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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
GÊNERO, FAMÍLIA E MACHISMO: UMA ANÁLISE SOBRE VIOLÊNCIA FÍSICA-DOMÉSTICA EM BELÉM/PA
Paulo Roberto de Sena Júnior 1
Wangles da Costa Lima 1
Elayne de Nazaré Almeida dos Santos 1
Maria Luzia Miranda Álvares 2
(1. Discentes do Curso de Ciências Sociais / UFPA; 2. Profª. Drª. do Departamento de Ciência Política / CFCH / UFPA)
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa direciona-se no sentido de compreender como o machismo e a instituição social família contribuem para o agravamento da violência física-doméstica contra a mulher em Belém do Pará, ao qual nos revelam como elas foram excluídas e estigmatizadas pelo poder masculino nas relações sociais. Parte da análise e caracterização do tipo de violência citado, tomando como base a definição de que a esfera familiar, considerada como espaço de apoio e proteção dos indivíduos, tem se constituído como espaço de violência contra mulheres. Concomitantemente, observa-se uma educação moralista que caracterizam as relações da sociedade, no que se refere à sexualidade, em geral localizada na figura feminina. O recorte estatístico desta análise parte de uma comparação de índices de violência física-doméstica contra mulheres nos diversos bairros de Belém, identificando os atores sociais envolvidos, a faixa etária, a ocupação, a escolaridade, a raça das agredidas, assim como quais as principais razões que as levaram a denunciar o caso.
METODOLOGIA:
O desenvolvimento deste trabalho partiu da revisão bilbiográfica referente às relações de gênero, mais especificamente, sobre o contexto ao qual se originou o machismo e a influência do universo familiar como forma de contribuição para a propagação das diferenças de poder entre homens e mulheres. Utilizou-se, ainda, dados procedentes de artigos e pesquisas de Heleieth Saffioti, Tereza Verardo, da Rede Feminina de Saúde e Direitos Reprodutivos, Senado Federal (Subsecretaria de Pesquisa e Opinião Pública), Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República, além de estatísticas coletadas na Divisão de Crimes contra a Integridade da Mulher (DCCIM). As categorias de principais de análise consistiram em gênero, na qual se propões analisar as relações entre homens e mulheres sob o viés sócio-cultural; família, como sendo a primeira unidade de socioalização dos indivíduos; machismo, que aprte do exame do contexto social a partir da "superioridade" masculina e, por fim, violência, como forma de imposição de vontade pelo abuso da força. Entre os resultados alcançados, constata-se que a maior parte das vítimas sofreram agressões em casa e por pessoas do seu círculo familiar.
RESULTADOS:
A violência física-doméstica contra mulheres em Belém serve de ilustrativo para a situação social, política, econômica e cultural que atravessa o país. Um dos fatores que contribuem para o aumentos dos casos consiste no nível de escolaridade das denunciantes, visto que 72,43% dis registros da DCCIM são de analfabetas, semi-analfabetas ou que possuem apenas o ensino fundamental. Tal situação é agravada pelo fato de que 61,18% dos casos são denunciados contra companheiros e maridos, ou seja, indivíduos que mantém relação interpessoal afetiva com a vítima. Verificou-se, também, que é comum as mulheres não denunciarem no período inicial das agressões. Elas cessam em falar por sentirem vergonha, ou mesmo serem dependentes financeiramente do agressor e se afrontam em serem julgadas como vítimas de agressões.
CONCLUSÕES:
Sabendo-se mesmo que os índices direcionam para o aumento da participação feminina no mercado de trabalho, na política, na economia, e das lutas dis movimentos feministas, etc, assumindo até mesmo a dupla jornada de trabalho, as mulheres ainda sofrem bastante com as atitudes oprimentes do contexto social, tendo a instituição social família enraizada em uma cultura patriarcal histórica, organizando e definindo as relações entre os gêneros. Os altos índices de violência denunciados e registrados dão contam que a família ainda assume um forte peso nas escolhas cotidianas femininas. Elas demoram a denunciar os maus tratos por conta, principalmente, por medo ou receio de "desestruturar" a unidade familiar.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Gênero; Família; Violência.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006