O conhecimento sobre plantas medicinais muitas vezes é o único recurso terapêutico de comunidades e grupos étnicos. Ainda hoje nas regiões mais pobres do país e até mesmo nas grandes cidades, as plantas medicinais são comercializadas em feiras, mercados e encontradas em residências. Espécies como: Plectranthus grandis, que pertence à família Lamiaceae, conhecida Boldo Grande, é bastante usada na medicina popular como antidispéptica, anti-hepática, hiposecretora gástrica, no tratamento de cólica, entre outros usos etnofarmacológicos. Caesalpinea ferrea faz parte da família Legumenoseae, conhecida popularmente como Jucá, é uma planta que possui ação antiinflamatória, usada no tratamento de contusões e feridas, e utilizada para combater a tosse crônica e a asma. Muitas dessas patologias estão associadas aos processos de peroxidação lipídica Uma forma de prevenir essas enfermidades causadas por radicais livres seria a utilização de substâncias antioxidantes ou alimentos ou ervas medicinais que as contém. Muita atenção tem sido focalizada no uso de antioxidantes, especialmente os naturais, para inibir o processo de peroxidação lipídica ou para proteger o corpo humano dos danos oxidativos dos radicais livres, tanto pelo fato da abundância dos recursos naturais, como também devido ao fato de alguns estudos relatarem que antioxidantes sintéticos podem ter caráter cancerígeno e de alguns dos antioxidantes naturais não possuírem ainda uma comprovação científica de sua potencialidade. Tendo em vista algumas correlações entre os usos populares e atividade antioxidante de uma variedade de plantas, este trabalho teve como finalidade avaliar a capacidade de captura de radicais livres de extratos etanólicos de Plectranthus grandis e Cesalpinia ferrea , tanto do extrato bruto como em suas partições, bem como sua prospecção fitoquímica.

Os constituintes fixos foram extraídos através de extração hidroalcoólica por um período de sete dias. Após a evaporação completa deste solvente, obteve-se o extrato seco que foi submetido à cromatografia filtrante a vácuo, usando-se como eluentes os seguintes solventes: diclorometano, acetato de etila e etanol. Os extratos obtidos após a evaporação dos solventes foram avaliados quanto à classe dos constituintes químicos (testes fitoquímicos que foram realizados segundo protocolo descrito por Matos - 1997) e à atividade antioxidante pelo método de captura de radicais livres DPPH (Yepez, 2002), que constitui na mistura reacional de 3,9mL de uma solução de radical livre DPPH em metanol (6,5 x 10^-5 M) e 0,1mL da solução metanólica dos extratos (10mg/mL), monitorando-se a absorbância à 515nm em um espectrofotômetro Spekol 1100 no intervalo de 0 a 60 min. O resultado final é obtido calculando-se o índice de varredura (IV) relacionando a absorbância do DPPH com a absorbância da amostra em percentagem de Índice Varredor (IV%).

O IV% das amostras testadas foram os seguintes: as partições do extrato (fração acetato de etila e fração etanólica) de Caesalpinia ferrea, mostraram respectivamente IV% de 90,92% e 92,93%; as partições do extrato (fração acetato de etila e fração etanólica) de Plectranthus grandis, mostraram respectivamente indices de varredura percentual de 82,26% e 86,12%. Mostrando-se mais eficaz quanto a atividade antioxidante a fração etanólica de C. ferrea. Todas as amostras apresentam altos índices varredores dos extratos que provavelmente se devem aos taninos (condensados) e aos flavonóides (flavonas, flavonóis, flavanonas) identificados qualitativamente através da análise fitoquímica, onde esses compostos são conhecidos por sua capacidade varredora de radicais livres.

Com os experimentos realizados, através do método de captura de radicais livres DPPH, foi constatado o alto poder antioxidante dos extratos e frações de Caesalpinia férrea e de Plectranthus grandis que provavelmente está ligado à presença de taninos e flavonóides, verificado nos testes fitoquímicos. Plantas ricas em taninos são empregadas no uso popular para o tratamento de diversas moléstias, como problemas estomacais, processos inflamatórios em geral, feridas, queimaduras, entre outras. Já os flavonóides apresentam principalmente características antitumoral, antiinflamatório, antiviral e antioxidante.