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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural

RELAÇOES COMUNITÁRIAS EM ASSOCIAÇÕES RURAIS NA AMAZONIA ORIENTAL.

Lícia Tatiana azevedo do Nascimento. 1
(1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ/UFPA)
INTRODUÇÃO:

Este trabalho está inserido no projeto “EPAR - Estudo sobre participação política em associações rurais na Amazônia Oriental”, e tem por intuito analisar a existência de relações comunitárias entre os membros das associações rurais, especificamente, em duas comunidades do município de Bragança. Entende-se por relações comunitárias as relações existentes entre os indivíduos, em grupos sociais, em meio às atividades sociais e produtivas, na busca por melhorias de vida.Parte-se da compreensão de que os laços familiares e de vizinhança são os traços mais presentes entre as pessoas do campo que, geralmente, não possuem as redes sociais de comunicação desenvolvidas tecnologicamente, como acontece entre as associações e comunidades urbanas. O que não impede a manifestação da capacidade de reagir a condições adversas e atuar por melhores condições de vida através de relações comunitárias - de confiança mútua, de transparência – que são reforçadas no interior das associações. Para Tönnies a idéia de comunidade inclui um sentimento muito forte de compromisso mútuo, baseado em uma cultura homogênea, experiência em comum e acentuada experiência (CHAVES, 2005).As observações de campo referem-se ao município de Bragança, onde, historicamente, foi constatada “(...) a organização de importantes formas associativas(..) em relação a agricultura familiar(..) pela igreja católica com a Ordem dos Barnabitas(...)”(CONCEIÇAO,2002), além da antiga ocupação que se beneficiou da migração nordestina.

METODOLOGIA:

O estudo iniciou em Belém com visitas a instituições como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER-, a Federação de Trabalhadores Rurais do Estado – FETAGRI-, Banco da Amazônia - BASA, com as quais geralmente as associações rurais possuem alguma relação, no intuito de conseguir um levantamento das associações. Também foi possível, através destas instituições, encontrar dados primários (número de associações no município, ano de fundação, nome dos presidentes) sobre as associações. Posteriormente, confrontou-se com dados levantados na visita a campo realizada no município de Bragança, juntamente, com a equipe do projeto EPAR. A visita a campo buscou, através de entrevistas gravadas e aplicação de formulário junto aos presidentes e/ou membros da diretoria da Associação de Produtores de Taperaçú-Campo e da Associação dos Ruralistas e Pescadores da Vila do Castelo, informações do tipo: objetivos da criação da associação, composição da primeira e/ ou atual diretoria, as conquistas e as dificuldades, ou seja, informações que possibilite analisar as possíveis relações comunitárias, nas associações rurais deste município.

RESULTADOS:

Verificou-se que a Associação da Comunidade de Taperaçú-Campo, fundada em 1993, tinha por finalidade conseguir recursos do BASA, através do FNO-Fundo Constitucional Norte, para melhorar a produtividade dos agricultores, através de um projeto que não teve em sua elaboração a participação dos associados. O primeiro presidente da associação é o seu atual presidente, demonstrando pouca rotatividade no cargo de presidente; do mesmo modo seu irmão permanece no cargo de tesoureiro da associação. A diretoria é ativa e todos os membros da associação participam do trabalho em mutirão no terreno da associação, durante o plantio de feijão, ação que também acontece nos terrenos dos sócios, algo que antes da associação não existia.No caso da Associação dos Ruralistas e Pescadores da Vila do Castelo, fundada em 1989, teve como objetivo o crescimento da comunidade, financiamento para o plantio de agricultura, para a pesca e para a fundação do clube de mães, mas ficou apenas “no papel” até o ano de 1998 quando ela voltou a ativa, por ocasião do financiamento disponibilizado pelo BASA para obtenção de barcos. Ocorreu que três sócios venderam os barcos conquistados através da associação, causando problemas para a mesma, uma vez que ela é a avalista dos sócios. O episódio da formação de um fundo para a associação é um fato curioso, uma vez que os sócios concordaram em pagar em dinheiro, porém depois desconfiaram da diretoria, insinuando que a mesma estava ficando com o dinheiro para si própria.

CONCLUSÕES:

Ainda em fase de pesquisa de campo, este trabalho tem mostrado que o município de Bragança, mesmo sendo, historicamente, influenciado por importantes formas associativas e de reprodução social, tem evidenciado diferentes formas de relações, em suas associações. Pois, uma delas apresenta um quadro relativamente favorável. Embora fundada sem a participação ativa dos associados, a diretoria é bem ativa e todos os membros da associação participam do trabalho coletivo na forma de mutirão. A outra, fundada em 1989, ao contrário, apresenta um quadro inquietante, não apresentando união e sim individualismo e desconfiança, mesmo se apoiando em relações comunitárias.

Instituição de fomento: PIBIC-UFPA
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: associações rurais; relações comunitárias; comunidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006