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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 5. Psiquiatria
ADEQUAÇÃO SOCIAL DE PACIENTES COM TEPT
Juliana Daniele da Silva 1
Mariana Cadrobbi Pupo 1
Aline Ferri Schoedl 1
Marcelo Feijó de Mello 1
(1. PROVE - UNIFESP)
INTRODUÇÃO:
O Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) é  um quadro psiquiátrico que se desenvolve em indivíduos que vivenciaram  um evento  traumático fortemente ameaçador. Tal situação se caracteriza por: experimentar ou testemunhar situações que envolvem ameaça de morte ou lesão grave com relação a si mesmo ou pessoa conhecida, que resulte diretamente em medo intenso, desespero ou horror.  Os eventos traumáticos mais comuns são o de testemunhar acidente ou morte, passar por abuso sexual, enfrentar desastres naturais, sofrer agressão física ou ameaça com arma de fogo(como nos assaltos e seqüestros relâmpagos), acidentes automobilísticos com risco de morte ou participar de situações de combate. As vitimas permanecem em estado emocional de desconforto resultante da lembrança do perigo vivido,  passam a sofrer incômodas memórias intrusivas e a apresentar comportamentos evitativos que comprometem toda a sua sociabilidade.  Na busca de avaliar a adequação social dos pacientes com diagnóstico do TEPT, o PROVE/UNIFESP (Programa de Assistência à Vítimas de Violência) aplicou a  Escala de Adequação Social (EAS) em pacientes atendidos no Programa, com o objetivo de avaliar o impacto dos sinais e dos sintomas na qualidade de vida destes e de seu funcionamento social.
METODOLOGIA:
Foram avaliados 33 pacientes atendidos no PROVE com diagnóstico do TEPT segundo os critérios do DSM-IV, através  da escala de auto avaliação  de adequação social (EAS). Esta consta de 54 questões, as quais permitem uma avaliação individual de sete áreas especificas; trabalho fora e dentro de casa, vida de estudante, vida social e lazer, relação com a família, relação marital, relação com filhos, vida doméstica e situação financeira. Estes itens permitem a avaliação do desempenho, da qualidade das relações interpessoais, dos sentimentos e satisfações pessoais em relação as duas ultimas semanas do paciente.
RESULTADOS:
Dos 33 pacientes avaliados, 06 eram homens e 27 mulheres, com idade média de 37 anos (variando de 19 a 58 anos ). O grau de escolaridade dos entrevistados resultou em 42% ensino fundamental, 42% ensino médio e 16% ensino superior.  As  situações traumáticas mais freqüentes foram assalto 27%; perda de familiar (filho ou marido) por assassinato 21%; abuso sexual 12% e rebelião em cárcere 12%. Destes pacientes, embora 60 % seja trabalhador assalariado ou autônomo, 39% não conseguiu trabalhar  nas últimas semanas  e 21% está desempregado. Dos 9% das mulheres que trabalham em casa, 54% não conseguiu realizar satisfatoriamente suas tarefas rotineiras, em sua grande maioria por achá-as muito desinteressantes. Em relação aos estudantes 3% tiveram prejuízos significativos no desempenho escolar. Nas relações interpessoais e no lazer, 40% revelou pouco ou nenhum contato interpessoal, 56% não dedicou praticamente nenhum tempo para realização de atividades de lazer, 62% não tiveram interesse em relações amorosas. No âmbito familiar, 26% evitaram contato com familiares, 35% apresentaram dificuldades em falar dos problemas com os familiares, 43% apresentaram preocupações excessivas com os familiares. Em relação ao funcionamento social global observou –se que os pacientes com TEPT apresentam média de 2,86% com DP de 0,68% comparados a sujeitos normais do estudo de validação publicado por Gorentein et al. (1998) onde em sua pesquisa os pacientes tiveram média de  1,56% com DP de 0,36%.
CONCLUSÕES:

Os resultados obtidos até o presente, perpassam o grau elevado do comprometimento da vida social, apresentando prejuízos graves no campo do trabalho, do estudo, do lazer e das relações interpessoais. A dificuldade do paciente em retomar o seu cotidiano habitual frente ao TEPT requer intervenções psicodinâmicas no campo  psicossocial considerando o seu contexto sociocultural.

 
Palavras-chave: TEPT; Escala de Adequação Social; Psiquiatria.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006