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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

OS TEXTOS JORNALÍSTICOS ENSINANDO SOBRE MEIO AMBIENTE

Samyra Orben 1
Jorge Alexandre Nogared Cardoso 1
(1. (1) Universidade do Sul de Santa Catarina/UNISUL)
INTRODUÇÃO:

A temática ambiental constantemente é abordada nos meios de comunicação, pois vivemos um momento no qual propostas de intervenção no meio ambiente estão cada vez mais sendo apresentadas para discussão da sociedade em geral. Neste cenário em que os meios de comunicação participam ativamente na divulgação de informações e influenciam nas práticas educativas, a escola deixou de ser o local privilegiado pela formação das pessoas. É preciso estar atento, portanto, aos diferentes locais que também educam (produção literária, cinema, museus e centros de ciências, propagandas de televisão, publicidade em geral, periódicos, pinturas etc.), pois neles estão incutidos representações e significados que estão presentes na sociedade e são re-transmitidos e/ou re-significados por esses produtos. Dessa forma, os textos jornalísticos sobre temas ambientais são uma das maneiras de perceber como o meio ambiente é representado pela cultura do ser humano. Então, este trabalho teve o intuito de verificar a importância dada à questão ambiental através da quantidade de reportagens ambientais publicadas, os principais temas abordados e analisar as representações dadas ao meio ambiente pelo jornal nos meses de fevereiro e março de 2005, subsidiando, assim, futuras práticas pedagógicas.

METODOLOGIA:
Este trabalho foi uma pesquisa de estudo documental que analisou os discursos presentes nas reportagens sobre meio ambiente publicadas no jornal Diário Catarinense, veículo de ampla tiragem que atua em todo estado de Santa Catarina. Para o levantamento dos dados foram utilizadas as edições dos meses de fevereiro e março do ano de 2005. Categorias temáticas foram definidas através do modelo misto, no qual algumas categorias foram criadas antecipadamente e modificadas ao passo que as reportagens foram lidas. Ainda, algumas das categorias criadas foram divididas em subcategorias. Os dados coletados foram expostos em tabelas, para comparar se o que apareceu no primeiro mês averiguado também foi notado no mês seguinte, incluindo, neste caso, as editorias nas quais as matérias foram publicadas, a persistência dos temas, a continuidade dos assuntos e quais deles constituíram chamadas de capa e contracapa. Dentre os textos jornalísticos publicados nos meses pesquisados foram selecionados os que continham, de forma enfatizada, os elementos que construíram as diversas representações analisadas de meio ambiente.
RESULTADOS:
As edições pesquisadas apresentaram 227 reportagens e notícias sobre meio ambiente. Por meio dos dados levantados se constatou que, de acordo com o enfoque dado à matéria jornalística, ela foi publicada na editoria correspondente à perspectiva dada: econômica, política, ecológica, turística etc. A maioria das reportagens sobre meio ambiente encontrava-se na editoria Geral e determinados assuntos, pela relevância, pertinência e interesse público, foram apresentados em maior número de reportagens, tornando-os, inclusive, chamadas de capa e contracapa. Nos meses de fevereiro e março, percebeu-se um número expressivo de reportagens que tratavam do assunto Seca e Doença de Chagas. Estes estavam em destaque estadual e, portanto, a imprensa não ficou alheia a esses acontecimentos. Com as representações de meio ambiente, notou-se uma variedade de significados estabelecidos, conforme para quem se dirigia o discurso: para possíveis turistas, para quem possuía atividades econômicas voltadas para o turismo, para órgãos governamentais e para moradores de localidades que tiveram desconfortos causados por infestação ou poluição. Foram escolhidos 21 textos para a análise e, nestes, os elementos do meio ambiente foram identificados como sagrados, selvagens, recursos a serem explorados, vilões, santuário, lixo, entre outras representações que evidenciaram as relações de dominação e poder entre ser humano e meio ambiente.
CONCLUSÕES:

Através da análise do conteúdo das reportagens, nas quais foram percebidas representações de meio ambiente, ficou claro que os/as professores/as devem ter atenção ao trabalhar artefatos culturais na sala de aula, pois os meios de comunicação oferecem subsídios para a formação da consciência ambiental das pessoas quando representam o meio ambiente como recurso ou algo que não pode ser tocado. Sendo assim, é necessária a desconstrução das narrativas para que as questões culturais, passadas ao longo de gerações, não sejam entendidas como naturais e inevitáveis, mas sim como uma criação humana e que sofrem modificações. A utilização do jornal na sala de aula, além de ser uma fonte de pesquisa alternativa e de fácil acesso, permite que os/as alunos/as percebam os significados dados ao que existe, pois uma das finalidades da educação para o meio ambiente é formar cidadãos que compreendam a realidade em que vivem. Portanto, iniciativas de leituras destes não devem ficar restritas à superficialidade, mas que sejam críticas, reflexivas e capazes de entenderem as diversas representações da sociedade, do meio ambiente, da natureza, do homem, da mulher, de raça e tantas outras coisas que podem ser tratadas pela mídia e entendidas pela cultura humana.

 
Palavras-chave: Representações de meio ambiente; Estudos Culturais; material didático.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006