Um dos temas expressivos nos estudos sobre comunicação política é o da influência dos meios de comunicação sobre a política e, mais especificamente, sobre o comportamento político. A relação entre a disputa pela hegemonia política e a interpretação dos fatos pela mídia é objeto cada vez mais tratado no meio acadêmico, haja vista a proeminência do papel midiático na construção do imaginário social. Os estudos sobre mídia e comportamento eleitoral tanto na área da Ciência Política quanto na Comunicação, ora tendem a subestimar o papel das mídias no processo eleitoral, ora tendem a superestimá-lo. Tentamos, portanto, fugir das armadilhas que tal estudo pode nos conduzir.
Nas disputas eleitorais, onde a aparição é cada vez mais ambicionada pelos candidatos, a mídia exerce um papel basilar no processo da construção da imagem política dos mesmos, tornando-se uma influente arma na disputa eleitoral. As aparições na mídia têm se mostrado como instrumento influente na propaganda política, sendo esse fato revelado nas oscilações presentes nas pesquisas de intenção de voto.
O foco do presente texto incide mais sobre os padrões de comportamento da mídia impressa em um evento específico ocorrido durante o pleito municipal de 2004 na cidade do Natal – especificamente dos dois jornais de maior circulação na cidade – do que sobre os fatores que o explicam ou sobre os seus efeitos.
A “Onda vermelha” foi uma mobilização da coligação Vitória do Povo, sustentação da candidatura Carlos Eduardo. Ocorrida em 21 de agosto de 2004, suscitando denúncias de uso da máquina pública e de ser biombo para uma manipulação dos dados de consultas de opinião pública, ocorridas no mesmo 21 de agosto, sendo suspeitas, portanto, de estarem viciadas.
Compreendendo que a ciência descreve e reduz (teoriza) e esses dois momentos estão em relação dialética, propomos o primeiro momento, descrevendo a visibilidade e valência dos dois principais candidatos no episódio “onda vermelha”.