Projeto desenvolvido no segundo semestre de 2005, com docentes e professores do Ensino Fundamental, das Escolas Municipais José Múcio Monteiro, Unidade de Tecnologia na Educação e Cidadania Cristiano Donato e Unidade de Tecnologia na Educação e Cidadania IBURA. Esta experiência surgiu da necessidade de desenvolver o hábito da leitura, escrita e produção de texto, bem como integrar as diversas mídias na educação, TV, Vídeo, Informática, Rádio etc. de forma contextualiza. Percebemos que a cultura popular vem sendo pouco discutida em sala de aula, dando lugar a cultura de massificação. Nosso objetivo foi excursionar pelo cotidiano escolar a fim de investigar as percepções dos sujeitos sobre cultura popular, resgatar os valores relacionados ao tema, estimulando a pesquisa, escrita, leitura e produção de textos.

Entende-se que a democratização e inclusão das tecnologias no fazer pedagógico favorecem a situações significativas de aprendizagem, contribuindo para melhoria do ensino.

Como afirma Carlos Brandão “educar é fazer perguntas, ensinar é criar pessoas que a inteligência venha a ser medida mais pelas dúvidas mal formuladas que pelas certezas bem repetidas”.

Ao ingressar na escola o aluno trás consigo conceitos sobre si mesmo e sobre o mundo que o cerca, cabendo a escola valorizar este conhecimento, enfatizando o diálogo e a troca. É a prática da democracia e a valorização dos diversos saberes que contribuirá para a formação de sujeitos, críticos, solidários e ativos.

A nossa experiência teve como parâmetro a Linha Sócio Construtivista, cujo princípio é o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem como resultado da aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Os conceitos são formados a partir das relações entre o pensamento e linguagem mediados pela cultura.

Segundo VYGOTSKY “A cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a interpretação do mundo real”.

Para Levi-Strauss “Não existe cultura inferior ou nobre, entretanto cada cultura pode e deve aplicar este julgamento às suas próprias atividades, por que seus membros são simultaneamente atores e observadores”.

Utilizamos questionários, materiais impressos, esculturas do Mestre Vitalino, realizamos rodas de conversa, entrevistas com moradores antigos do bairro, realizamos aula passeio, entrevista com grupos folclóricos comunitários e associação de moradores.

Utilizamos TV e Vídeo, visando à ampliação de conteúdos numa linguagem diferente integrando-os com outros recursos como o computador, o rádio etc.

Realizamos pesquisa na Internet, troca de e-mail. Uso dos aplicativos do Word - Editores de Texto e Imagem, Paint e do Front Page.
Construímos vários murais didáticos com o intuito expor/socializar as aprendizagens e os  limites detectados no decorrer do projeto.

A nossa experiência gerou a discussão, a pesquisa, o estudo, novas reflexões bem como contribuiu com a formação de atitudes significativas por parte dos docentes e alunos envolvidos.
Relaciono abaixo as competências e habilidades desenvolvidas a partir da vivência do projeto.

• Discussão coletiva sobre as percepções de educadores e alunos acerca da cultura popular;
• Utilização dos recursos das tecnologias da informação e comunicação para pesquisa, estudo, interação e intercâmbio;
• Socialização e apropriação de novos saberes;
• Integração da escola com a comunidade;
• Interação entre professores de diferentes contextos/comunidades;
• Criação de uma rede colaborativa de aprendizagem;
• Valorização da cultura local;
• Socialização e integração entre movimentos culturais da comunidade;
• A formação de novas competências no que concerne a escrita, a leitura e a produção de textos;
• A democratização dos recursos da tecnologia no contexto da escola pública – verificamos que cerca de 90% dos alunos participantes do projeto, só tinha acesso ao computador na escola;
• A inserção de novas mídias no cotidiano escolar;
• A instrumentalização de aplicativos Word, Internet, FrontPage, Paint etc;
• Intercâmbio entre classes;
• Produção de Home Page – A partir do momento em que publicamos uma página estamos disponibilizando os saberes construídos para outras pessoas, outras culturas, realidades diferentes públicos diferenciados, além da valorização das produções dos alunos.

Tivemos como parâmetro a avaliação diagnóstica, valorizando o conhecimento inicial dos alunos, a colaboração, o envolvimento, a integração a promoção coletiva e individual, as competências e habilidades desencadeadas a partir do início do projeto. Consideramos o conhecimento como um processo aberto, inacabado e provisório, propiciando o desenvolvimento da inteligência levando a um processo de construção contínua, colocando o pensamento a serviço da ação. Sendo assim, o ensino deve se basear na pesquisa, na investigação, na solução de problemas pelo aluno, valorizando muito mais o processo do que o produto final.

Cerca de 70% dos alunos relacionaram a cultura popular com manifestações folclóricas como maracatu, frevo, caboclinhos etc. Quando se trata do papel das tecnologias da informação e comunicação no processo de valorização, disseminação das práticas que envolvem a cultura popular, a grande maioria acredita que a Internet pode contribuir com a ampliação de novos conhecimentos, sobretudo no que concerne ao uso da pesquisa. Poucos alunos e professores apresentaram inicialmente, percepção mais ampla sobre as possibilidades pedagógicas da Internet como a produção, a criação e interação.

Esperamos que o uso da TV, Vídeo, Rádio, e Informática possam favorecer o desenvolvimento de práticas docentes estimuladoras de aprendizagens significativas, contribuindo para a incorporação das novas tecnologias no cotidiano das redes públicas de ensino, visando a emancipação e a inclusão.