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B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária

RETENÇÃO DE METAIS PESADOS EM LODO DE ETE E ETA POR ESTABILIZAÇÃO ALCALINA

Elivete Carmem Clemente Prim  1
Armando Borges de Castilhos Junior  1
Juliana de Oliveira Wendhausen Ramos  1
Ismael Hernandes Pereira Junior  1
(1. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental - UFSC)
INTRODUÇÃO:

Como em todas as atividades industriais, as estações de tratamento de água (ETA) e esgoto (ETE), têm um ponto em comum, a geração de resíduos, conhecidos como lodos. O tratamento e a disposição final destes resíduos constituem problemas de grande complexidade, face ao grande volume gerado, à dificuldade em se encontrar locais adequados e seguros, à distância do transporte, aos impactos ambientais, aos custos e às características de operação e processo. Portanto, qualquer decisão sobre o destino final mais apropriado para estes resíduos depende de sua caracterização, avaliação e minimização dos riscos de contaminação ao meio ambiente e ao homem. (BETTIOL, 2000). Do ponto de vista ambiental o controle da presença de metais pesados é imprescindível, uma vez que a solubilização de hidróxidos pode disponibilizar na fase líquida espécies nocivas à saúde humana assim como, a fauna e a flora. Sendo assim, objetiva-se nesta pesquisa mostrar o comportamento da retenção de metais encontrados em lodo de ETA e ETE, através estabilização química alcalina com diferentes percentuais e tipos de estabilizante.

METODOLOGIA:

A metodologia consiste na mistura de 03 resíduos (Lodo de ETA, Lodo de ETE e Lodo de ETA + Lodo de ETE) com 02 materiais estabilizantes (cal hidratada e  cal virgem). Foram realizadas 12 misturas com 0%, 5%, 10% e 15¨% de cal. O lodo de esgoto foi estabilizado com cal virgem, pela sua eficiência também na eliminação de patógenos e, o lodo de água com cal hidratada. Os parâmetros monitorados são: pH, Sólidos totais, fixos e voláteis, umidade e os metais: Ca, Mg, Zn, Mn, Fe, Cu, Ni e Cd. Adotou-se um período de estabilização de 30 dias. Após este período, as amostras foram lixiviadas conforme as normas brasileiras NBR 10004 e 10005 da ABNT e, encaminhadas à análise de metais por absorção atômica. Para compreensão dos resultados é importante esclarecer a nomenclatura de cada mistura, que são representadas pela letra E quando a mistura é de lodo de esgoto, a letra A - lodo de água e quando aparece AE significa que amostra é composta pelos dois tipos de lodos em iguais proporções. Segue após cada letra um número, que representa o percentual de estabilizante adicionado. Para as mistura contendo lodo de esgoto ( E e AE), foi adicionado cal virgem (CaO), e para as de lodo de água, cal hidratada (CaOH).

RESULTADOS:

Segundo Andreoli (2001), sabe-se que sanitariamente o ideal é que o lodo fique no mínimo por 72 horas com o pH superior a 12. Tomando-se este dado como parâmetro de referência, não como objetivo a alcançar, observou-se que a amostra E15 alcança o pH 12 nas primeiras 24 horas, e no decorrer dos 30 dias em média a faixa final para todas as amostras é de pH 8 a 9. Abaixo desta faixa temos as amostras brutas (AO, E0, AE0). Pode-se observar que a medida em que se foi acrescentada cal às misturas, decresceu a umidade e aumentou o teor de sólidos totais. Nota-se que houve redução dos sólidos voláteis e aumento dos fixos, o que é positivo em termos de avaliação da inertização do produto. As concentrações de Al, Mg e Ca,  são altas, sendo que há aumento de Ca proporcional a adição do estabilizante. Ocorreu presença de  Al somente na amostra bruta de ETA - 350mg/Kg,  indicando adsorsão do mesmo pelo estabilizante nas misturas. Quanto aos metais de Zn, Mn e Fe,  também ocorreu a adsorsão destes metais no processo, com redução significativa se compararmos os resultados as amostras brutas e aquelas que estabilizaram sem adição de estabilizante. As concentrações de Cu, Ni e Cd foram baixas, sendo que o cobre apareceu somente em duas amostras-  E10 e a AE5. De acordo com a NBR 10004, o máximo permitido de Cd para um material não ser classificado com resíduo classe 1 é de 0,5 mg/L, nenhum amostra lixiviada  passou deste valor. De acordo com a norma brasileira de classificação de resíduos da ABNT - NBR 10004/2004, os parâmetros analisados indicam a classificação de resíduo classe IIA, ou seja não perigosos e não inertes.

CONCLUSÕES:

Conclui-se que o processo foi positivo para valores menores que 15% de estabilizante principalmente as amostras, A0 à A15 e E5 à E15. Com exceção do Ca e Mg, o processo foi positivo com relação a adsorsão dos metais, todos reduziram consideravelmente com relação aos valores da amostra bruta e aquelas estabilizadas sem Cal. Houve redução da M.O. representada pelos SV. A principio tudo indica que entre as porcentagens avaliadas misturas com 5% satisfazem aspectos ambientais e econômicos.

Instituição de fomento: FINEP, CNPq, CAIXA, ECONOMICA, UFSC
 
Palavras-chave: Lodo de ETA e ETE; metais pesados; estabilização alcalina.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006