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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
JORNADA PEDAGÓGICA NO ENSINO SUPERIOR: CONTRIBUIÇÕES DA DIDÁTICA PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA DA INTERDISCIPLINARIDADE.
Maurina Passos Goulart Oliveira da Silva 1, 2
(1. Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá; 2. Universidade Metropolitana de Santos - UNIMES)
INTRODUÇÃO:

Na última década, após a divulgação da nova LDB, inúmeras publicações apontaram para a necessidade de investimento na formação de professores em todos os níveis. Deu-se relevância à formação em serviço, considerando as instituições de ensino como o locus da formação através do qual o profissional teria a oportunidade de aprimoramento do exercício da profissão. No entanto, sabemos dos enormes desafios ainda existentes nos caminhos da formação de professores. Nessa perspectiva, outros temas como identidade profissional, trabalho coletivo, processo de ensino-aprendizagem ou processos de ensinagem, permeiam a discussão sobre formação seja ela inicial, continuada ou permanente. No ensino superior, em diferentes instituições, identificamos a problematização referente à prática educativa, a qual aponta para a necessidade de revisão da didática do professor em sala de aula.  Nesse sentido, realizamos pesquisa com o objetivo de identificarmos as necessidades de formação, bem como a percepção sobre Ser Professor Universitário, tendo em vista a constituição de um Grupo dedicado à Formação Permanente de professores numa perspectiva interdisciplinar. Pensar as questões de formação a partir da ressignificação da Didática, numa abordagem interdisciplinar significa estabelecer parceria com o grupo, exercer a escuta sensível onde respeito e humildade sejam princípios norteadores dessa ação político-pedagógica nos espaços acadêmicos.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada numa universidade privada, durante a Jornada Pedagógica - movimento dedicado à formação dos docentes da instituição - envolvendo professores dos cursos oferecidos no campus. Partimos do pressuposto de que a Didática enquanto disciplina construtora de saberes para uma prática efetiva, tendo também nas últimas décadas, passado por um processo de ressignificação, poderia acrescentar às demais áreas do conhecimento as contribuições geradas por esse processo e sustentar a revisão da prática educativa.  Assim, durante a Jornada Pedagógica estabelecemos estudos e discussões sobre a evolução da Didática fundamentando nosso trabalho em autores atuais e relevantes. Promovemos a formação de grupos de discussão compostos por professores de diferentes cursos: Publicidade e Propaganda, Administração, Comunicação Social, Enfermagem, Educação Física, Direito e Pedagogia.  Aplicamos instrumento norteador das discussões, considerando três aspectos distintos: a) indicação de temas para estudo, por ordem de importância, b) sugestões, e c) percepção da docência universitária (complementação da frase: Ser professor universitário é...). Todas as sugestões e entendimento sobre Ser Professor na universidade foram apresentadas pelo representante de cada grupo, permitindo a socialização das expectativas e necessidades de formação dos diversos cursos, aproximando professores e rompendo possíveis barreiras entre os pares. 

RESULTADOS:

Nas observações realizadas durante todo o trabalho, pudemos constatar a descontração e a satisfação dos grupos ao serem considerados protagonistas da organização do trabalho de formação permanente. Feito o levantamento das necessidades, identificamos no item A, o interesse por práticas interdisciplinares, métodos e técnicas pedagógicas, relação professor-aluno, troca de experiências, integração. Ressalta-se na identificação das necessidades um forte apelo à formação voltado para o ensino de métodos e técnicas, tanto para o desenvolvimento do conteúdo quanto para aproximação entre professor e aluno. No item B, as sugestões estão também direcionadas à intensificação dos estudos sobre técnicas e dinâmicas de grupo. É forte o apelo por mais encontros onde os professores possam se manifestar, trocar experiências visando à formação permanente. Com relação ao item C, ao completar a frase “Ser Professor Universitário é”, constatamos no discurso dos professores o desejo de trocar e compartilhar saberes e experiências, busca por processos interativos entre o saber do professor e o saber dos alunos.

CONCLUSÕES:

Rever a prática educativa significa compreendê-la como ação comprometida com a mudança da realidade. Neste sentido, podemos dizer que a prática exercida é uma prática político-pedagógica. Nas escolhas que fazemos ao pensar o trabalho docente desde seu planejamento, organização da sala de aula até a avaliação do processo, incluímos ou excluímos nossos alunos, nos inserimos ou não no compromisso de vencer as contradições postas no campo da educação, bem como as contradições que a realidade social injusta e desigual nos coloca como desafio o tempo todo. O que ensinar, para que ensinar e por quê ensinar representam os pilares de uma prática político-social através da qual o processo de ensino-aprendizagem precisa ser compreendido em suas múltiplas dimensões: humana, técnica e político-social. Nosso desafio é, portanto, manter a coerência no trânsito dessas dimensões e mais ainda, sermos coerentes com nossas idéias e ações exercidas na sala de aula e fora dela. A abordagem interdisciplinar da problemática apontada permite o desvelamento das incertezas na busca de certezas provisórias, bem como a aproximação não apenas de conteúdos e o rompimento de fronteiras entre os saberes, mas principalmente essa abordagem promove o rompimento de barreiras entre as pessoas. A pesquisa revelou a preocupação e o interesse dos professores por estudos que possam melhorar suas práticas, indicando a importância da aproximação das disciplinas e principalmente a valorização de trocas intersubjetivas. 

Instituição de fomento: CAPES
 
Palavras-chave: Formação Permanente; Didática; Interdisciplinaridade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006