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C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 1. Imunologia Aplicada

CINÉTICA DA RESPOSTA IMUNE HUMORAL DOS PACIENTES RENAIS EM HEMODIÁLISE

Jordana Fernandes Rodrigues  1
Verônica Calvo Buzzi  1
Sueli Donizete Borelli  1
(1. Departamento de Análise Clínicas, Universidade Estadual de Maringá/UEM)
INTRODUÇÃO:
O complexo principal de histocompatibilidade (CPH) consiste em um conjunto de genes que está situado no braço curto do cromossomo 6 humano. Muitos dos genes do CPH estão envolvidos em funções imunológicas. Em particular, o CPH contém um grupo de genes que codificam diversas proteínas que são expressas na superfície de vários tipos de célula. Nos seres humanos, tais moléculas são conhecidas como antígenos leucocitários humano, ou sistema HLA, do inglês Human Leucocyte Antigens. Os anticorpos anti-HLA são, na maioria das vezes, aloanticorpos que podem ser produzidos quando o sistema imune se depara com aloantígenos do sistema HLA. Esta aloimunização pode ocorrer em condições normais, como na gestação, e em condições artificiais, como nas transfusões sangüíneas e nos transplantes, sendo que o transplante prévio é considerado a fonte mais importante de sensibilização. A avaliação do grau de sensibilização aos antígenos HLA se dá através da Reatividade Contra Painel de linfócitos (PRA). A realização da PRA fornece dados importantes sobre as condições imunológicas dos pacientes candidatos a transplante e auxilia na escolha do melhor pareamento doador-receptor. Este trabalho teve como objetivo avaliar a cinética da resposta imune humoral aos antígenos HLA dos pacientes renais, em diálise, ao longo de 48 meses.
METODOLOGIA:
Pacientes renais: 5mL de sangue periférico foram coletados sem anticoagulante, o qual, foi centrifugado para obtenção do soro. Painel de linfócitos: foram coletados 10mL de sangue periférico com ACD de indivíduos normais, com tipagem HLA conhecida. Controle positivo: foi utilizado soro de indivíduo sabidamente multiespecífico para os antígenos HLA. Controle negativo: foi utilizado soro de individuo normal, do sexo masculino, sem histórico de transfusão sanguínea, e com tipagem sanguínea AB e Rh negativo. Suspensão de linfócitos: as amostras de sangue foram centrifugadas a 1200rpm por 10 minutos. A camada leucocitária, foi retirada e misturada com 8mL de solução fisiológica. A mistura homogeneizada foi colocada sob 2mL de solução de Ficoll-Hypaque, centrifugada a 2000rpm por 20 minutos e em seguida retiradas as células mononucleadas. Estas foram diluídas em solução fisiológica e centrifugadas durante 10 minutos a 1200rpm. Esta etapa foi repetida por 3 vezes. A concentração foi ajustada para 3.106 células/mL. PRA: Foram incubados, em placas de Terasaki, soro do receptor e linfócitos do doador por 45 minutos, e adicionado 5 μL de complemento. Após incubação, o excesso de complemento foi retirado e adicionado 5 μL de corante. A leitura da reação foi realizada em microscópio óptico comum e avaliada de acordo com os escores de viabilidade celular de 1 a 8.
RESULTADOS:
No período de 48 meses foram estudados 40 pacientes renais em diálise, sendo 24 indivíduos do sexo masculino e 16 do sexo feminino. Durante este período foram realizadas 8  PRAs para cada paciente. De acordo com os resultados encontrados foi observado que trinta e três pacientes apresentaram médias de PRA inferiores a 10%, 6 pacientes apresentaram médias entre 10 e 50%, enquanto que apenas 1 paciente apresentou média superior a 50%. Variações dos níveis séricos de anticorpos anti-HLA, ao longo do período do estudo, foram também analisados. Verificou-se que 32 pacientes apresentaram uma variação do percentual mínimo e máximo de até 20%, 1 paciente com variação entre 20% a 40% e 7 pacientes com variação superior a 40%. Além de 6 pacientes que obtiveram seus percentuais superiores a 70%, em pelo menos uma das oito análises.
CONCLUSÕES:
A maioria dos pacientes (32) apresentou uma variação de até 20% em seu percentual PRA. Esta variação foi observada tanto nos pacientes com baixo e elevado percentuais de PRA. Este estudo tem permitido avaliar a evolução e a magnitude da resposta imune humoral dos pacientes renais, em diálise, frente aos antígenos HLA durante o período que precede o transplante. O acompanhamento destes pacientes, no pós-transplante, será necessário para avaliar a importância da cinética de produção individual de anticorpos, a qual poderá servir como parâmetro de acompanhamento de doses adequadas de imunossupressores no pós-transplante. 
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: HLA; Anticorpos; PRA.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006