A cidade de Maranguape-CE está inserida na nova organização espacial da produção capitalista, que traz para o meio ambiente novos usos e consumos que resultam em alterações profundas na paisagem. Desde sua incorporação a Região Metropolitana de Fortaleza – RMF, na década de 1970, Maranguape sofre um aumento expressivo de sua população e de sua malha urbana. Esses processos trazem, desde então, grandes modificações na paisagem natural da cidade, materializadas, em sua maioria, em problemáticas ambientais. A cidade é palco de uma rica rede de drenagem que a recorta formando micro-bacias de densidade expressiva, isto decorre de sua localização a sopé da Serra de Maranguape, que possui características geológicas e geomorfológicas geradoras de um grande potencial hídrico superficial. A partir desse estudo do local, o objetivo principal é compreender como a sociedade se apropria dos corpos hídricos que recortam as cidades transfigurando-os de forma a atender as demandas urbanas. Visa-se, também, identificar quais os tipos de problemáticas ambientais que resultam dessas transformações, bem como, investigar a atuação dos agentes desse processo. Assim, será privilegiado para investigação o processo de ocupação e expansão do Distrito-sede do município, transformações da paisagem urbana, alterações na relação Sociedade e Natureza, problemas ambientais nos corpos hídricos, as políticas de planejamentos urbanos.

Nossa metodologia vem destacando o conjunto de recursos necessários à obtenção de registros, indicadores, dados, documentos, imagens e outros meios necessários para averiguar os processos e o quadro atual da realidade do objeto em análise. Até o presente momento, trabalhou-se com inúmeras informações extraídas de material bibliográfico, documentos, diagnósticos e trabalhos de cunho científico, que além de oferecerem uma sólida fonte de pesquisa reuniu importante material de análise. A pesquisa, portanto, se ergueu a partir das contribuições oferecidas pelo arcabouço documental e bibliográfico, mas em nenhum momento se limitou aos seus resultados, para tanto, buscar-se-á ferramentas essenciais a uma análise geográfica, como material cartográfico e de sensoriamento remoto. Ela seguiu na direção da investigação empírica se fundamentando, sobretudo, em trabalho de campo, que em uma primeira etapa propiciou uma observação minuciosa da paisagem e registros fotográficos e posteriormente há de possibilitar aplicação de questionários e entrevistas,. Dessa forma, o contato direto com a realidade pesquisada vem sendo um instrumento metodológico fundamental no sentido de obter uma satisfatória apreensão da área enfocada, para a busca de uma análise completa das transformações do espaço.

A cidade de Maranguape, seguindo a lógica das demais cidades capitalistas, vem, reproduzindo seu espaço urbano de forma fragmentada e desigual, com contradições entre o quadro natural e a produção social, marcadas pela segregação sócio-espacial e pelo uso indevido e degenerativo dos recursos ambientais. Neste meio ambiente urbano, os corpos hídricos são os que atualmente estão sofrendo maiores impactos da expansão da malha urbana. Os fatores de pressão sobre estes ambientes traduzem-se através da ocupação intensa das margens dos rios, o que por sua vez, reduz a mata ciliar e está causando, entre outros problemas, a impermeabilização do solo; a poluição hídrica, agravada pela inexistência de um a completa cobertura de esgotamento sanitário; a canalização de rios e a apropriação privada de trechos de cursos d’água. Mas, as transformações ocorridas na expansão e organização do espaço também implicam nos novos usos, consumos e valores que a sociedade passará a atribuir ao meio em que vive, dada as novas relações que são estabelecidas entre esta e a Natureza. Desse modo, é possível perceber que em Maranguape os elementos engendrados pelo processo de urbanização têm um efeito desestabilizador no quadro natural da paisagem e na relação da Sociedade com a Natureza, ocasionando problemas ambientais que repercutem na qualidade de vida da população.

As mudanças na cidade de Maranguape vêm sendo regidas pelo desenvolvimento do capitalismo e acompanhadas de um considerável crescimento populacional. Esta cidade vem absorvendo o avanço de técnicas e a produção de objetos, na busca de uma modernização do espaço que possibilite um sistema econômico mais rentável. A paisagem anterior, marcada por atributos serranos do maciço residual no município de Maranguape, território de exceção no contexto semi-árido do estado, passa a ser gradativamente desintegrada, assim como os referenciais da relação Sociedade e Natureza. Essas alterações vêm desencadeando na cidade de Maranguape, um possível quadro de degradação ambiental, que repercute na qualidade de vida daquela população, uma vez que, engendra importantes mudanças na sua organização socioespacial. Ao analisar os recentes processos nesta cidade, não podemos deixar de perceber que essa dinâmica também é uma manifestação projetada das transformações que se dão num plano nacional e mundial. Deste modo, se torna cada vez mais necessário repensar as formas de uso e ocupação das cidades, de tal forma que se procurem meios e para reduzir os problemas ambientais resultantes desse processo de urbanização. Torna-se emergente investigar os problemas ambientais dentro de uma perspectiva integradora, pois estes refletem a necessidade de se avançar em um processo que considere tanto a dinâmica natural quanto a dinâmica social, permitindo um alcance de maior clareza sobre a questão em apreço.

Instituição de fomento: Programa de Educação Tutorial - PET (MEC/SESU)

Trabalho de Iniciação Científica