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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 4. Sociologia do Trabalho
A ORGANIZAÇÃO FLEXÍVEL DO TRABALHO E OS PRINCIPAIS IMPACTOS NA SAÚDE DOS OPERÁRIOS DE UMA INDÚSTRIA METALÚRGICA DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO
Ercilio Domingos Turato Junior 1
Luiz Carlos Canêo 2
José Munhoz Fernandes 3
(1. Departamento de Sociologia, Faculdade de Ciências e Letras, UNESP; 2. Departamento de Psicologia, Faculdade de Ciências, UNESP; 3. Departamento de Ciências Administrativas, Faculdade de Ciências Econômicas, ITE)
INTRODUÇÃO:
Considerando-se o modelo participativo de trabalhadores e de organização flexível do trabalho, implantado por uma indústria metalúrgica localizada em Bauru, Estado de São Paulo, objetivou-se, com essa pesquisa, conhecer os principais impactos nas condições laborais e na saúde dos trabalhadores.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi do tipo qualitativa exploratória, sendo os dados coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas com oito operários das áreas de produção que voluntariamente se dispuseram a participar. Os relatos foram gravados e analisados de maneira a preservar o mais fielmente possível o relato de cada um, agrupando as respostas por semelhança.
RESULTADOS:
Verificou-se, enquanto modelo participativo de trabalhadores, o achatamento hierárquico com a supressão de todos os chefes das áreas produtivas. A produção, por sua vez, está atrelada às vendas e é coordenada pelos próprios operários que, semanalmente, se revezam nessa tarefa. Como principais impactos, foram relatadas condições de trabalho nocivas à saúde, tais como: repetição de atividades em períodos de trabalho excessivamente curtos, mobiliário ergonomicamente não adaptado às características físicas dos operários, assim como sintomas freqüentes de cansaço, monotonia, dores de cabeça, nos ombros, costas e pescoço. Segundo os participantes, a forma de organização do trabalho e as condições do ambiente é que provocam esses sintomas considerando-se, sobretudo, a pressão estabelecida pelos próprios operários para o cumprimento de metas e prazos de produção, uma vez que não existem chefes.
CONCLUSÕES:
A partir dos resultados obtidos, constatou-se que o modelo participativo de trabalhadores implantado na indústria metalúrgica, pode precarizar as condições de trabalho e provocar conseqüências nocivas à saúde dos trabalhadores. Isto ocorre, principalmente, pelo fato dessa organização do trabalho impor um intenso controle na atividade operária pelos próprios operários, devido à inexistência da chefia tradicional. Ademais, estabelece-se um elevado ritmo de trabalho para o cumprimento de metas e prazos de uma produção atrelada diretamente às vendas.
 
Palavras-chave: organização flexível do trabalho; precarização do trabalho; saúde do trabalhador.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006