O presente trabalho tem como objetivo analisar o Projeto Estaleiro-Escola do Maranhão, que visa à formação de aprendizes da tradição da construção naval artesanal do Maranhão, implantado no Sítio Histórico do Tamancão. Tal abordagem se dará a partir do potencial do projeto para o desenvolvimento de um modelo interpretativo do turismo cultural na cidade de São Luís. Também será enfocada a participação da comunidade da Vila Tamancão, situada no entorno do referido sítio, enquanto detentora dos significados e dos sentidos da localidade. A interpretação patrimonial é uma atividade voltada para a apresentação de bens culturais ou naturais, através da utilização de um conjunto de técnicas de inserção do visitante na realidade do objeto/local visitado, de forma a apreender a essência deste objeto. Assim sendo, trabalhamos a interpretação patrimonial como instrumento de preservação do patrimônio cultural e agregação de valor ao mesmo enquanto atrativo turístico, servindo como ferramenta para a otimização da atividade turística como fonte de desenvolvimento sócio-econômico e de preservação dos bens culturais e naturais das populações receptoras.

Constitui-se na realização de pesquisa bibliográfica como forma de obter uma base teórica para o desenvolvimento do trabalho, de entrevistas com personagens-chave dentro da comunidade e no órgão responsável pelo Estaleiro-Escola, da aplicação de questionários junto a moradores da Vila Tamancão no sentido de obter subsídios para a delimitação de nosso objeto de estudo e, por fim, da elaboração de critérios a serem adotados em um possível plano interpretativo para o local.

Através da nossa pesquisa constatamos que a comunidade da Vila Tamancão tem sido deixada à margem do processo de implantação do Estaleiro-Escola, uma vez que 90% dos moradores se mostraram insatisfeitos com sua forma de participação no projeto em questão.

Considerando os muitos elementos que constituem um verdadeiro conjunto de bens patrimoniais, concluímos que o Estaleiro-Escola do Maranhão constitui um grande potencial para o desenvolvimento de atividades de cunho interpretativo, podendo ser utilizado tanto para a visitação turística, quanto para fins educativos e de sensibilização da comunidade local para aspectos referentes à sua história e cultura. O trabalho também levou à conclusão de que não basta adotar o turismo como atividade econômica, é preciso, antes de tudo, inserir todos os segmentos da sociedade, principalmente as comunidades receptoras – maiores detentoras do saber e dos bens patrimoniais de qualquer sociedade – na construção de políticas de turismo, que só assim servirão de forma eficiente a seus objetivos maiores.