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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
Desempenho cognitivo em idosos de uma unidade do programa de saúde da família (PSF) avaliado pelo mini-exame do estado mental (MEEM).

Hildegard Naara Alves Furtado da Costa 1, 2, 3, 5
Ivelise Fhrideraid Alves Furtado da Costa 1, 2, 4, 5
Andrea Carolino do Monte 1, 2, 4, 5
Cleriston Machado Cavalcante 1, 2, 4, 5
Fabiana de Oliveira Melo 1, 2, 5, 6
(1. Universidade Estadul da Paraíba/UEPB; 2. Centro de ciências biológicas e da Saúde; 3. Departamento de Farmácia; 4. Departamento de Enfermagem; 5. Núcleo de Extensão e Pesquisas Epidemiológicas/NEPE; 6. Departamento de Fisioterapia)
INTRODUÇÃO:
O envelhecimento da população é um fenômeno mundial que tem conseqüências diretas no sistema de saúde pública. As demências caracterizam-se pelo declínio das funções cognitivas, sobretudo memória e linguagem, mudanças no comportamento e da personalidade, além de prejuízo no desempenho
psicosocial. O diagnóstico das síndromes demenciais depende da avaliação objetiva do funcionamento cognitivo e do desempenho em atividades da vida diária. A avaliação cognitiva pode ser iniciada com testes de rastreio que são influenciados por variáveis sócio-demográficas, tais como: idade,
escolaridade e nível sócio-econômico. Em 1994 foi adaptado um teste para o nosso contexto sociocultural: o mini-exame do estado mental. Mesmo gerando controvérsias, o diagnóstico precoce das demências possibilita intervenção terapêutica, diminui os níveis de estresse para os familiares, reduz riscos
de acidentes, prolonga autonomia e talvez, em alguns casos, evite ou retarde o agravamento do processo demencial. Apesar do crescimento da população idosa está em ascensão, só 10% dos estudos populacionais são dirigidos à população de pacientes com demência que vive nos países do terceiro mundo.
Observando esse quadro, o presente trabalho visou avaliar o desempenho cognitivo em idosos, atendidos em uma unidade do PSF na cidade de Campina Grande, utilizando o mini-exame do estado mental.

METODOLOGIA:
O estudo transversal foi realizado nas dependências de uma unidade do PSF e em residências de pacientes com mais de 60 anos, que estavam presentes durante a permanência da pesquisadora na unidade – sempre às quartas-feiras
à tarde. A coleta dos dados foi realizada nas dependências do PSF (19 pacientes – 57%) e nas residências (14 pacientes – 43%). As informações colhidas foram obtidas com a ajuda de um questionário com questões destinadas a identificar os dados pessoais, doenças presentes e medicações utilizadas. Relacionamos a resposta ao MEEM à idade, gênero, estado civil; e nível sócio-econômico. O ponto de corte para as respostas ao MEEM levou em conta a escolaridade dos pacientes: para menos de quatro anos, entre quatro e oito anos e acima de oito anos, os valores foram respectivamente >14; >18 e >24 pontos. A análise estatística descritiva foi realizada com o software Epi info (versão 2003).

RESULTADOS:
Examinamos 33 pacientes, 27 mulheres (81,8%) e seis homens (18,2%), média de idade = 71,9 + 9,5 anos (60 a 103 anos). A idade média das mulheres foi de 71,2 + anos, para  e os homens 83,1 anos +. Dos questionados, 27,3%(9) nasceram no município de Campina Grande; 57,5%(17) nasceram em outras cidades do
estado da Paraíba, e 15,2(5) nasceram em outros estados do nordeste.
Declararam-se solteiros 18,2%(6), casados 48,5%(16), separados 6,1%(2) e 27,3%(9) viúvos.
Dos entrevistados 24,2%(8) afirmaram-se analfabetos 55,6%(17) possuíam o ensino fundamental incompleto; com mais de oito anos de escolaridade somam-se 9%(3) e 15,2%(5) não responderam. 81,5%(22) das mulheres tinham menos de oito anos de escolaridade, contra 50,0%(3) dos homens; 16,7%(1) dos homens tinham ensino superior. Nenhuma mulher tinha mais do que oito anos de estudo. Do total entrevistado 57,6%(14) sabiam ler e 42,4%(19) não sabiam ler. Todos os pacientes
usavam  algum tipo de medicamento. Os medicamentos mais usados foram hipotensores, diuréticos e cardiotônicos, utilizados isoladamente ou associados. O desempenho ao exame foi abaixo do ponto de corte em 30,3% (10) dos casos; 25,9%(7) das mulheres e 50% (3) dos homens.
CONCLUSÕES:
Grande parte da população entrevistada apresenta baixo nível de
escolaridade, com mais da metade dos casos de pessoas que não sabem ler.
Estima-se que em pessoas com mais de 65 anos a prevalência de doença de Alzheimer seja maior que 14%. Na amostra estudada, a prevalência de déficit cognitivo, rastreada pelo MEEM foi maior do que se esperava (30,3), considerando os dados da literatura. Isso reflete a necessidade de avaliar essa população para transtornos cognitivos de forma mais freqüente, porque
possivelmente, muitos dos nossos pacientes são portadores de algum tipo de demência e nenhum deles recebe tratamento específico no momento.

Instituição de fomento: PIBIC/UEPB/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Mini-exame do estado mental; Demência; Idosos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006