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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
MEIOS PARA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO DE Encyclia randii PORTO & BRADE – ORCHIDACEAE
Guilherme Schneider Machado 1
Giorgini Augusto Venturieri 1
(1. Universidade Federal de Santa Catarina UFSC/CCB-BEG. Florianópolis - SC, Brasil)
INTRODUÇÃO:

O Brasil é um dos maiores repositórios genéticos de orquídeas, com inúmeras espécies de rara beleza que uma vez propagadas massivamente, poderiam tornar-se numa opção econômica auto-sustentável. Ao contrário da maioria das plantas, as sementes de orquídeas não possuem reservas alimentícias estocadas para serem usadas durante o período de germinação. Sem estas reservas, para que elas germinem, precisam ser depositadas em locais onde haja um grupo de fungos (Micorrizas) com quem entram em simbiose e deles recebem hormônios e nutrientes. Os métodos simbióticos, por serem dependentes da existência dos microorganismos simbiontes no meio, muitas vezes não funcionam, principalmente quando se está tentando germinar alguma espécie de fora da região. Por esta razão, métodos de germinação in vitro foram desenvolvidos onde são oferecidos, em condições rigidamente controladas, os nutrientes e hormônios que as sementes e plântulas precisam para germinar e desenvolver-se. Estes métodos permitem uma multiplicação rápida e eficiente, diminuindo o ciclo de vida, substituindo a simbiose (micorrizas) e excluindo a competição com outros microorganismos. No presente trabalho foi estudada a germinação in vitro de E. randii, em dois diferentes meios de cultura. As mudas obtidas do melhor tratamento para germinação tiveram o seu crescimento avaliado em quatro diferentes meios de cultura.

METODOLOGIA:

Depois de desinfetadas, as sementes foram colocadas para germinar nos seguintes meios de cultura: a) Knudson C (Harrison & Aditti, 1967); b) Knudson C (Harrison & Aditti, 1967) ½ força. A eficiência da germinação foi estimada pela proporção da superfície do frasco tomada por plântulas. Para a análise estatística tal variável foi transformada em arco seno da raiz de p, onde p = a proporção (Sokal & Rohlf, 1981). O crescimento das plântulas obtidas foi avaliado pela distância entre as pontas das folhas. As plântulas do melhor tratamento de germinação foram repicadas para outros meios de cultura. Os meios utilizados eram: a) Knudson C (Harrison & Aditti, 1967), b) Knudson C ½ força; c) Knudson C acrescido de 1g/l de ácido nicotínico; d) Knudson C apenas banana, mais a adição de 1g de Peptona/l; e) Hyponex – batata. Os tratamentos foram avaliados usando como parâmetros: a) altura das plântulas; b) vigor. A comparação de médias foi feita pelo teste de Tuckey (Sokal & Rohlf, 1981). Os dados foram analisados com o auxílio do programa Bioestat (Ayres et. al, 2003). Todos os utensílios e água utilizada para desinfecção, germinação e repicagem das sementes e plântulas foram previamente autoclavadas. Os meios de cultura utilizados no experimento foram esterilizados no forno de microondas por 8 minutos segundo Venturieri, et al. (não publicado) e foram mantidos em uma câmara de crescimento com iluminação artificial. Todo o processo foi feito em câmara de fluxo laminar.

RESULTADOS:

a) Da germinação in vitro: para a variável “superfície do meio” tomada pelas plântulas, os meios diferiram significativamente entre si pelo teste de t (p = 0,042, GL = 4). A maior média foi observada no meio Knudson C (90%), que também mostrou um valor de quase o dobro da média observada para o Knudson C ½ força (46,7 %). Para a variável “maior distância entre as folhas” das plântulas, os meios diferiram significativamente entre si pelo teste de t (p = 0,039, GL = 4) mostrando a mesma tendência na variável anterior. O meio Knudson C apresentou uma média de aproximadamente o dobro da média observada Knudson C ½ força; b) Do crescimento das plântulas: para a variável “altura” das plântulas, os meios mostraram, diferenças altissimamente significativas (p ~= 0,0002; GL = 4). A maior média foi observada no meio Knudson C ½, que não diferiu significativamente dos meios Knudson C. Os meios KC, KC + ácido nicotínico e KC + peptona não diferiram estatisticamente entre si. O pior desempenho ficou com o meio Hyponex – batata, que por sua vez não diferiu significativamente do KC + peptona e KC + ácido nicotínico. Para a variável “vigor” das plântulas, os meios mostraram diferenças altissimamente significativas (p ~= 0,0; GL = 4). A maior média foi observada no meio Knudson C ½, que não diferiu significativamente do meio Knudson C. Em seguida vieram os meios KC + ácido nicotínico, KC + peptona e Hyponex – batata, estes três últimos sem diferenças significativas entre si.

CONCLUSÕES:

A germinação de orquídeas é fortemente influenciada pela concentração osmótica do meio. A concentração mais elevada do meio KC em relação ao KC ½ força pode ter sido a causa da maior eficiência do KC na germinação das sementes. No entanto, para a fase de crescimento, o meio KC ½, com a menor concentração osmótica e conseqüentemente de íons, foi o meio de maior eficiência, possivelmente por estar mais próximo do ideal exigido pela planta para o seu crescimento. Os resultados alcançados mostram que essa espécie é de fácil germinação e crescimento, se forem usados os melhores tratamentos indicados neste experimento.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Orquídeas brasileiras; Germinação assimbiótica; Crescimento E. randii.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006