A atenção aos idosos é de fundamental importância. O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. Quer seja por lei ou outros meios, deve-se assegurar as oportunidades e facilidades para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. A base legal e humanista considera, ainda, que é obrigação do Estado garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais que permitam um envelhecimento saudável. Elaborar políticas públicas em Educação para o atendimento da população com mais de 60 anos requer conhecer suas condições de vida. O objetivo desta investigação foi elaborar o perfil multidimensional dos idosos domiciliados em área urbana do município de Jaraguá do Sul, SC.

Foi realizada pesquisa de campo, com visitas domiciliares para aplicação de um questionário abordando aspectos sociográficos, condições de moradia e convivência familiar, saúde, trabalho e lazer, totalizando 39 questões. O instrumento foi aplicado por acadêmicos de graduação que percorreram os bairros Vila Lenzi, Nova Brasília, Czerniewicz e Centro, configurando uma região urbana central no município de Jaraguá do Sul, Santa Catarina. As visitas foram realizadas em setembro e novembro de 2005, localizando e abordando 1367 idosos.

Localizou-se 18,7% da população com mais de 60 anos, sendo 59,5% do sexo feminino. 49,8% vive na cidade há mais de 40 anos e 82,1% tem residência própria. 40,1% dos domicílios são ocupados exclusivamente por 1 ou 2 idosos, enquanto 45,3% constituem ambientes multigeracionais. O clima em casa é bom (83,2%). Convivem em casamento 51,4% e 30,1% estão viúvos. Os recursos financeiros para manutenção vêm exclusivamente de renda própria em 58,5% dos casos; 77,8% são aposentados. Ainda dedicam-se ao trabalho 27,1%. Quanto à escolaridade, 64,3% cursaram apenas o antigo primário, 3% o Primeiro Grau, 6,8% o Segundo Grau e 3,9% a Graduação. Quanto às condições de saúde, 23,2% não apresentam doenças. As moléstias mais citadas são as músculo-esqueléticas e cardiovasculares. 56,0% usa médico particular ou vinculado a plano de saúde; 26% consegue até 2 consultas por ano no sistema público; 76,4% se medica regularmente. Os fumantes ou consumidores de bebida alcoólica são 10%. Quanto à atividade física, 40,8% não realiza nenhuma; 47.4% caminham; esporte coletivo, natação, dança e exercício em academia são citados por 10,3%. 42,4% não participam de atividades recreativas e culturais; 23,5% passeiam; 7,6% jogam e 10,2% participam de grupos religiosos. 48,8% dizem que a vida afetiva é limitada à parentela; 54,6% citam amizades e 9,6% estão envolvidos em outros relacionamentos. As preocupações sociais são com a segurança pública, o trânsito, a política e as drogas entre os jovens.

O perfil da população idosa urbana na região pesquisada aponta indicadores de qualidade de vida positivos quanto aos aspectos da vida doméstica. Porém, as oportunidades de desenvolvimento da pessoa idosa em ambientes extradomiciliares devem ser incrementadas. Os índices relatiivos à escolaridade mostram a possibilidade e necessidade de elaboração de atividades de Educação Permanente de diversas naturezas com objetivo de gerar novas aprendizagens e criar grupos de estudo ligados às várias áreas do conhecimento, implicando propostas de formação multidisciplinar. As questões relacionadas à saúde da população, tais como a oferta de atividades físicas e de cunho recreativo-cultural também devem ser objeto de políticas públicas. De modo geral, fica evidenciada a demanda pela ampliação dos espaços e oportunidades de socialização da população longeva.