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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 1. Gerontologia
A RELIGIOSIDADE COMO MANIFESTAÇÃO AFETIVA NO IDOSO HOSPITALIZADO
Aline Terumi Bomura Maciel 1
Regina Taam 2
(1. Departamento de Psicologia - Universidade Estadual de Maringá / DPI-UEM; 2. Dep. Teoria e Prática da Educação - Universidade Estadual de Maringá / DTP-UEM)
INTRODUÇÃO:
O envelhecimento populacional é um fato reconhecido em diferentes estudos realizados por estatísticos, geógrafos, sociólogos, economistas e profissionais de diferentes áreas da saúde. Não se trata mais de uma questão localizada em países desenvolvidos, tais como a França, Inglaterra e a Suécia, da forma como se destacava no século passado. Essa população tem aumentado, também, nos países subdesenvolvidos e, no Brasil, conforme podemos observar nos dados do IBGE (2000). É necessário destacar que tal população tem apresentado exigências e necessidades diferenciadas dos demais grupos. Dentro desse contexto social é que se vem afirmando e discutindo a importância de mais estudos que possam contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para os idosos, a fim de que os mesmos possam usufruir melhores condições de vida. Nesse sentido, realizamos um estudo no Hospital Universitário de Maringá, para compreender as manifestações afetivas dos idosos hospitalizados, segundo a Teoria da Emoção de Henri Wallon (1879 – 1962). Para tanto, buscamos, de forma preliminar, verificar como a religiosidade está presente na vida dos idosos, e se esta pode contribuir para a superação das dificuldades físicas e psicológicas.
METODOLOGIA:
Nossa investigação foi desenvolvida por meio de um estudo bibliográfico e de campo. O estudo bibliográfico foi fundamentado em autores como Beauvoir (1990), Neri (1993; 1995), Taam (2004) e Wallon (1984), os quais subsidiaram as análises que realizamos dos dados coletados no Hospital Universitário de Maringá, durante o último trimestre de 2005 e o primeiro bimestre de 2006. Os dados foram obtidos com o auxílio de um roteiro de perguntas dirigidas aos idosos em condições de diálogo. Em razão desse critério, dos 16 pacientes hospitalizados, apenas 6 puderam responder satisfatoriamente as nossas perguntas. As respostas dos idosos foram registradas por nós e, posteriormente, analisadas. A idade desses pacientes variava entre 60 e 93 anos, dos quais 8 eram do sexo feminino e 8 do sexo masculino.
RESULTADOS:
A pesquisa mostrou que todos os 6 pacientes idosos hospitalizados são religiosos, de diferentes crenças, tais como: católica, evangélica e espírita. Não observamos diferenças entre homens e mulheres em relação ao fervor religioso. A vida social está vinculada à igreja, sendo que 5 dos entrevistados freqüentam assiduamente a igreja localizada em seus respectivos bairros. Um dos idosos, por motivos de debilitação física, não vai à missa, porém assiste a programas religiosos, além de realizar orações em sua residência. Durante as nossas conversas com os idosos, estes manifestaram, em diversos momentos, sua religiosidade, evocando Deus. Essas constatações ocorreram em colocações, tais como: “estou bem, graças a Deus”. Em relação ao futuro, os idosos não apresentam grandes expectativas de vida, como podemos observar na fala do paciente de 83 anos: “daqui a 10 anos, estarei morto”. A maioria, como o paciente de 69 anos, embora com poucas expectativas de vida a partir daquele momento, manifestava sua religiosidade, afirmando: “O futuro a Deus pertence”. Esse mesmo paciente, demonstrando ser um “leitor do mundo” avalia a necessidade de um trabalho multidisciplinar entre a religião e a medicina para tornar mais rápida e mais eficiente a cura dos doentes hospitalizados.
CONCLUSÕES:
A análise dos dados da pesquisa revelou que os idosos hospitalizados, no período deste estudo, apesar de não possuírem grandes expectativas de vida, depositam na religião suas esperanças. A afetividade se manifesta de maneira muito intensa em relação à religiosidade. Isso pôde ser observado tanto no aspecto dos sentimentos, quando o idoso fala de sua fé, de como agradece a Deus pela sua vida e como Deus é bom, quanto no aspecto das emoções, quando sorriem, quando se acomodam melhor na cama para tratar sobre o assunto, quando gesticulam de maneira mais expansiva. Além disso, segundo a teoria de Wallon, emoções boas acarretam um melhor funcionamento do organismo. Motta (2005, p. 10) afirma que “o modo como o indivíduo vive e as relações que estabelece, determina, junto com outros fatores, a forma como se desenvolve o processo de envelhecimento”. Uma abordagem positiva da religiosidade pelos profissionais e pelas pessoas que se relacionam com o idoso poderá auxiliar na recuperação de sua saúde, oferecer melhores condições de saúde e de bem estar tanto ao idoso quanto aos que estão envelhecendo. Os dados, apesar de serem de uma pequena amostra, indicam que a relação entre saúde e religião deve ser mais investigada pelos profissionais da área, a fim de que o processo de cura ocorra de maneira mais humanizada, apesar de sabermos que existem posicionamentos contrários a essa relação.
Instituição de fomento: Universidade Estadual de Maringá
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Idoso; Teoria da Emoção; Religiosidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006