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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia

CARACTERIZAÇÃO FARMACOGNÓSTICA DAS FOLHAS DE Leonurus sibiricus L.

Virgínia Sbrugnera Nazato 1
Rafael da Silva Melo 1
Ana Rose Vita 1
Anare Badin 1
Magali Glauzer Silva 1
Luciane Cruz Lopes 1
(1. Universidade de Sorocaba (Uniso))
INTRODUÇÃO:

O emprego de plantas medicinais na recuperação da saúde tem evoluído ao longo dos tempos desde as formas mais simples de tratamento local, provavelmente utilizada pelo homem das cavernas até as formas tecnologicamente sofisticadas de fabricação industrial utilizada pelo homem moderno.

Tradicionalmente, a Leonurus sibiricus L., conhecida popularmente como rubim, tem sido empregada na medicina popular em todo o mundo há séculos, sendo seu primeiro registro na literatura do ano 106 da Era Cristã. Considerada amarga, diurética, estimulante da circulação, hipotensora, é aplicada principalmente para o tratamento de processos inflamatórios. É nativa da Sibéria, China e Japão e naturalizada em quase todo o território brasileiro, de crescimento espontâneo, principalmente no Sul e Sudeste.

Relevando dados etnofarmacológicos e a necessidade de informações farmacognósticas desta planta, objetivou-se neste trabalho, a caracterização da droga obtida das folhas de Leonurus sibiricus L., bem como, extrato de diclorometano, caracterizado como antiinflamatório, preliminarmente pelos nossos estudos.

 

METODOLOGIA:

Utilizou-se material vegetal cedido pelo Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp. Para a caracterização farmacognóstica da droga realizou-se determinação de cinzas totais; quantificação de polifenólicos totais, através de espectrofotometria com reagente fosfomolibdotúngstico, por captação dos métodos sugeridos por Reicher (1981) e Farmacopéia Portuguesa VII, empregando curva-padrão de pirogalol; doseamento de flavonóides totais, por espectrofotometria com solução alcoólica de cloreto de alumínio a 5%, através da adaptação da metodologia empregada por MORI (1997), com curva-padrão de quercetina.  Determinou-se o perfil por cromatografia em camada delgada (CCD), em sistema ascendente, com fase estacionária de sílica gel, sendo que para análise da droga, preparou-se um extrato a 20% (HA), por percolação com etanol 70%, e extrato de diclorometano (DM), por maceração (400g de droga em 2L de solvente). Para HA empregou-se sistema 1: fase móvel acetato de etila, ácido fórmico e água (9:1:1) e revelação com solução NP/PEG 4000. Para DM, sistema 2: fase móvel acetona, clorofórmio e ácido fórmico (10:75:8) e revelador de solução de anisaldeído-sulfúrico, com aquecimento a 110°C/10min. Para controle, se empregou padrões de rutina, quercetina, ácido clorogênico, ácido cafeico (soluções metanólicas a 10%) e β-sitosterol (solução a 10% em diclorometano). Determinou-se o resíduo seco do extrato HA por técnica da Farmacopéia Portuguesa.

 

 

 

RESULTADOS:

A droga apresentou um teor de 6,47% ± 0,1 de cinzas totais. O teor de flavonóides totais foi de 0,12%, tendo sido determinado através da curva-padrão de quercetina sendo respectiva equação de reta de: y= 0,0548x -0,012 e absorbância média obtida de 0,791.  Os polifenólicos totais foram quantificados em 0,8 %, calculados pela curva-padrão de pirogalol: y=0,135x + 0,0356, com absorbância média registrada em 0,210 . O extrato HA apresentou teor médio de resíduo seco de 2,05% (m/v) ± 0,08 e seu perfil cromatográfico pelo sistema 1 proporcionou a visualização de  seis  manchas com Rfs de  0,27 ; 0,39 ; 0,56 ; 0,78 ; 0,83 ; 0,90 (HA), enquanto que os padrões apresentaram Rf de  0,27 (Rutina+Quercetina) ; 0,85 (beta-sitosterol) ; 0,85 (ácido cafeico); 0,46 (ácido clorogênico). O rendimento obtido do extrato de diclorometano (DM) foi de 6,17% e suas principais manchas (oito), pelo sistema 2, apresentaram Rfs de 0,39 ; 0,50 ; 0,61 ; 0,65 ; 0,69 ; 0,74 ; 0,79 ; 0,89 (DM), enquanto que os padrões utilizados para este sistema apresentaram Rf de 0,21 (Rutina+Quercetina) e 0,75 (beta-sitosterol).

CONCLUSÕES:

Estes resultados contribuem com os parâmetros de controle de qualidade da droga, indispensáveis para monitoramento de amostras e garantia de reprodutibilidade de ensaios farmacológicos. Bem como, na exploração fitoquímica, evidenciou um baixo teor de constituintes poifenólicos e flavonoídicos em folhas de Leonurus sibiricus L., grupos estes, freqüentemente correlacionados com várias atividades farmacológicas, como a antiinflamatória. Esta constatação sinaliza para a necessidade de aprofundamento na pesquisa de frações menos polares, como a de diclorometano, farmacologicamente ativa.

 

Instituição de fomento: PROBIC (Universidade de Sorocaba)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Caracterização farmacognóstica; Leonurus sibiricus L.; extrato.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006