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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO AQÜÍFERO GUARANI

 

 

Janiffer Tammy Gusso Zarpelon 1
Márcia Grisotti 1
(1. Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política- UFSC)
INTRODUÇÃO:

A falta de um modelo de desenvolvimento sustentado tem ocasionado uma profunda degradação do meio ambiente. No caso específico da crescente demanda por recursos hídricos tem-se constatado a degradação de muito mananciais tornando-os impróprios para os mesmos usos no futuro (abastecimento público, agricultura, indústria e outros fins). A falta de disponibilidade hídrica superficial tem levado algumas regiões a utilizarem as águas subterrâneas com mais freqüência. A presente pesquisa procura ressaltar a importância estratégica do Aqüífero Guarani por suas dimensões e disponibilidade hídrica tendo em vista o contexto atual marcado por uma profunda escassez de água, e por sua vulnerabilidade à poluição e risco de exploração irracional devido à falta de participação da sociedade civil nos processos decisórios de gestão e controle e na falta de uma legislação que regulamente a gestão das águas subterrâneas. O objetivo principal desta pesquisa foi de analisar a importância da Educação Ambiental para a preservação e manejo sustentável do Aqüífero Guarani verificando a falta de disponibilidade hídrica mundial; averiguando o manejo e os reais riscos de contaminação das águas do Guarani; e identificando as atuais propostas, práticas de Educação Ambiental na região do Aqüífero.

METODOLOGIA:

No primeiro momento, conjuntamente com a revisão bibliográfica referente à temática, foram analisados documentos e estudos relacionados ao Aqüífero Guarani: artigos em periódicos especializados: jornais como Gazeta do Povo, Folha de São Paulo e O Globo; documentos de fontes tanto governamentais como leis, normas, diretrizes para analisar a gestão do aqüífero quanto de fontes não governamentais; e visitas a instituições de pesquisa e de estudos relacionados com o desenvolvimento e meio ambiente, como IBGE, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). No segundo momento da pesquisa foi necessária a análise de fontes primárias, a partir das palestras e documentos apresentados no Encontro Nacional do Projeto Guarani (UNEP) realizado em Curitiba durante os dias 27 e 28 de abril de 2005, onde foram discutidos e apresentados projetos e propostas de Educação Ambiental na região do aqüífero.

RESULTADOS:

A falta de disponibilidade hídrica ocorre por diversos fatores: crescente demanda populacional ao abastecimento público; atividades econômicas que usam e degradam o recurso e distribuição hídrica irregular. Sobre esse último fator destaca-se que, no Brasil, a maior parte fica na região Norte (70%) e a região Sul e Sudeste que tem maior percentual de consumo com apenas 12%. Considerando que as águas subterrâneas são em grande parte de boa qualidade para o consumo humano, estas têm sido uma alternativa para o abastecimento público, como o Aqüífero Guarani. Este é um grande reservatório hídrico subterrâneo (1,2 milhões de km²) próprio ao consumo humano, de valor sócio-econômico-estratégico aos países que o abrangem (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). Constatou-se que os reais riscos de contaminação no Guarani estão nas suas bordas por serem áreas de recarga (infiltração da água no aqüífero) onde os impactos da atividade humana na sua superfície podem contaminá-lo. Os projetos existentes na área de Educação Ambiental estão localizados: na zona de recarga em SC, em Ribeirão Preto-SP e na Região do Planalto dos Guimarães-MT. Reduzir a quantidade de fertilizantes e agrotóxicos nas áreas de recarga; desenvolver o saneamento básico, uma vez que os esgotos domésticos podem ser fonte potencial de poluição; e utilizar as águas do aqüífero preferencialmente para o abastecimento público são também propostas a fim de proteger o Aqüífero Guarani.

CONCLUSÕES:

Devido à falta de disponibilidade hídrica em algumas regiões, as águas subterrâneas são grande potencial alternativo para o abastecimento público e outros fins. A crescente utilização do Aqüífero Guarani, com a ausência de lei especifica para gestão e fiscalização de suas águas, tem permitido a exploração desordenada com riscos de contaminação. As áreas mais preocupantes são as áreas de recarga. Os países que abrangem o aqüífero, apesar de terem firmado o Projeto Guarani no ano 2000 no intuito de criar um modelo de gestão comum, não tem demonstrado interesse na ampliação dos atores envolvidos na gestão na medida em que não houve a participação das universidades e nem das ONGs até o ano 2005. Devido à complexidade da questão ambiental, entende-se a imprescindível necessidade de desenvolver projetos interdisciplinares de Educação Ambiental para que haja a preservação e conscientização da comunidade contra possíveis perigos de ações antrópicas sobre o aqüífero. Contudo, a preocupação com a Educação Ambiental na área do Guarani é muito recente: os poucos projetos existentes ainda estão em fase de aprovação ou iniciaram suas atividades há pouco tempo. Recomenda-se o desenvolvimento de projetos em toda a extensão do manancial (e não somente nas áreas de recarga) e a ampliação da participação de membros da sociedade civil, especialmente das ONGs e das universidades, nas discussões sobre o manancial e de políticas públicas mais adequadas para a proteção dessas águas.

 
Palavras-chave: Disponibilidade hídrica; Aqüífero Guarani; Educação Ambiental.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006