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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)

REPRESENTAÇÕES E SABERES DE PROFESSORES(AS) E ALUNOS(AS): SEUS ENTRELAÇAMENTOS NA CONTIDIANEIDADE DO ESPAÇO ESCOLAR

Soraia de Mello Oberto 1
Valeska Fortes de Oliveira 1
Silvania Regina Pellenz Irgang 1
Helen Ventura Flôres 1
Alexandra Botega Ceron 1
Andriza Kemel Zanella  1
(1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA)
INTRODUÇÃO:

 Os saberes docentes e as concepções pedagógicas são temáticas instigantes na atualidade, uma vez que é chegada a hora de o espaço acadêmico perceber que não é mais o único lugar que forma, se pensarmos na formação profissional, podemos ver a limitação deste “lócus” formativo, pois ainda estamos nos movimentando com a lógica da formação técnica. A partir desta ótica, o foco desta pesquisa centra-se nas significações/representações imaginárias que professores(as) e alunos(as) possuem de si e do(a) outro(a), dentro do espaço escolar e no que tange a questão da formação acadêmica. A perspectiva adotada durante o trabalho, busca conhecer a epistemologia da prática docente, o lócus de construção do saber e do fazer do cotidiano docente. Entendemos que a relevância desta pesquisa pode ser justificada a partir da sua preocupação em se construir uma investigação que tem caráter formativo/investigativo, colocando o professor como “pesquisador de si” e de suas práticas docentes e, por constituir-se num projeto que tem desdobramentos de produção intelectual acadêmica e produção intelectual para as políticas de formação continuada das redes de ensino,além de dar espaço a voz dos(as) alunos(as), abarcando os saberes construídos por estes(as). Pois tem como objeto de estudo as culturas e os saberes docentes e discentes, pesquisados(as) através do diálogo oral e escrito, reflexivo, que proporciona uma ressignificação das relações e representações cotidianas de professores(as) e alunos(as).

METODOLOGIA:

Para que se compreenda a natureza dos saberes docentes e discentes, faz-se necessária uma relação direta com os sujeitos envolvidos na produção dos referidos saberes. Devemos nos aproximar do lócus de trabalho desses(as) profissionais e conviver com os(as) mesmos(as), para compreender as práticas pedagógicas por eles(as) desenvolvidas. Esta pesquisa foi desenvolvida por meio de vivências pedagógicas e entrevistas semi-estruturadas escritas com os(as) professores(as), envolvendo suas concepções acerca da escola, de si mesmos(as) e dos(as) alunos(as). A partir das vivências propusemos a ressignificação de suas práticas pedagógicas e de abertura a novas formas de trabalho.  Nessa pesquisa, também utilizamos o método auto biográfico, onde a escrita de si é também produtora e formadora do(a) professor(a) que se propõe a reconstruir imagens, experiências, vivências. Optamos por trabalhar com os alunos através de entrevistas estruturadas orais, nas quais enfocamos suas representações de escola, aluno(a) e professor(a). As respostas dos(as) alunos(as) representam suas concepções e o que esperam da escola.

RESULTADOS:

Os(as)  professores(as) ao escreverem como se sentiam na escola demonstraram realização pelo trabalho docente sentindo-se motivados(as) e angustiados(as) e ao mesmo tempo desafiadas na busca da superação dos obstáculos que surgem na tentativa de oportunizar uma educação mais crítica e humanizadora. Os(as) professores(as) registraram sua satisfação em atuar na escola, no entanto, também observamos algumas questões que interferem negativamente na estrutura educacional quando os(as) professores(as) demonstram insatisfação e desmotivação em virtude da pouca valorização salarial, das políticas públicas, e, muitas vezes, o não reconhecimento de seu trabalho pela sociedade, além das condições e materiais insuficientes para a realização do trabalho pedagógico.com relação aos(às) alunos(as), pudemos observar na maioria das falas uma representação caracterizada pela desmotivação, apatia e certa inércia em relação aos objetivos propostos em sala de aula. Os(as) alunos(as) perceberam-se como parte integrante, e, responsável pelo espaço escolar, e demonstraram na necessidade de um(a) professor(a) que traga novidades, que reconstrua o conhecimento de forma mais atrativa e que esta se dê no coletivo,afim de compartilhar o conhecimento e os saberes docentes, discutir e estudar conjuntamente, estimular a aquisição de novas confluências de saberes, gerando um processo permanente de formação e auto-formação.

CONCLUSÕES:

A pesquisa com esses atores que compõem a escola, buscando as significações que estes(as) atribuem a si mesmos(as) e ao espaço que estão inseridos(as) proporciona o conhecimento dos imaginários que entrelaçam a escola para assim compreender a forma como se instituem esses espaços escolares.Tanto o(a) professor(a) como os(as) alunos(as), chegam à escola com conceitos que a sociedade coloca, cada um traz consigo a representação que determinada situação tem para a sua vida. O processo reflexivo, proporcionou aos(as) alunos(as) reconhecer-se como construtor(a) de um espaço que também é dele(a). somente a partir do diálogo entre as pessoas, da compreensão e respeito pela diversidade podemos buscar uma escola mais reflexiva, pois esta faz parte do contexto político, econômico, social, cultural e tecnológico que estamos vivendo, e, se todos esses fatores interferem na escola, a mudança deve ser discutida com ambos, pois as decisões tomadas afetam o desenvolvimento e desempenho da escola. A formação não ocorre por acumulação de cursos, treinamentos, conhecimentos ou técnicas, mas de um trabalho crítico reflexivo sobre as práticas e da construção permanente da identidade pessoal e professoral, tanto no individual quanto no coletivo.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: SABERES; IMAGINÁRIO; MEMÓRIA.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006