. As perguntas visavam perceber a opinião dos participantes a respeito da lei, sua participação na admissão de pessoas com deficiência, se existe algum trabalho realizado por este profissional com essas pessoas após a contratação, se encontram dificuldades ao lidar com esses funcionários e quais são as alternativas encontradas para que haja uma melhor inserção dos mesmos.

RESULTADOS:

Ao analisar os dados, constatou-se que todas as psicólogas entrevistadas consideram importante a lei de admissão de pessoas com necessidades especiais em empresas com mais de 100 funcionários. Da amostra, 89% acreditam que a admissão dessas pessoas deveria ocorrer naturalmente, independentemente da existência da lei. 55% das entrevistadas não participam ativamente do processo seletivo, enquanto 45% realizam entrevistas durante esse processo, ressaltando a importância de se observar o perfil do candidato para o cargo; acreditam que uma alternativa encontrada para lidar com os indivíduos com alguma deficiência é direcioná-los para uma função em que eles melhor se enquadram. Após a contratação dessas pessoas, 89% dos participantes disseram não realizar nenhum trabalho específico, já que elas devem ser tratadas de forma igualitária. Das psicólogas, 67% afirmam que não há dificuldades em trabalhar com esses indivíduos, uma vez que eles se encaixam no perfil da vaga, enquanto 33% encontram dificuldades, principalmente com os funcionários que possuem deficiência auditiva e visual. Outro dado importante é que 78% acreditam que as deficiências dessas pessoas não as impedem de trabalharem normalmente, desde que algumas adaptações na empresa sejam feitas; 11% salientam que é difícil estabelecer o limite entre normal e deficiente, e o restante afirma que os deficientes são pessoas que tiveram algum transtorno e deixaram de exercer o direito de ser seres humanos.

CONCLUSÕES:

Em função da pesquisa realizada, pode-se concluir que existe um consenso das psicólogas organizacionais entrevistadas a respeito da importância da lei 8.231/91 para garantir a admissão das pessoas com necessidades especiais, já que não há uma conscientização da sociedade a respeito do potencial e capacidades desses indivíduos. Percebeu-se que as psicólogas encaminham esses funcionários para cargos adequados às suas deficiências, que não aumente suas limitações e não gere constrangimento à pessoa contratada. Foi constatado que na maioria das vezes não existe um trabalho específico realizado com esses indivíduos após sua contratação, uma vez que eles são colocados em situação de igualdade em relação aos outros funcionários, e suas deficiências são tratadas de forma indiferente. É importante ressaltar que uma parcela significativa dos participantes acredita que é necessário existir um trabalho mais direcionado às pessoas com necessidades especiais contratadas pela empresa. Notou-se uma dificuldade das entrevistadas em discernir quem são as pessoas com deficiência habilitada por se tratar de um tema amplo e complexo. Além disso, é difícil estabelecer o limite entre a normalidade e a deficiência.

 
Palavras-chave: Psicólogos; Deficientes; Empresas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006