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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
PROJETOS DIDÁTICOS: ALTERNATIVA; MODISMO ou NECESSIDADE?
Neyde Ciampone de Souza 1
Maria Elizete Saes 2
Guilherme Ciampone Mancini 3
(1. Coordenadoria de Ensino Técnico/ETEPA- CEETEPs; 2. FATEC - AMERICANA/CEETEPS; 3. ETEPA-CEETEPS e UNISAL-CAMPINAS)
INTRODUÇÃO:

O uso da informática na educação foi o ponto de partida para o desenvolvimento de  atividades didáticas, envolvendo as disciplinas da Parte Comum e da Parte Diversificada, do antigo Ensino Integrado, na   ETE Polivalente de Americana.

A partir de 1985  professores da escola,segundo orientações do  NIED/UNICAMP, desenvolveram projetos em Linguagem Logo de programação, juntamente com seus alunos. A escola fez também parceria com a Escola do Futuro da /USP, no período de 1998-2000, ampliando assim as condições para a implementação dos  projetos, que nesse momento já apresentavam características  inter e trans-disciplinares.

Em 2001, quando na grade curricular da escola foi introduzida a disciplina-projeto, já havia professores experientes e com o olhar focado para aspectos relevantes. Sobre o processo de ensino aprendizagem a primeira  questão apresentada é: A disciplina atende  às necessidades e às curiosidades dos estudantes?e a seguir: Alunos e professores conseguem romper os hábitos ligados às práticas  ligadas ao paradigma normativo, construindo uma relação dialógica e uma ampliação da autonomia intelectual e de relacionamentos?.

Nesse trabalho, decorridos cinco anos, são apresentados resumidamente os principais dificultadores e facilitadores apontados por alunos e professores do Ensino Médio durante a implantação  da disciplina Projetos Técnico-Científicos na ETEPA, bem como os resultados referentes às aprendizagens de ambos.
METODOLOGIA:

Durante a pesquisa o grupo se propôs a investigar em que medida os procedimentos pedagógicos adotados nas aulas de projetos estão articulados com a cultura dos sujeitos, possibilitando, ou impedindo, sua participação. Procurou-se averiguar, a partir da análise dos procedimentos adotados para a leitura dos textos, as discussões e as redações dos projetos, até que ponto estes dizem respeito apenas à expressão sendo desprovidas de conteúdo, ‘um som vazio’ como diz Vigotski (2001: 10), ou, carregam significado sendo, portanto, pensamento verbalizado. Fundada no método qualitativo de pesquisa-ação, a investigação não se limitou a observar, coletar, descrever e analisar objetivamente os dados das situações de leitura, mas também, juntamente com os sujeitos envolvidos na pesquisa – professor e alunos - a elaborar, executar e avaliar propostas para a superação das dificuldades referidas. Além da teoria histórico–cultural de Vigotski, a Filosofia da Linguagem e a Teoria da Enunciação de Baktin, Nilson José Machado e Fernando Hernandez deram o suporte teórico inicial sobre metodologia de projetos.

Os dados sobre os aspectos facilitadores e dificultadores, foram obtidos, por alunos e professores, após a leitura de texto de Machado (2000), no livro Educação: Projetos e Valores,  editora Escrituras.

Foram consideradas também as participações de alunos e professores em eventos científicos e culturais durante o período.
RESULTADOS:

1-FACILITADORES/alunos/professores.

-Facilita a tomada de decisões.

-Desperta interesse e curiosidade.

-Permite “fazer” escolhas e assumir responsabilidades.

-Possibilita preparação para o mercado de trabalho/ prosseguimento de estudos.

-Induz a desenvolver propostas de intervenção na realidade.

-Motiva a busca de informações, através de diferentes fontes.

-Aumenta a capacidade para o enfrentamento de problemas.

-Prepara para o exercício da cidadania (ter projetos individuais e coletivos)

 

2-COMPLICADORES

2.1 professores

-Formação acadêmica de linha conteudista.

-Dificuldade para a definição, dialogada, de critérios para avaliação.

-Insegurança com relação às ciências que não são de sua área de formação.

-Indisponibilidade de tempo para discussões mais aprofundadas.

-Pouca prática na utilização da metodologia científica.

-Desconhecimento sobre métodos de investigação científica.

-Diálogos conflituosos com alunos.

 

2.2  alunos

-Experiência escolar anterior normativa.

-Preocupação excessiva com conteúdo.

-Dificuldades para selecionar problemas a serem investigados.

-Convivência com pais e professores que superestimam a linha normativa.

-Dificuldades de organização.

-Dúvidas e insegurança no início do trabalho.

-Preocupação com vestibular.

 

3-SOCIALIZAÇÃO DOS CONHECIMENTOS

-Trabalhos pesquisa ano/aluno(média): 60

-Trabalhos pesquisa professores  ano /média 2

-Trabalhos em Congressos professores /ano média: 2

-Trabalhos em Feira alunos/ano/média :10

CONCLUSÕES:

Verifica-se que durante o desenvolvimento de projetos, os conhecimentos e as habilidades adquiridas permitem um maior conhecimento sobre a realidade, e que talvez acelerem o envolvimento dos autores com a solução dos problemas da coletividade, otimizando, dessa maneira, as ações sociais colaborativas, ainda que esse não tenha sido o foco inicial do projeto. É o caso  de projeto de estudantes, com foco inicial em biologia e cujo produto final foi um livro escrito em linguagem infantil; um outro grupo  ao investigar as razões pelas quais as mulheres não trocavam os pneus de seus veículos desenvolveram um macaco hidráulico alimentado pelo acendedor do carro.

A participação em Encontros tem tido papel relevante, tanto para alunos como para professores. Nesses cinco anos, a escola participou com apresentação de trabalhos em eventos na USP, Unicamp, Unesp e Universidade de Coimbra. Os alunos, na FEBRACE, receberam, um total de 34 prêmios, sendo um deles o Intel ISF.

Na realidade, o trabalho com projetos não teve o foco assestado  para  Feiras ou Congressos. Os esforços sempre foram voltados para a pesquisa,  para  a afinação dos diferentes modos de ver a realidade e de entrelaçar os conteúdos, usando-se para isso de diferentes  habilidades. O caminho para a busca do conhecimento parece ter sido encontrado, no entanto é necessário atentar para o fato de que bons resultados, sem sabedoria, podem ocasionar desvios de rotas.
 
Palavras-chave: Projetos; Socialização dos conhecimentos; Autonomia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006