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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO MIGMATITO SOB ATUAÇÃO DE C. substellata E C. verticillaris (LIQUENS) COMO FATOR DE FORMAÇÃO PRIMÁRIA DOS SOLOS.

Herika Maria da Silva Barbosa 1
Bárbara Cibelli Gusmão da Silva 1
Eugênia Cristina Gonçalves Pereira 1
Nicácio Henrique da Silva 2
(1. Departamento de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE; 2. Departamento de Bioquímica, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE)
INTRODUÇÃO:

Os liquens, associação entre uma alga e um fungo, são seres que sobrevivem em condições ambientais das mais diversas. Devido a sua capacidade de adaptação a distintos habitats e substratos, são eles considerados seres pioneiros na colonização de rochas. As primeiras etapas da transformação da rocha pelos liquens em solo, se processam através de um crescente fragmentar por meio de desintegração física, como por penetração de raízes de liquens e através de decomposições químicas mais complexas, como a quelação exercida através de substâncias liquênicas. Tais etapas não dão origem a um solo, mas cria um manto de intemperismo que constitui o material gerador de solos. Sabe-se que os problemas advindos do uso irracional, seja do solo urbano ou do rural, sem dúvida têm despertado cada vez mais o interesse de estudiosos e pesquisadores do mundo inteiro. Desta forma, o objetivo da realização deste trabalho é registrar a importância dos liquens no processo de formação do solo a partir do conhecimento de que várias substâncias liquênicas possuem ação quelante sobre rochas.

METODOLOGIA:

Para observar mais claramente como ocorre a interação entre o migmatito (coletado no município de Pombos-PE) e os ácidos úsnico e fumarprotocetrárico (FUM), extraídos de C. substellata (coletada em Mamanguape-PB) e C..verticillaris (coletada em Saloá-PE), respectivamente, três experimentos foram elaborados. No primeiro, parte da rocha foi submetida à ação do ácido úsnico e outra ao ácido FUM, ambos mantidos em solução com água deionizada a 100mg/mL sendo inserida a variável temperatura (40ºC por 12h diárias). No período de quinze dias, amostras da rocha foram coletadas com 24h,48h,72h, 7 dias e 15 dias. No segundo experimento, migmatito triturado foi submetido, em temperatura ambiente, a soluções semelhantes durante três meses. Neste período as alíquotas foram coletadas com 24h, 48h, 72h, 7 dias, 15 dias e uma vez a cada mês até o terceiro. Por fim, a terceira situação analisou, em temperatura ambiente, o comportamento dos talos in natura de C. substellata e C. verticillaris, que foram depositados sobre migmatito triturado e umedecidos três vezes por semana com água deionizada. Amostras de líquen e de rocha foram coletadas semanalmente no período de três meses. Posteriormente, as amostras foram analisadas em Cromatografias em Camada Delgada (CCD’s) para verificação da interação entre rocha e líquen.

RESULTADOS:

A partir da realização de CCD’s foi possível analisar, nas bandas evidenciadas, que em todos os experimentos laboratoriais, tanto os ácidos úsnico e FUM, quanto os talos liquênicos referidos, interagiram com a rocha. Vale ressaltar que a temperatura foi um fator de aceleração das reações químicas e conseqüente intemperização da rocha. Tal fato foi observado logo a partir das primeiras 24 da montagem dos experimentos.

CONCLUSÕES:

O trabalho comprova as contribuições das substâncias liquênicas na degradação biogeoquímica da rocha-mater formando um manto de intemperismo, que somado a fatores intempéricos como clima, relevo, ação biológica, dentre outros, contribuem para a manutenção e formação de solos primitivos. O talo in natura reproduziu o mecanismo de ação da decomposição da rocha e sucessão ecológica, observado sob condições naturais. Desta forma esta pesquisa possibilitou o conhecimento da micota liquenizada regional, além do acompanhamento das etapas de degradação e formação primária de solos.

Instituição de fomento: Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
 
Palavras-chave: Migmatito; Substâncias Liquênicas; Quelação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006