Neste trabalho apresentamos uma proposta que tem por objetivo diminuir as dificuldades de identificação e reconhecimento das constelações no céu.

Nossa atividade refere-se à aplicação do lúdico como ferramenta de ensino, na categoria jogos, objetivando o reconhecimento e identificação das constelações do céu por crianças do nível fundamental almejando uma preparação para a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), nos níveis um e dois, que são restritos às crianças de primeira à quarta série.

Em nossa atividade utilizamos as estratégias da Amarelinha do Céu e do Jogo da Memória como ferramentas para assimilação da forma e reconhecimento das constelações.

No jogo Amarelinha do Céu, inicialmente utilizamos uma mensagem representativa de uma viagem proposta aos alunos, na qual, para percorrer as etapas da Amarelinha, é necessário conhecer as denominações de cada espaço visitado pelas naves imaginárias, representadas por suas bolinhas de papel.

No Jogo da Memória, são apresentados pares de cartas contendo a figura e nome das constelações, que podem ser observadas por alguns minutos. Logo depois as cartas são viradas e começa-se o jogo com a primeira criança escolhida por sorteio. As crianças permanecem diante das cartas viradas, cujos versos estão numerados. As cartas são desviradas de acordo com a solicitação da criança que estiver na vez. A cada acerto, a criança recolhe para si o par de cartas. A cada erro, passa-se a vez para a criança sentada ao lado de quem jogou anteriormente. No final da brincadeira vence quem tiver encontrado o maior número de pares das constelações.

Em ambos os jogos a mensagem está concentrada na descoberta e construção do conhecimento das formas e nomes das constelações existentes, em uma escala conteudista visando habilidades e competências dos alunos. No entanto, vale ressaltar que estes mesmos jogos apresentam pressupostos para trabalharmos questões éticas e sociais, como regras a serem decididas e julgadas no contexto do ambiente criado.

As atividades lúdicas são uma mídia privilegiada para a aplicação de uma educação que vise ao desenvolvimento pessoal e à cooperação.

Em especial, a mensagem utilizada neste trabalho também pode contar com uma boa aceitação por se tratar de figuras e formas referentes às estrelas e ao céu, uma vez que o estudo das constelações sempre estimulou a curiosidade humana.

Nosso planejamento foi baseado em vários questionamentos de como reconhecer e identificar as constelações no céu. Tais questionamentos, muitas vezes feitos pelo próprio público adulto em contato com a Astronomia, nos estimularam a pensar e desenvolver uma maneira estimulante de apresentar tais formas a um público infantil.

A realização destas atividades lúdicas para o ensino- aprendizagem de Astronomia mostrou-se uma boa estratégia, uma vez que se trabalha com formas e representação de mundo, algo muito comum na psicologia da educação na fase infantil.

A espontaneidade na participação dos alunos, além do aumento da autoconfiança e auto-estima, foram alguns dos avanços mais verificados durante as atividades, pois cada vez mais os alunos buscaram participar destes jogos. Também pudemos perceber o cooperativismo, pois quando alguns alunos apresentavam dificuldades de recordar as questões do momento, eram auxiliados pelos outros. Tudo isso curiosamente permeado pelo instinto natural de competição e desafio existente nos jogos infantis de um modo geral.

Com este trabalho temos por objetivo analisar a utilização de alguns jogos como ferramentas para auxiliar no ensino-aprendizagem da Astronomia; mais especificamente, para a identificação e reconhecimento das constelações por crianças das primeiras séries do ensino fundamental.

Obtivemos um interesse além do esperado por parte dos alunos envolvidos, como pode ser verificado em alguns dos questionamentos surgidos durante a prática destes jogos, que reproduzimos a seguir:

- E.C. (Nível 1): "Podemos observar o céu esta noite para conferir os resultados do jogo?"

- E.B. (Nível 1): "Há alguma constelação na forma de lobo?"

- C.B. (Nível 2): "Dá para ver estas constelações esta noite?"

- N.S. (Nível 2): "As constelações que vemos mudam no céu?"

Em parte buscando satisfazer a tais questionamentos, levantados durante a realização dos jogos, a projeção das constelações e identificação realizada pelos alunos se mostrou uma ferramenta eficaz, no sentido de localizarem as constelações apresentadas anteriormente em fotografias do céu.

A curiosidade dos alunos em saber se naquele período estas constelações estariam no céu de sua região aumentou a motivação para o estudo das noções de movimento da esfera celeste, das estações do ano e do céu característico das regiões.

Estas são evidências de que a aplicação aqui tratada alcançou o objetivo desejado, que era de desenvolver competências e habilidades referentes ao tema de constelações do céu.