A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é um problema de saúde publica, sendo é uma das maiores causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Segundo dados do Ministério da Saúde, estima-se que existem 7,5 milhões de portadores de DPOC no Brasil, o que corresponde a 5% da população geral. Ela é responsável por 9% dos certificados de afastamento do trabalho por doença e impõe um grande encargo nas finanças para o serviço de saúde. Isso torna importante a realização de estudos que promovam a melhoria da qualidade de vida do paciente, e conseqüentemente, a melhora no seu estado de saúde. O Farmacêutico é o profissional da saúde com maior conhecimento sobre medicamentos e seus efeitos sobre o corpo humano. Combinando esses conhecimentos com o fácil acesso ao público, está em uma posição ideal para melhorar a atenção prestada ao paciente. Seu papel no moderno sistema de saúde é orientar e educar no que se refere ao uso racional de medicamentos, através da Atenção Farmacêutica (AF). A AF é compreendida como o processo de buscar, identificar e resolver os Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM), de maneira sistemática e documentada, com o objetivo básico de melhorar a qualidade de vida do paciente.

O estudo foi do tipo prospectivo com entrevista semi-estruturada, conforme descreve a metodologia Dáder de Seguimento Farmacoterapêutico (SFT). Os instrumentos de pesquisa foram aplicados para 11 pacientes de ambos os sexos e com idade entre 57 e 74 anos. O critério para inclusão utilizado para selecionar a população alvo foram: possuir DPOC comprovada. A metodologia Dáder de SFT baseia-se na obtenção da História Farmacoterapêutica do paciente, isto é, nos Problemas de Saúde (PS) que este apresenta, nos medicamentos que utiliza e na avaliação do seu Estado de Situação, de forma a identificar e resolver os possíveis PRMs. Após esta identificação foram realizadas as intervenções farmacêuticas necessárias para resolver os PRMs e posteriormente os resultados obtidos foram avaliados.

Após a realização da primeira entrevista foram identificados 54 PS e 34 PRMs. 2,9% estavam relacionados com necessidade da utilização dos medicamentos, 11,8% estavam relacionados com a efetividade e 85,3% com a segurança, divididos em 2,9% PRM 1 (Necessidade), 8,8% PRM 3, 2,9% PRM 4 (Efetividade), 79,5 PRM 5 e 5,9% PRM 6 (Segurança). Após a identificação dos PS e classificação dos PRMs, realizaram-se as intervenções farmacêuticas por escrito e oralmente. As intervenções realizadas no presente estudo foram relacionadas a quantidade dos medicamentos, com alteração na dose e horário de administração. Quanto a educação do paciente foram realizadas sessões de educação continuada abordando o cuidado com os medicamentos e a automedicação, a necessidade de adesão terapêutica e as opções não farmacológicas no controle da doença. Após as intervenções farmacêuticas houve uma redução de 33% nos PS e uma redução de 38% nos PRMs. Os PRMs solucionados eram de necessidade (100 %), efetividade (75%) e segurança (31% ).

A metodologia Dáder é uma ferramenta útil no processo de identificação e resolução dos PRMs em pacientes portadores de DPOC. Foi verificado que as intervenções farmacêuticas otimizam o uso de medicamentos, diminuem os sintomas causados pela farmacoterapia e melhoram o estado de saúde dos pacientes com DPOC.