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E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 4. Ciência e Tecnologia de Alimentos
FENÓLICOS TOTAIS E CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DE BAGAÇO DE MAÇÃ
Marcia Christina Soares 1
Lucas Welter 1
Luciano V. Gonzaga 1
Roseane Fett 2
(1. Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos-CCA/UFSC; 2. Profª. Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos-CCA/UFSC)
INTRODUÇÃO:

Por ser um país de grande atividade agrícola, o Brasil é um dos que mais produz resíduos agroindustriais. A busca por alternativas para a utilização desses efluentes gerados vem crescendo dentro de vários centros de pesquisa. O país possui uma produção expressiva de maçãs, que tem aumentado nos últimos anos tanto no consumo in natura como nos processados (sucos, vinagres e sidras). A produção de maçãs é de cerca de 850.000 toneladas/ano, o que pode representar aproximadamente 200 mil toneladas de maçãs de descarte, decorrente do rigoroso processo de seleção e classificação comercial utilizada para satisfazer as exigências do consumidor brasileiro. Para a produção de suco de maçã, faz-se prensagens dessas frutas, sendo o resíduo de extração (bagaço) o principal subproduto gerado na agroindústria da maçã. O resultado dessa extração compreende as cascas e polpa (94,5%), as sementes (4,4%) e os centros (1,1%). Nosso interesse esteve focado em investigar o bagaço de maçã como uma potencial fonte natural de polifenóis e de antioxidantes. A perspectiva é de reutilização destes materiais para fins econômicos e redução dos impactos ambientais gerados pelo descarte de grandes volumes de resíduos nos sistemas agrícolas.

 

METODOLOGIA:

As amostras de bagaço de maçã foram cedidas pelas empresas Fischer Fraiburgo Agrícola Ltda e Yakult S/A Indústria e Comércio, e congeladas em freezer a -18,0 ± 0,5ºC até sua utilização. Os extratos de resíduos frescos foram preparados com 5,0 g levados a um volume final de 50 mL com acetona 80%, enquanto para os extratos de bagaço seco (45ºC) pesaram-se 3,0 g  (Fischer) e 4,0 g (Yakult) do pó do resíduo, sendo levados a um volume final de 25 mL de acetona 80%. A extração se deu sob agitação mecânica, ao abrigo de luz, durante duas horas. Os extratos foram filtrados em papel filtro Watman nº1, conservados sob gás nitrogênio e congelados até o seu uso. Os compostos fenólicos totais (FT) foram determinados pelo método de Folin-Ciocalteu, sendo utilizado o ácido gálico como padrão. Na determinação da atividade antioxidante utilizou-se o radical ABTS+, formado pela reação de 2,2-azinobis-(3-etilbenzoatiazolin 6-ácido sulfônico) (ABTS) com persulfato potássico, sendo empregado Trolox e ácido ascórbico como antioxidantes de referência. O registro dos espectros de absorção e as medidas de absorbância foram realizados em Espectrofotômetro (UV-visível, marca HP, modelo 8452A).

RESULTADOS:

O teor de fenólicos totais para as amostras úmidas de bagaço de maçã foi de 503,42 ± 55,13 mg GAE/100g (Fischer) e 554,61 ± 67,26 mg GAE/100g (Yakult). Nas amostras secas (45ºC) o teor de fenólicos totais foi 220,54 ± 15,53 e 230,56 ± 5,06 mg GAE/100 g de bagaço Fischer e Yakult, respectivamente. Na determinação da atividade antioxidante das amostras úmidas de bagaço, pudemos observar uma capacidade de captura de radicais livres de 20,94 ± 1,42 μmol equivalentes ao Trolox (TEAC)/g e 334,53 ± 22,18 mg equivalentes a Vitamina C (VCEAC)/100 g (Fischer) e valores de 21,16 ± 4,14 μmol TEAC/g e 336,14 ± 64,72 mg VCEAC/100g para as amostras úmidas de bagaço de maçã Yakult. Nas amostras secas (45ºC), os resultados obtidos para a atividade antioxidante foram de 15,90 ± 1,01 μmol TEAC/g e 254,36 ± 15,81 mg VCEAC/100g de bagaço de maçã Fischer e 16,84 ± 2,11 μmol TEAC/g e 268,15 ± 32,99 mg VCEAC/100g de bagaço de maçã Yakult.

CONCLUSÕES:

Os resultados obtidos em nossa pesquisa mostraram que o resíduo de maçã contém um expressivo nível de polifenóis, bem como de atividade antioxidante, conseguindo melhores valores com as amostras úmidas. Dessa forma, podemos constatar que os polifenóis, responsáveis pela atividade antioxidante em maçãs, também estão presentes no bagaço das mesmas, o qual pode ser explorado comercialmente.

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: antioxidante; bagaço de maçã; fenólicos totais.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006