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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo

ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E METAIS PESADOS POR PLANTAS DE CROTALÁRIA (Crotalaria juncea L.) CULTIVADAS EM LATOSSOLO TRATADO COM LODO DE ESGOTO

Luciana Cristina Souza 1
Wanderley José de Melo 2
Gabriel Maurício Peruca de Melo 3
Helena Miguel Campos 1
Victor Sanches Ribeirinho 1
Thiago Assis Rodrigues Nogueira 4
(1. Aluno de graduação do curso de agronomia - IC / FCAV-UNESP; 2. Professor Titular Biogeoquímica / FCAV-UNESP; 3. Doutor em Produção animal / FCAV-UNESP; 4. Aluno de mestrado em Ciência do Solo / FCAV-UNESP )
INTRODUÇÃO:

A disposição inadequada dos resíduos sólidos gerados em atividades industriais como, rejeitos de mineração, subprodutos e descartes da indústria, bem como o lodo proveniente do tratamento do esgoto domiciliar urbano ou industrial constitui foco de contaminação da água, ar e solo, numa sobrecarga poluidora de caráter contínuo e muitas vezes irreversível. Pela sua composição química, o lodo de esgoto se apresenta como um possível fertilizante para uso na agricultura, uma vez que em sua composição tem-se a matéria orgânica, que irá melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, e nutrientes essenciais às plantas. Porém, a par de sua composição favorável para uso agrícola, o lodo de esgoto pode encerrar na sua composição componentes tóxicos aos vegetais e aos animais e que, portanto, não devem entrar na cadeia trófica. Em assim sendo, para que o lodo de esgoto possa ser utilizado como fertilizante, há que se conhecer seu efeito sobre o desenvolvimento das plantas, com isso, objetivou-se com esse trabalho avaliar os efeitos de doses de lodo de esgoto sobre a absorção de nutrientes e metais pesados pela planta de crotalária cultivada em um Latossolo Vermelho eutroférrico (LVef) tratado com lodo de esgoto por 8 anos consecutivos.

METODOLOGIA:

O experimento foi desenvolvido em condições de campo, em área de Latossolo Vermelho eutroférrico, na FCAV/UNESP, Campus de Jaboticabal (SP), utilizando-se como planta teste o milho (Zea mays L.) por 7 anos e a crotalária (Crotalária juncea L.) no 8o ano. A área recebeu pelo oitavo ano consecutivo aplicação de lodo de esgoto proveniente da ETE da cidade de Barueri (SP). O experimento foi instalado em delineamento experimental em blocos casualizados com 4 tratamentos e 5 repetições. Os tratamentos testados foram: T1= testemunha (sem aplicação de lodo de esgoto), com fertilização mineral baseada na análise de fertilidade; T2= 2,5 t ha-1; T3= 5 t ha-1, T4= 20 t ha-1, de lodo de esgoto (base seca). A partir do quarto ano, a dose 2,5 t ha-1 foi substituída por 20 t ha-1, de tal modo que as doses acumuladas no 8o ano foram 0, 40, 80 e 107,5 t ha-1. O experimento foi instalado em parcelas de 6 x 10 m, aplicando-se o lodo de esgoto em superfície e incorporando-o ao solo por meio de uma gradagem leve na profundidade 0-0,10 m. Após a incorporação, a área foi sulcada, seguindo-se a aplicação de fertilizante mineral no sulco do tratamento testemunha, procedendo-se, então, a semeadura (0,5 m entre linhas e 20 sementes por metro linear). A amostragem de plantas foi feita aos 60 dias após o plantio. As plantas foram lavadas, secas, moídas e armazenadas em câmara seca ate o momento das análises. Determinaram-se os teores de N, P, K, Ca, Mg, S, Cu, Fe, Mn, Zn, B, Cd e Ni.

RESULTADOS:

Os teores de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio não foram afetados pelas diferentes doses de lodo de esgoto avaliadas. A concentração de enxofre na planta foi maior nas parcelas que receberam a dose de 80 t ha-1, a qual diferiu estatisticamente dos demais tratamentos. O lodo de esgoto em todas as doses estudadas forneceu quantidades de macronutrientes semelhantes às quantidades fornecidas pela fertilização mineral, com exceção do enxofre que apresentou sua maior disponibilidade no tratamento que recebeu a dose de 80 t ha-1 de lodo de esgoto.

Os elementos cobre, ferro, zinco, manganês e boro, além de serem micronutrientes indispensáveis ao desenvolvimento das plantas, são também considerados metais pesados, bem como o níquel, o cádmio e o crômio. As doses de lodo de esgoto estudadas não afetaram os teores de ferro, cobre, níquel e cádmio nas plantas de crotalária. A concentração de zinco foi maior no tratamento com dose acumulada  80 e 107,5 t ha-1, não havendo diferença entre o tratamento testemunha e a menor dose de lodo. Os teores de manganês nas plantas dos tratamentos testemunha e 107,5 t ha-1 não diferiram estatisticamente entre si, e foram superiores aos tratamentos 40 e 80 t ha-1. O tratamento que recebeu a dose de 107,5t ha-1 de lodo de esgoto apresentou a menor concentração de boro, não diferindo estatisticamente do tratamento 40 t ha-1, que por sua vez não diferiu dos demais tratamentos.

 

CONCLUSÕES:

As concentrações de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio não foram afetadas pelas doses de lodo de esgoto estudadas quando comparadas com a fertilização mineral. A dose acumulada de 80 t ha-1  promoveu elevação nos teores de enxofre na planta.

As concentrações de ferro, cobre, níquel e cádmio, assim como para a maioria dos macronutrientes não foram alteradas pela aplicação do lodo. Os teores de metais pesados encontrados nas plantas apresentaram-se abaixo do limite de toxicidade.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Lodo de esgoto; metais pesados; nutrientes.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006