IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
O PENSAMENTO MEDITATIVO E CALCULADOR NO APRENDER DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA AGROTÉCNICA
Rita de Cássia Pereira Borges 1, 2
(1. Escola Agrotécnica Federal de Cáceres-MT/ EAFC-MT; 2. Aluna regular do Programa de Pós-Graduação em Educação da FE/USP)
INTRODUÇÃO:
A reflexão que aqui apresentamos teve origem na vivência como professora de física e na preocupação em compreender o vivido no processo de ensino e aprendizagem na Escola Agrotécnica Federal de Cáceres-EAFC. Algumas situações que se apresentaram nessa vivência como: o fato dos estudantes mostrarem-se resistentes ao esforço pessoal no sentido de aprender e receptivos a memorização ou o fato de mostrarem-se no convívio em sala de aula, altamente resistentes a discussões, a apresentar seu ponto de vista, a expor suas idéias, a argumentar, nos levavam a tentativa de fazer algo para compreender essas situações vividas. Assim investigamos o significado de aprender para os alunos e as relações entre esse significado e sua aprendizagem, com a intenção de buscar nas concepções desveladas um sentido às situações vividas.
METODOLOGIA:
A busca dos significados relevantes para os alunos sobre o seu processo de aprender foi realizada através da pesquisa qualitativa, na modalidade fenomenológica. Os alunos, foram acompanhamos em um suposto processo de aprendizagem, como um procedimento inicial de pesquisa e num segundo momento, utilizamos entrevistas. Com o objetivo de se desvelar o fenômeno investigado, buscou-se sua estrutura nos discursos, nas descrições coletadas, possibilitando-se assim o acesso ao vivido. Os indicativos de como o sujeito percebe o fenômeno foi se revelando à medida que as descrições foram analisadas e considerando um processo de reflexão.
RESULTADOS:
As convergências a que chegamos indicaram um significado de aprender entendido como saber que se traduz em: saber falar, explicar e como entender. O sentido de aprender entendido como saber leva a um domínio de algo por parte de quem aprende. Conseguir falar e explicar o que se aprendeu é um objetivo a ser alcançado pelos estudantes. O que se busca, nesse caso é dar conta de falar sobre os conteúdos. Falar e explicar indica para o aluno, que houve aprendizagem e facilita o aprender. Utilizar as palavras próprias garante, segundo os estudantes, que houve aprendizagem a respeito do assunto sobre o qual se fala. No “saber falar”, pode não estar incluído a “compreensão” do que se fala. Quando falamos sobre (descrevemos, relatamos ou até ouvimos) muito é descoberto, no entanto, podemos não nos envolver com o que se fala ou ouve, nenhum pensamento sobre pode ser exigido e então, falar sobre, não garante que se pense sobre.. Entender é outro sentido dado ao aprender. Esse sentido nos mostra um outro tipo de pensamento, o meditativo. O meditar envolve, reflexão e metacognição. O conhecimento, o que se aprende, tem importância para os estudantes, mas essa importância gira em torno do que é aplicável, do que pode ser utilizado, do que pode servir-lhe, não requisitando para isso argumentar, discutir, expor seu ponto de vista, ouvir o do outro e reformular suas idéias.
CONCLUSÕES:
Explicar, para os alunos significa saber falar, porém é possível explicar sem que haja compreensão do que se explica p.ex. fenômenos físicos que foram explicados a partir de ferramentas, como o mecanicismo, sem, entretanto haver uma verdadeira compreensão. Aprende-se porque se tem a compreensão da lógica do que se faz. O pensamento calculador é indispensável já que tem permitido o desenvolvimento de complexas e abrangentes pesquisas em diversas áreas do conhecimento. É característico de todo pensamento que planeja e investiga. Permanece calculador mesmo não trabalhando com números, computa novas possibilidades, vai de um processo para outro, nunca pára, nunca se recolhe, não contempla o significado das coisas, mas é necessário para realizar negócios práticos, já que é dinâmico e por isso tem valor na sociedade contemporânea. Outro tipo de pensamento é o meditativo, que se encontra flutuando, de modo inadvertido, acima da realidade. Não se presta para tratar de assuntos correntes, não serve para realizar negócios práticos, está acima do alcance da compreensão comum e, portanto ai está um motivo do homem contemporâneo e mais especificamente dos alunos, dele não se utilizar. Considerando esses conhecimentos entende-se que o estudante é impelido inconsciente, ou até conscientemente, a buscar o calculador que responde as suas necessidades imediatas.
 
Palavras-chave: significado de aprender; pensamento calculado; pensamento meditativo.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006