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G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social

PRÁTICAS DE RESISTÊNCIA EM UM TEATRO DE ARENA: SESC – ACRE (1979–89)

Belchior Carrilho dos Santos 1, 2, 3
Gerson Rodrigues de Albuquerque 1, 2, 4
(1. Universidade Federal do Acre / UFAC; 2. Centro de Documentação e Informação Histórica / CDIH - UFAC; 3. Departamento de História - UFAC; 4. Docente)
INTRODUÇÃO:
O objetivo da pesquisa é levantar um debate a cerca do Teatro de Arena do SESC e as experiências vividas por seus freqüentadores, como também, conhecer o ponto de vista dos mesmos a respeito do local e a importância para eles. Com a presente pesquisa, fez-se um diálogo com a trajetória desse teatro, no período de 1979-89. Inaugurado no dia 24 de março de 1979 pelo Governador do Estado Geraldo Mesquita e pelo então Delegado Executivo do SESC/AC Jaime Ariston, aos poucos representou mais do que um simples teatro, onde palco e arquibancada, também eram utilizados para outros fins, como reuniões que discutiam questões políticas mais amplas. Artistas, estudantes, sindicalistas e ex-seringueiros, reuniam-se para discutir a política desenvolvimentista pensada pela ditadura militar para a Amazônia, que transformou seringais e florestas em grandes fazendas. Nesse momento, já há no país certa reabertura democrática, os sindicatos encontravam-se fortalecidos e o povo aderia cada vez mais à campanha das “diretas já”. Com a queda da ditadura militar em 1985, surgem novas perspectivas, mas, os ideais que antes eram buscados pelos freqüentadores, já não faziam mais sentido, devido à mudança de regime. A situação vivida pelos habitantes de Rio Branco, continuava a mesma, a política desenvolvimentista implantada na ditadura militar não foi desfeita, apenas menos intensificada e aos poucos foi deixando de ser motivo de denúncia por parte dos freqüentadores do Teatro de Arena do SESC.
METODOLOGIA:
Para a realização da pesquisa foram utilizadas fontes de acervo documental do Museu da Borracha “Geraldo Mesquita”, Núcleo de Estudos e Pesquisas Históricas do SESC/AC e do Centro de Documentação e Informação Histórica, da Universidade Federal do Acre, textos, entrevistas e bibliografias indicadas. A partir do diálogo com Ana Fani, Alfredo Bosi, Carlos Alberto, Costa Sobrinho, Elder Andrade, Izaías Almada, Jacques Le Goff, Milton Santos e Socorro Calixto, foi possível contextualizar historicamente o Teatro de Arena do SESC, mas também, entender muitos dos acontecimentos ocorridos naquele lugar tão pequeno, mas repleto de significados para cada um que ali estiveram.
RESULTADOS:
No final da década de 70, o Teatro de Arena do SESC constituiu-se como um dos únicos locais de práticas artísticas e culturais, e em curto período de tempo, chegou a ser o único a abrigar a classe artística para os ensaios e apresentações. Juntamente com a disponibilidade do local havia liberdade para que os freqüentadores se pronunciassem e moldassem o Teatro de Arena do SESC, conforme suas necessidades como um espaço de denúncia, resistência e sociabilidade, onde pessoas com os mais variados pensamentos, reuniam-se para debater e discutir os problemas e os rumos da cidade de Rio Branco. As questões levantadas nesse espaço cultural, também, estavam ligadas diretamente à política e à economia, que com o passar do tempo incorporavam os ideais esquerdistas.
CONCLUSÕES:

Além de promover o entretenimento, o Teatro de Arena do SESC, serviu como um espaço de denúncia dos acontecimentos locais e nacionais através de apresentações artísticas e reuniões bastante decisivas na vida dos moradores da cidade Rio Branco. Tornou-se, então, um espaço multifacetado, onde era possível o debate com os anseios e problemas da população local, que talvez sem perceber, dava vida ao lugar. O trabalho de contraposição que era feito por seus freqüentadores, demonstra-nos claramente que tudo aquilo que é imposto, traz consigo conseqüências significativas, se nesse momento não se podia impedir toda uma política desenvolvimentista que já vinha articulada e traçada pelo Governo Federal para a região amazônica, pelo menos se podia denunciar e até mesmo resistir.

Instituição de fomento: Universidade Federal do Acre / UFAC
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Cultura; Trabalho; Artes.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006