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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
SEXUALIDADE NA ESCOLA: DESAFIO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Luana Menezes Moreira 1, 2
Talita Teixeira Pereira 1
(1. Universidade do Estado do Pará/UEPA; 2. Universidade Federal do Pará/UFPA)
INTRODUÇÃO:
A sexualidade na formação bio-psico-social do ser humano é desenvolvida assim como a sua inteligência, aos poucos vai sendo estimulada desde os primeiros meses de vida. No entanto, é muitas vezes reprimida na infância e adolescência. Os problemas relacionados à expressão da sexualidade são mais percebidos quando chega a fase da puberdade, em que os adolescentes passam a descobrir as atrações e as fantasias sexuais. Sabe-se que a discussão da sexualidade ainda não é realizada com muita facilidade no ambiente familiar, fazendo com que muitos adolescentes busquem orientação em revistas, na televisão ou com os amigos, deixando-os desorientados. É nesse momento que a orientação sexual na escola deveria ser mais atuante e buscar esclarecer assuntos como desenvolvimento do corpo, menstruação, sexo, sexo-seguro, gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis - DST e tantos outros que não podem deixar de ser abordados durante a adolescência. Através das atividades desenvolvidas no Grupo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – GECAPS da Universidade do estado do Pará - UEPA, realizadas no ano de 2004, tivemos a oportunidade de pesquisar sobre assuntos relacionados à sexualidade de forma dinâmica, para que houvesse uma maior interação entre o adolescente e os temas ministrados, proporcionando uma discussão e reflexão sobre os diversos pontos levantados.
METODOLOGIA:
Tendo como sujeitos da pesquisa 40 adolescentes de escolas públicas de bairros periféricos, na cidade de Belém/Pa, a pesquisa de caráter qualitativo foi dividida em quatro momentos: pesquisa bibliográfica; caracterização da realidade dos adolescentes atendidos; oficina; análise de dados. No primeiro momento levantamos dados bibliográficos referentes à educação sexual para adolescentes. Posteriormente investigamos a realidade escolar dos participantes das oficinas e notamos a real carência em se tratar sobre a temática da sexualidade. A oficina foi um dos principais momentos de nossa atividade, pois, a partir dela, coletamos os dados referentes ao conhecimento dos adolescentes sobre sexualidade. Tal atividade foi dividida em três momentos os quais caracterizamos de atividade de acolhida, atividade de conhecimento específico e atividade de despedida. Foram realizadas quatro dinâmicas trabalhando a sexualidade e ao mesmo tempo identificado as carências apresentadas por eles. O grupo se expressou de diversas maneiras: debates, perguntas, desenhos e textos, Através de uma ultima conversa e uma ficha de avaliação, deu-se o encerramento da atividade, que possibilitou, realmente, um diálogo entre nós e os adolescentes, favorecendo assim a análise dos dados.
RESULTADOS:
Dentro da oficina, tivemos relatos de adolescentes que estavam com a auto-estima muito baixa devido se acharem diferentes dos outros e constatamos, com o final da pesquisa, que basta um pouco de esclarecimento para que as situações que constrangem o adolescente sejam superadas. O relato seguinte foi de uma adolescente de 12 anos na oficina desenvolvida: “Não gosto das minhas pernas porque elas são muito finas!”. Ao término da oficina, na ficha de avaliação dos adolescentes, sem identificação, encontramos a seguinte declaração: “Eu aprendi que a gente não deve ter vergonha de nós e do nosso corpo. Aprendi bastante, elas foram bastante compreensivas e foi legal”. Este é apenas um dentre os relatos que obtivemos e que nos fez perceber mais uma vez que a escola deve ter um papel fundamental na orientação sexual, seja ela como tema transversal ou disciplina e não apenas com adolescentes, mas a partir da pré-escola, complementando o papel da família e da sociedade. Todavia, muitas escolas menosprezam a importância do assunto ou ainda não permitem que temas no contexto da sexualidade sejam levados e discutidos em sala de aula. Sendo assim, faz-se necessário que os profissionais da educação sejam facilitadores e estejam aptos a dar certos esclarecimentos, para que os adolescentes não considerem a escola como mais uma barreira que reprima sua sexualidade.
CONCLUSÕES:
Conversar sobre sexualidade com os adolescentes sempre foi um problema enfrentado pela sociedade, pois, muitas vezes, geram constrangimento. Como educadoras e cidadãs, esta pesquisa nos possibilitou perceber como se deve trabalhar com os adolescentes, crianças ou mesmo adultos a sexualidade, tendo como fundamental o respeito à suas idéias e questionamentos para que cada um seja valorizado como ser humano e ser social. Pudemos assim propor estratégias para que se tenha dentro da escola um diálogo mais aberto em relação à sexualidade e que possibilite uma maior interação com a família e sociedade. No entanto, a orientação em relação à sexualidade não é papel apenas dos educadores, é também papel fundamental dos pais e, portanto, sua responsabilidade não pode ser totalmente transmitida à escola, cabendo a cada família, por mais que seja difícil, abrir espaço para o diálogo sobre a sexualidade.
Instituição de fomento: Universidade do Estado do Pará/UEPA
 
Palavras-chave: Sexualidade; Adolescentes; Escola.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006