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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

ESTADO NUTRICIONAL MATERNO INICIAL, PESO AO NASCER E DESFECHOS DA GRAVIDEZ.

Fabiana de Oliveira Melo 1, 2, 3
Maria Aparecida Alves Cardoso 1, 2, 4
Débora Farias Batista Leite  2, 5
Hildegard Naara Alves Furtado da Costa 1, 2, 4
Cleriston Machado Cavalcante 1, 2, 6
Gustavo Henrique Florentino 1, 2
(1. Universidade Estadual da Paraíba-UEPB; 2. Núcleo de Pesquisas e Estudos Epidemiológicos (NEPE)/UEPB; 3. Departamento de Fisioterapia- UEPB; 4. Departamento de Farmacia; 5. Universidade Federal de Campina Gande-UFPB; 6. Departamento de Enfermagem-UEPB)
INTRODUÇÃO:

O maior conhecimento sobre a evolução da gestação tem feito com que o foco das preocupações, que antes era dirigido apenas à gestante, se ampliasse para a relação entre gestante e feto. Dentre os problemas que podem afetar esta relação está o estado nutricional inicial da gestante, bem como o ganho ponderal materno. No mundo inteiro a saúde se volta para um problema grave que confere riscos para várias doenças: a obesidade. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 2003, o excesso de peso afeta mais de um bilhão de adultos no mundo e pelo menos 300 milhões são clinicamente obesos. O Brasil apresenta altas taxas de obesidade na população adulta (IMC≥30kg/m2), com prevalência de 13,3% no sexo feminino e 5,9% no masculino, entretanto, por se tratar de um país com dimensões continentais, problemas como a obesidade coexistem com a desnutrição, principalmente em regiões mais pobres como é o caso do Nordeste. Durante a gravidez a obesidade, bem como o ganho ponderal excessivo tem sido objeto de alguns estudos, pois o ambiente materno é decisivo para o crescimento e desenvolvimento do feto. O ganho de peso excessivo durante o período gestacional mostra uma relação com o aumento da morbidade materna e fetal, estando associado a diabetes, hipertensão materna, macrossomia e sofrimento fetal, parto cirúrgico, hemorragia pós-parto e trauma fetal. O objetivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional inicial das gestantes, o peso ao nascer e os desfechos da gravidez

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo do tipo longitudinal, de coorte, desenvolvida dentro do Projeto “Impacto da atividade física e da orientação alimentar durante a gestação sobre o ganho de peso gestacional e desfechos da gravidez”, aprovado pelo CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e desenvolvido em conjunto com o NUPENS/USP. O estudo acompanhou 117 gestantes das unidades urbanas do Programa de Saúde da Família (PSF) do município de Campina Grande e foram incluídas as mulheres com idade igual ou superior a 18 anos e que iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre de gestação (confirmada através de ultra-sonografia precoce), captadas no início da gestação e vistas a cada quatro semanas para aferição das condições socioeconômicas e de saúde incluindo o peso materno e crescimento fetal (exame ultrassonográfico). São critérios de exclusão: gestação múltipla, malformações fetais e doenças crônicas como diabetes mellitus, hipertensão, cardiopatias, entre. Dados referentes ao parto e evolução do puerpério foram recolhidos na maternidade e em visita domiciliar realizada 15 dias pós-parto.. Os dados foram digitados duplamente em banco construído com o programa Epi Info 6.0 (Dean et al. 1994). Foi feito o processamento das freqüências para cada variável e uma minuciosa verificação da consistência e amplitude dos dados.  Esta atividade foi realizada pela bolsista após treinamento dado pela orientadora.

RESULTADOS:

O estudo inclui informações de 108 parturientes e seus respectivos recém-natos (RN), tendo sido excluídas 9 gestantes. Com relação ao estado nutricional inicial das gestantes, 22% apresentaram baixo peso, 56% peso adequado, 26% sobrepeso e 13% obesidade. De acordo com o peso ao nascer relacionado à idade gestacional, o RN foi classificado em Baixo-peso (BP 5,3%), Peso adequado (PA 86,3%) e macrossômico (8,4%). Dentre as gestantes com baixo-peso 14,3% tiveram RN com BP e 85,7% com PA. Neste grupo não foi observado nenhum caso de macrossomia. No grupo das gestantes com peso adequado, foram observados 2,1% de BP ao nascer, 95% de PA e 2,1% de macrossomia. Entre as gestantes com sobrepeso/obesidade foram observados 9,1% de BP, 73,8% de PA e 21,6% de macrossomia. Do total dos RN, 37% apresentaram alguma complicação, sendo mais prevalente entre gestantes com sobrepeso/obesidade, entre estas, líquido amniótico meconizado e cianose pós-parto. Outra complicação freqüente foi à infecção sistêmica, atingindo 6,7% dos RNs, sendo mais freqüente entre as gestantes com peso adequado (60%). Dentre as intercorrências maternas observadas, as três principais foram: anemia (47%), infecção urinária (19,7%) e hipertensão (13,6%). 

CONCLUSÕES:

As análises dos resultados indicam que a obesidade gestacional apresenta riscos para a mãe e a criança. Observou-se por outro lado que na amostra estudada, a desnutrição materna também ocasiona um grave problema. Assim constatou-se as maiores prevalências de BP ao nascer entre as gestantes desnutridas, e as obesas e sobrepeso um problema adicional que foi a macrossomia , sendo esta numa proporção 10 vezes maior que as gestantes de peso adequado. Entre as intercorréncias ocorridas na gravidez a maior proporção ocorre entre as gentantes obesas e com sobrepeso

Instituição de fomento: CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Obesidade, ; Gestantes; Peso ao nascer.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006