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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
FORMAÇÃO DE GESTORES AMBIENTAIS: METACONTINGÊNCIA CERIMONIAIS E TECNOLÓGICAS
André Luiz Freitas Dias 1
Karen Kotchergenko Batista 1
Adriana Borges Torres 1
Walderez Sabino de Souza 1
Cristiano Fagundes Pereira 1
(1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA)
INTRODUÇÃO:
Há tempos os fenômenos sociais vêm sendo estudados pela Análise do Comportamento. Dos trabalho teóricos de Skinner às pesquisas mais recentes a partir da década de 90, são várias as evidências da preocupação de Analistas do Comportamento com as questões sociais. Para a realização de estudos teóricos (Ellis, 1991; Malagodi, 1986; Rakos, 1997; Todorov, 1987; Todorov et. al., 2004), experimentos naturais (Kunkel, 1986), experimentos de campo (Cohen e Filipczak, 1971) e situações experimentais análogas a fenômenos sociais (Epstein et. al., 1981) uma nova unidade de análise – a metacontingência – proposta por Glenn em 1986, está sendo utilizada. Por metacontingências entendem-se as relações contingentes entre determinadas práticas culturais e suas conseqüências. Consiste em contingências individuais entrelaçadas, ou seja, de influência mútua, em que juntas produzem um mesmo resultado a longo prazo. O objetivo da pesquisa é desenvolver uma metodologia para auxiliar técnicos de um órgão público gestor da área de recursos hídricos a identificar e descrever as contingências entrelaçadas, assim como seus produtos e mecanismos propostos para o estabelecimento das metacontingências, no âmbito das relações estabelecidas no desempenho de suas funções.
METODOLOGIA:

Sujeitos: quatro funcionários de formações distintas do Instituto Mineiro de Gestão das Águas, órgão público responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos, vinculado a Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas Gerais.

Procedimento: Inicialmente foi agendada uma reunião com todos os participantes da pesquisa para esclarecimento do objetivo da pesquisa, assinatura do termo de livre consentimento e agendamento de encontros individuais com os pesquisadores para início da coleta de dados. Não foi estabelecido um número fixo de encontros com cada participante, pois uma vez conhecida a linha de base – repertório inicial do participante – os sujeitos foram submetidos a números de encontros variados, dentro da concepção do sujeito como seu próprio controle na pesquisa. Estabeleceu-se como critério de aprendizagem a identificação e descrição de, pelo menos, duas contingências individuais entrelaçadas e seus respectivos produtos individuais e o produto final comum. As etapas a serem cumpridas e observadas seriam: 1)identificação e descrição de um dos termos da contingência tríplice de um sujeito; 2)identificação e descrição de outros termos da contingência tríplice de um sujeito; 3) estabelecimento de relações entre os termos; 4)identificação e descrição dos termos das contingências de outro sujeito; 5)relação dos comportamentos e produtos comportamentais de um sujeito com os comportamentos e produtos comportamentais do outro sujeito.

RESULTADOS:

É sabido que metacontingências não envolvem necessariamente mudanças em práticas sociais. Ao contrário, normalmente é mais fácil exemplificar metacontingências de manutenção do status quo. Esse foi o caso dos resultados obtidos nessa pesquisa. Apesar do avanço de alguns sujeitos nas tarefas, diversos obstáculos foram percebidos durante toda a execução do projeto. Apesar de claramente reconhecido a importância do estabelecimento das condições que a metodologia propunha desenvolver, contingências cerimoniais impediram o surgimento de novos comportamentos, mantendo o controle social da maneira como estava, garantindo a sobrevivência do sistema vigente. Alguns fatores foram identificados como responsáveis por tal quadro. Os principais são: a)período de incerteza devido a realização de concurso público – dois dos participantes submeteriam-se as provas; b)controle aversivo estabelecido por parte de uma das chefias do órgão; c)dificuldades quanto aos termos utilizados para identificação e descrição das contingências entrelaçadas e seus produtos.

CONCLUSÕES:

A unidade de análise entendida como metacontingência em ecossistemas organizacionais, e suas contingências individuais entrelaçadas constituem entidades culturais que evoluem via seleção. Qualquer intervenção programada, no intuito de promover uma melhor adaptação da organização às mudanças, requer o envolvimento dessas contingências e das metacontingências entrelaçadas. Intervenções nas metacontingências entrelaçadas exigem mudanças nas contingências comportamentais de todos os sujeitos envolvidos. A complexidade das organizações, como o Instituto Mineiro de Gestão das Águas, torna difícil, mas não impossível a identificação de onde a mudança comportamental pode ser mais benéfica para a organização. Contudo, as contingências de seleção que explicam o comportamento dos indivíduos não podem ser ignoradas, pois todo o ecossistema depende delas.

Instituição de fomento: Instituto Mineiro de Gestão das Águas
 
Palavras-chave: Análise do Comportamento; formação profissional; metacontingência.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006