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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

ALIMENTAÇÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NA ESCOLA MUNICIPAL MOCINHA RODRIGUES

Juceli Bengert Lima 1
Antônia Solange Pinheiro Xerez 2
Naiana Ferreira de Lira 3
Jucimara Bengert Lima 4
André Moura Xavier 1
(1. Faculdade Christus / FC; 2. Universidade Estadual do Ceará / UECE; 3. Universidade Estadual Vale do Acaraú / UVA; 4. Secretaria de Educação de Araucária / PR)
INTRODUÇÃO:
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é o mais antigo programa social do Governo Federal na área de educação sendo responsável pela alimentação dos alunos das escolas de educação infantil e ensino fundamental. Desenvolvido em 1954 com o estabelecimento da Campanha da Merenda Escolar (CME), foi ganhando abrangência nacional e sua operacionalização, através dos anos, se deu sob diferentes denominações. Em 1988, a alimentação escolar passou a ser direito constitucional e desde 1997, o PNAE vem sendo gerenciado pela Fundação Nacional da Alimentação Escolar (FNDE), autarquia vinculada ao Ministério da Educação. O programa tem como objetivos suprir 15% das necessidades enérgico-protéicas diárias de seus alunos e sugere ainda ajudar no rendimento da aprendizagem, assim como também evitar a evasão escolar. O presente trabalho teve como objetivos estabelecer uma relação entre a oferta da merenda escolar, freqüência e aprendizagem dos alunos, verificar a satisfação dos alunos mediante a regularidade e qualidade da merenda escolar e identificar suas preferências com relação aos alimentos oferecidos por uma escola municipal de Sobral, no interior do Ceará: Mocinha Rodrigues. Buscou-se, também, conhecer as dificuldades de implementação do programa e procedimentos que proporcionariam melhoria do serviço. Sua relevância se expressa na observação pela sociedade da relação existente entre o discurso oficial e a prática efetiva de realização dos ideais de cidadania.
METODOLOGIA:
A abordagem partiu de um estudo de caso, enfocando a Escola Mocinha Rodrigues e suas vivências educacionais em relação à oferta da merenda escolar. As informações que subsidiaram a análise foram colhidas junto aos alunos, gestores, professores, e merendeiras, além, evidentemente, da pesquisa documental e bibliográfica.  A abordagem metodológica de natureza qualitativa e quantitativa foi feita pela análise de dados colhidos através de questionários específicos elaborados em estreita relação com os objetivos inicialmente propostos. Foram consultados dois gestores e três merendeiras, que representaram a totalidade dos sujeitos destas categorias e os cinco professores e 100 alunos foram escolhidos aleatoriamente, numa amostragem probabilística, de um universo de dez docentes e 153 discentes do Ensino Fundamental I. As respostas dos questionários foram analisadas usando procedimentos da estatística descritiva, gerando tabelas e gráficos.
RESULTADOS:
A análise dos questionários mostrou que os alunos estão na faixa etária de sete a dez anos, vindo de famílias de baixa renda e residentes no bairro Terrenos Novos. Em relação ao que motiva a vinda à escola, a maioria das crianças (65%), respondeu que para estudar, 12% respondeu que pelo recreio e merenda, 17% por outros motivos e 6% do grupo não respondeu. Para a regularidade da oferta da merenda, 94% dos alunos responderam que a mesma é servida todos os dias, duas crianças não responderam e quatro disseram que em alguns dias faltam frutas. Em relação ao gosto pela merenda oferecida, 59% das crianças responderam que gostam sempre, 38% que às vezes gostam e 3% dos pesquisados que não gostam.  Quando questionados sobre qual das merendas é a sua preferida, as frutas foram as mais indicadas com 38% das respostas, seguida pela sopa, com 27% das indicações. Biscoito com suco ou achocolatado ficou em terceiro lugar, com 14% das preferências. Quanto à merenda que menos gostam, as frutas também foram as mais indicadas, por 51% das crianças, seguido pelo cuscuz com carne ou frango, com 15% das indicações e em terceiro lugar a sopa com 14% das respostas, evidenciando a diversidade das preferências. Todo corpo funcional da escola afirma que a merenda influencia de forma significativa na freqüência escolar, mas que o mesmo não se pode afirmar quanto a sua influência no desempenho dos alunos e que as principais dificuldades na manutenção do programa são de ordem estrutural.
CONCLUSÕES:
A merenda oferecida pela Escola Mocinha Rodrigues é regular e tem qualidade. A maioria das crianças está satisfeita com o cardápio, que é bem variado: pela manhã é servido café da manhã e frutas no intervalo das aulas e pela tarde ficam reservados alimentos como cuscuz, macarrão, sopa, etc. Em relação ao modo que a merenda é servida ainda existem aspectos a serem melhorados, como aquisição de pratos e talheres e a construção de um local adequado para que os alunos façam suas refeições, pois sem um devido refeitório os alunos comem sentados no chão ou em pé. De acordo com os relatos do professores, gestores e merendeiras, a merenda escolar é um fator de grande importância para os alunos e considerada um forte estimulo para a presença dos mesmos na escola. Percebem que na ausência da merenda existem mudanças de comportamento e humor por parte dos alunos. O mesmo não fica evidenciado com os relatos dos alunos que indicaram o estudo como o principal motivo da sua vinda à escola Em relação ao aprendizado os professores e gestores declaram que a oferta da merenda é apenas um fator contribuinte. Finalmente, constata-se que no aspecto do exercício da cidadania, o Programa de Merenda Escolar ainda se mostra frágil, pois seu atendimento ainda é visto como assistencialista e não como direito do educando, onde o governo tem como dever oferecer subsídios, não somente com recursos para aquisição dos alimentos, mas também investir em infra-estrutura e formação de profissionais.
 
Palavras-chave: Merenda Escolar; Freqüência Escolar; Cidadania.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006