A educação ambiental (EA) é uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade da vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente. Para alguns autores, a real transformação do quadro de crise estrutural e conjuntural em que vivemos na questão do meio ambiente trás a EA como um elemento estratégico na formação de uma ampla consciência crítica das relações sociais e de produção que situam a inserção humana na natureza. Para esta tomada de consciência é fundamental associarmos processos educativos formais e não-formais às demais atividades sócio-produtivas na luta pela sustentabilidade e qualidade de vida. Neste sentido as oficinas sócio-educativas buscam aumentar o nível de reflexão e conscientização dos participantes sobre a questão ambiental, bem como conhecer as crenças, idéias e sentimentos de seus participantes visando a sua reflexão, adaptação e/ou mudança, e estimulando novas aprendizagens, para o enfrentamento de uma dada problemática. Foram objetivos dessas oficinas desenvolver o sentido de redução, reutilização e reciclagem do lixo; identificar os tipos de lixo; incentivar a utilização da coleta seletiva; produzir objetos através de técnicas de reutilização de materiais.

Realizamos quatro oficinas sócio-educativas em três grupos da terceira idade, na região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. A construção da oficina ambiental para os idosos obedeceu às regras utilizadas para a elaboração de programas educativos: a adequação da linguagem, o estudo do perfil dos participantes, a escolha dos temas adequados ao nível educacional do grupo e os temas geradores (história do lixo, coleta seletiva, reciclagem, preciclagem, sustentabilidade, preservação do ambiente e responsabilidade ambiental). Neste trabalho os grupos de idosos foram selecionados previamente e algumas pessoas, voluntariamente, manifestaram o interesse em participar. Em cada oficina tivemos entorno de 12 participantes.  A oficina foi dirigida a idosos com idade acima dos 60 anos, de ambos os sexos. Exploramos as atividades lúdicas, os trabalhos manuais e em grupo. Logo após a realização das técnicas de grupo discutimos os pontos relevantes de cada atividade e assim os idosos puderam refletir e questionar sobre alguns aspectos importantes da educação ambiental e da preservação do ambiente.

Nas oficinas observamos o interesse dos idosos em participar de atividades práticas relacionadas à preservação da natureza. A confecção de caixas de presente, a partir de caixas de leite, a construção das cadeiras de garrafas pet e de um jogo de Damas com tampinhas de plástico motivaram e despertaram os idosos para as questões ambientais contemporâneas. A construção de objetos a partir de materiais reutilizáveis foi aceito com muito interesse pelos idosos. Em alguns momentos, eles demonstraram surpresa em trabalhar com garrafas e caixas que seriam lixo para a maioria da população, pois nunca tinham notado a importância de uma nova utilização para esses materiais. Durante as breves palestras, os idosos mostraram interesse pelo tema abordado, levantando pontos importantes para o debate. Foram freqüentes dúvidas sobre a coleta seletiva, o destino adequado do lixo, quais materiais podem ser reciclados e como reutilizá-los.

Observamos, nas oficinas, uma preocupação do idoso com a preservação ambiental não só para o hoje, mas também para as gerações futuras. Alguns termos, como coleta seletiva, preciclagem, reciclagem e sustentabilidade, são de difícil compreensão deixando os idosos confusos em seus relatos. As questões sobre educação ambiental, meio ambiente e preservação da natureza são relatadas com maior facilidade por serem discutidas, frequentemente, nos meios de comunicação. Os grupos de idosos, aqui trabalhado, mostraram-se sensibilizados para uma intervenção pedagógica. Esses grupos fazem parte de um contingente populacional e social, a terceira idade, que demanda uma educação não-formal em educação ambiental. Assim, a EA seria um elemento estratégico na ampliação da consciência crítica e criaria possibilidades de atualização das potencialidades da terceira idade em diferentes contextos sociais. Nessa perspectiva, os pressupostos da EA, conhecimento, habilidade, atitudes, sensibilização e ação, vão de encontro a uma prática social construída e construtora que poderá dar sentido à vivência do idoso.