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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE, CARACTERISTICAS MATERNAS E PESO AO NASCER NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE-PB.

Cleriston Machado Cavalcante 1, 2
Celeide Maria Belmonte Sabino Meira 1, 2
Maria Aparecida Alves Cardoso 1, 2
Hidegard Naara Alves Furtado da Costa 1, 2
Fabiana de Oliveira Melo 1, 2
(1. Universidade Estadual da Paraíba-UEPB; 2. Núcleo de Estudos e Pesquisas Epidemiológicas - NEPE)
INTRODUÇÃO:

O peso ao nascer tem sido alvo de estudos epidemiológicos por ser um importante fator na determinação da sobrevivência e qualidade de vida infantil. A literatura tem mostrado que recém-nascidos que apresentam baixo peso ao nascer apresentam probabilidades muitas vezes maior de morrer no período neonatal quando comparados com aqueles de peso adequado. A implantação do Sistema de Informação Sobre Nascidos Vivos (SINASC) facilitou o estudo do Baixo Peso ao Nascer (BPN) e dos seus fatores determinantes. A qualidade dos dados apresentados pelo SINASC para o município de Campina Grande-PB é considerada boa, segundo critérios estabelecidos pela literatura específica, sendo o percentual de preenchimento bastante alto para a maioria das variáveis. Portanto os dados do SINASC viabilizam estudos que podem fornecer importantes informações para os gestores locais. O presente estudo faz parte de um projeto maior intitulado "Peso ao nascer, serviços de saúde, hospitalizações e sobrevivência no primeiro ano de vida em Campina Grande, PB" financiado pelo CNPq (processo n. 402465/2005-9). Tem como objetivo fazer uma descrição do peso ao nascer e do acesso aos serviços de saúde do município, além de fazer um levantamento acerca de algumas características maternas.

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo de corte transversal, com abordagem quantitativa, realizado com dados secundários obtidos do SINASC, referente ao ano de 2003. Foram estudadas todas as crianças e mães registradas no Sistema de informação para o município de Campina Grande-PB. A classificação do peso ao nascer foi feita segundo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, sendo consideradas de BPN toda criança que estivesse com peso inferior a 2.500g e de Peso Insuficiente (PIN) aquelas com peso entre 2.500 e 2.999g. As crianças nascidas acima de 3000g foram classificadas como de peso normal. Como variável relativa ao acesso aos serviços de saúde foi observado o número de consultas pré-natal. Além do acesso aos serviços de pré-natal, foram estudadas as seguinte variáveis: tipo de parto, escolaridade e estado civil da mãe e sexo do bebê. Os dados do SINASC foram exportados para o Epi Info 2000, onde foram realizadas as análises descritivas preliminares, através da distribuição de freqüências.

RESULTADOS:

Os resultados indicaram que foram registrados em Campina Grande/PB, no ano de 2003, 11.995 nascimentos. Dentre os nascidos, 49,1% eram do sexo feminino e 50,9% do masculino. 4,3% das crianças apresentaram peso inferior a 2500g e 12,7%, peso insuficiente, caracterizados, estes últimos, por estarem entre 2500 e 2999g. A taxa mundial de baixo peso ao nascer é de 14%, sendo que nos países desenvolvidos e em desenvolvimento os valores são de 7 e 15%, respectivamente. No Brasil, em 2003, o índice foi de 10% (UNICEF, 2004). Na Paraíba este percentual foi de 7,4%; em João Pessoa a prevalência foi de 7,8% (SINASC/DATASUS). Portanto, em Campina Grande, a cidade em estudo, apresentou uma baixa prevalência (4,3%). Os resultados mostraram ainda que 56,1% das mulheres vivem sem companheiro, 94,3% têm de 0 a 3 anos de estudo, sendo que destas 50,7% nunca estudaram. 55,6% das mulheres realizaram até 06 consultas pré-natal e 44,2%, 07 ou mais consultas. 63,0% dos partos foram do tipo vaginal, de modo que houve 37,0% de cesarianas, o que fica bem acima das recomendações do Ministério da Saúde, que preconiza um máximo de 30% desse tipo de parto.

CONCLUSÕES:

Foi observado que menos da metade das mulheres pesquisadas realizou o mínimo de consultas pré-natal preconizado pelo Ministério da Saúde (MS), colocando o acesso à saúde neste município em condição não muito satisfatória. Entretanto, a prevalência de baixo peso ao nascer ficou abaixo da média nacional e, inclusive, estadual, tendo sido registrado um índice de 4,3% para o baixo peso e 12,7% para o peso insuficiente. É importante ressaltar que os riscos de morbidade e mortalidade de crianças com peso insuficiente também são altos quando comparados àquelas nascidas com peso adequado. O nível de escolaridade das mães foi considerado baixo e houve predomínio de parto do tipo "normal", embora seja considerado alto o número de cesarianas, realizada em 37,0% das mulheres, o que contraria as recomendações do MS. Os achados desse estudo corroboram os resultados de pesquisas que vêm sendo realizadas em diversas partes do mundo e apontam para a necessidade de aprofundamento do conhecimento das causas do baixo peso ao nascer em Campina Grande. A promoção da saúde e a melhoria do acesso aos serviços de saúde são objetivos centrais da Saúde Pública e a literatura científica deve funcionar como importante subsídio para o planejamento e execução de ações voltadas para a população.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UEPB
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Baixo Peso ao Nascer; Fatores de Risco; Serviços de Saúde .
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006