IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
PERSPECTIVAS DE FUTUROS PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA SOBRE FORMAÇÃO E CONHECIMENTO PARA A INCLUSÃO DA TEMÁTICA AMBIENTAL
Bernadete Benetti 1
(1. Centro de Ed. Continuada Ed. Matemática, Científica e Ambiental (CECEMCA-UNESP))
INTRODUÇÃO:

A Educação é apontada como elemento crucial na discussão da temática ambiental, com vistas à formação de um sujeito ativo e consciente dos problemas ambientais. No que tange à educação formal, a eficácia dessa ação depende também de um seus principais agentes, o professor. Diferentes estudos realizados - Bizerril e Faria (2001), Segura (2001), Reis Jr (2003) e Benetti (1998) - apontam não haver resistência explícita por parte dos professores no trabalho com essa temática, contudo constatam-se dificuldades em assumi-la como prática pedagógica permanente.

Embora tenha ocorrido uma evolução nas discussões em documentos oficiais que orientam a ação educacional como as Propostas e Parâmetros Curriculares Nacionais e mesmo em legislações, nota-se uma lacuna entre os anseios representados nesses documentos oficiais e legislação sobre educação ambiental e o que de fato se pratica na educação formal.

Pode-se perceber que o movimento de implantação de prioridades sociais, conteúdos e princípios teórico-metodológicos - amparados na Legislação, nas Propostas ou Parâmetros - não tem sido suficientes para transpor essa lacuna, criando até mesmo uma situação em que a concorrência de várias propostas entre si camufla a efetiva ação dos professores diante das questões ambientais.

Destaco neste trabalho a percepção de alunos de um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas - futuros professores - sobre formação e conhecimentos necessários ao trabalho com a temática ambiental.

METODOLOGIA:

Para o desenvolvimento da pesquisa escolhi como sujeitos alunos de um curso de Ciências Biológicas, particularmente aqueles que cursavam a disciplina Prática de Ensino.

A escolha por esse momento do curso de formação ocorreu pelo fato de ser o período no qual os alunos, por meio dos estágios supervisionados, desenvolvem atividades nas escolas, tendo um contato maior com a realidade profissional.

Além do aprendizado dos conhecimentos teóricos disciplinares e das Ciências da Educação, o momento da prática coloca o aluno diante da condição de ser professor, sendo necessário lidar com as variáveis que surgem no dia-a-dia da prática educativa, bem como organizar o desenvolvimento dos conteúdos.

A referida pesquisa esteve baseada nos pressupostos teóricos da pesquisa qualitativa e envolveu diferentes procedimentos na coleta de dados como: aplicação de questionário, observação direta, realização de entrevistas e análise de documentos (planos de ensino e relatórios de estágios supervisionados). Foram acompanhados vinte e três sujeitos durante todo o ano letivo de 2001.

RESULTADOS:

Alguns futuros professores mencionaram que os docentes atualmente em exercício carecem de formação específica para o trabalho com as questões ambientais. Consideraram ainda que, uma vez que não há uma limitação curricular à introdução dessas questões no ensino, o problema maior repousa na falta de conhecimento e na necessidade de aperfeiçoamento.

Da mesma maneira que enxergam carência na formação dos professores em exercício, alguns futuros professores também não se consideraram adequadamente preparados.

Essa dificuldade se reflete até mesmo nas escolhas e nas prioridades de trabalho do conteúdo. Ao se sentir inseguro quanto ao conhecimento específico, o futuro professor pode priorizar o desenvolvimento de certos conteúdos dentro da disciplina:

Ainda que os futuros professores percebam a necessidade de complementar e aprofundar a formação, depositam uma confiança excessiva nos meios de comunicação de massa, e mesmo em congressos acadêmicos. Como tais fontes dificilmente conseguirão suprir as necessidades de conhecimento como apontadas por Shulman (1986) e Gauthier (1998), Carvalho e Gil-Perez (1995) e não havendo nenhuma estrutura universitária estável de formação continuada, percebe-se aí o fechamento do círculo vicioso da formação insuficiente. Carvalho e Gil-Perez (1995) consideram, que os cursos de formação deveriam preparar o docente para adquirir, aprofundar novos conhecimentos e pesquisar suas atividades didáticas.

CONCLUSÕES:

Analisando as atividades de ensino e seu processo de construção, que em algumas oportunidades consegui acompanhar, percebo que não há uma rejeição explícita, por parte dos futuros professores, à inclusão da Temática Ambiental no processo educativo. Nos questionários, aplicados no início do ano letivo, isso aparece de maneira enfática quando todos responderam sobre a necessidade e importância de a escola trabalhar a Temática Ambiental. A inclusão da Temática Ambiental, que poderia ser julgada consensual e óbvia, não aparece dessa forma no contexto da ação docente dos futuros professores. Logo no primeiro grupo de análise, isso é evidente, quando procurei estudar a inclusão ou não dessa temática. A inclusão está sujeita a aspectos pessoais de valorização das questões ambientais. Quando essa afinidade não ocorre, a inclusão está condicionada a outros níveis decisórios, tais como o programa escolar e a formação disciplinar.

Analisando a formação dos docentes e a temática ambiental, parece-me claro que aperfeiçoamentos são possíveis e necessários quanto ao conhecimento explícito oferecido aos futuros professores na graduação. Além disso, há uma necessidade premente de o professor se dedicar, durante sua carreira, ao aperfeiçoamento de seu conhecimento disciplinar, pois existe uma insuficiência intrínseca de tempo em qualquer graduação para tratar de forma completa todo o conhecimento de uma determinada área da cultura.

Instituição de fomento: CAPES
 
Palavras-chave: Formação de Professores; Educação Ambiental; Ensino de Ciências e Biologia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006